EPÍLOGO
3 ANOS DEPOIS...
Andava pelo campus enquanto sentia o Sol forte bater em minha cabeça, pretendia voltar rápido para o meu quarto, mas já estava arrependida de não ter pegado meu boné ou meus óculos escuros... Ou o meu fone de ouvido! Ficava frustrada ao ouvir os burburinhos das conversas ao redor. Sabia que na maior parte do tempo estava errada, mesmo assim, às vezes parecia que todos os olhos estavam voltados para mim, a menina "louca" prestes a surtar.
Continuei com meus passos apressados, encarando a ponta encardida do meu all star preto cano alto, sentia uma gota de suor escorrer pelas minhas contas, o sol fazia meus ombros meio expostos por causa da regata queimarem. Ouvi risadinhas vindas de algum lugar próximo, levantei a cabeça e percebi três pares de olhos voltados para mim, um grupo de dois meninos e uma menina variavam entre cochichos e olhadas de canto, os reconheci da minha aula de fotografia, já tinha cansado de ouvir seus comentários sobre minha aparência ou meu jeito... Ou sobre qualquer uma das centenas de episódios que tive aqui.
Sentindo minha respiração acelerar, decidi de repente cortar o caminho, ao invés de seguir o labirinto de pedras até o refeitório, circundando alguns prédios, andei pela grama, ignorando completamente a geografia daquele jardim, não fazia diferença alguma, só queria distância daquelas pessoas e os gramados costumavam ficar sempre vazios. Andei e andei pela grama, mas o refeitório simplesmente não aparecia nunca.
- Droga! – Murmurei, emburrada.
Avistei ao longe uma fonte que tinha certeza que era do prédio de engenharia, porque James vivia me trazendo até aqui, apesar dele ter mudado o curso e ter um profundo ranço do que costuma estudar, ele amava ficar sentado nessa fonte. Tinha uma estátua meio grega, segurando um vaso do qual caía a água no que parecia uma piscina infantil de mármore branco, não entendia tanto de Arte e para mim aquilo não passava de um monte de pedra no meio da grama. Entretanto, sempre aceitava ir até ali estudar com ele por causa da árvore gigante que tinha ao lado, era dessas que parecia existir só em foto, com as raízes gigantes para fora, a copa extremamente verde fazendo uma sombra imensa no chão. Além disso, raramente as pessoas passavam por ali, não era caminho para nada e, mesmo que você fosse um viciado em fotos como eu, raramente os alunos se dedicavam a achar o extraordinário daquele lugar.
Apesar disso tudo e desse ser um dos poucos lugares em que gostava de ficar, me sentei naquela fonte e puxei o celular, estava completamente perdida naquele campus. Não tinha ideia de como tinha chego ali, não fui pelo meu caminho usual, aqueles prédios pareciam todos iguais. Eu deveria estar o mais longe possível do refeitório e não tinha ideia de como aquilo tinha acontecido. Já estava no terceiro ano e ainda me perdia ali.
- É porque você nunca sai do seu quarto! – Jem me provocava sempre que eu reclamava.
- Saiu sim! Todos os dias! Para ir em todas as aulas, a biblioteca, ao refeitório e a psicóloga.
- Meu orgulho! – Ele falou e apertou minha bochecha.
- AH! Para com isso! Eu estou tentando parecer legal aqui!!!
- ATA! Boa sorte!
Respirei fundo e puxei a foto do mapa daquele lugar no celular. Tinha conseguido aquilo no meu primeiro dia e me envergonhava um pouco de ainda precisar usar, mas fazer o que. Tentei dar zoom na tela, mas então meu celular escolheu ter vida própria e mudou de foto, virando a tela na horizontal logo em seguida.
- Não! Seu celular inútil!
Cliquei em várias coisas ao mesmo tempo, tentando controlá-lo, mas me perdendo em minha raiva. De repente, a tela finalmente parou, mostrando uma foto antiga do rolo da câmera. Em minhas mãos, naquele pequeno retângulo luminoso, uma menina ruiva sorria para mim, Tessa. Passei o dedo, puxando as fotos do lado, algumas delas eu tinha tirado sem ela perceber, o que deixou a foto espontânea e mais incrível ainda.
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A Anatomia do Cacto
RomanceEm algum cemitério da capital de São Paulo, uma menina despede-se pela última vez de sua melhor amiga, o amor de sua vida. Seu coração está quebrado, vazio. A culpa a consome. Izzy não sabe o que fazer, para onde ir, de repente ela está completament...