- Isabelle! O que foi que aconteceu?! – Tessa parecia em pânico enquanto ficava me olhando de cima a baixo, procurando por todos os ferimentos. – Ah, mas aqueles garotos vão ver... Vou levar isso para a coordenação agora mesmo e...
- NÃO! – A interrompi, era difícil manter o foco com aquela dor aguda vindo do meu corpo todo, mas eu ainda precisava sumir dali o quanto antes.
- Como assim "não"?! – Tessa estava completamente sem paciência e levemente fora de si.
- Talvez eles sejam suspensos... – Parei para respirar fundo. – Mas eu serei expulsa... – Respirei fundo mais uma vez, tentando fortemente lidar com a dor. – Foi culpa minha, eu vim até aqui, eu dei o primeiro soco...
Assisti enquanto o rosto de Tessa mudava de preocupação para a raiva:
- O que foi que você fez, Isabelle? – Ela aparentava estar profundamente decepcionada comigo e isso, junto com minha cabeça latejando, minha mão dolorida e minha costela fazendo meu corpo todo doer, fazia eu me sentir a pior pessoa do mundo. Eu precisava sumir dali, mas cogitava só ficar largada naquele chão, até aparecer alguém para me expulsar e acabar com tudo isso de vez.
Não tinha respostas para Tessa, mal sabia como ela tinha me achado ali, mas precisava ir. Não esperava que ela fizesse nada por mim, eu tinha sido horrível com ela nas últimas semanas, por isso, sem falar nada, apenas me apoiei em uma parede próxima e tentei levantar.
Assim que endireitei o corpo, senti uma pontada de dor em minha costela, enquanto minha visão escurecia e eu soltava um grito de dor. Voltei para o chão e encarei Tessa que assistia a tudo aquilo em silêncio.
- Eu preciso sair daqui... – Falei estupidamente. – Não posso ser expulsa.
Tess continuou me encarando em silêncio, mas pude perceber um lampejo daquela preocupação em seus olhos cinza. Pensei em como eu estaria se fosse a situação invertida e Tessa estivesse caída no chão depois de se dar mal em uma briga que ela mesma provocou, eu estaria furiosa com ela, mas também não me aguentaria de desespero. De repente, sem aviso prévio, ela simplesmente se aproximou e passou meu braço por cima de seu ombro, me levantando logo em seguida.
- Ai... – Soltei involuntariamente.
Tessa praticamente me arrastou para longe daquele lugar, parando apenas par pegar minha mochila.
- Meu carro não está tão longe daqui e tenho quase certeza que ninguém irá nos ver até lá... – Ela falou de forma séria.
- Obrigada...
Tessa me ajudou a entrar em seu carro e saímos dali o mais rápido possível. Seguimos em silêncio por um tempo, até Tess dizer:
- Vou te levar ao hospital
- NÃO!
- SIM!
- Eu pulo desse carro em movimento agora mesmo! – Ameacei com a mão na trava da porta.
- Não estou brincando, Isabelle. – Tessa estava furiosa.
- Eu também não estou! – Falei em desespero, porque realmente não estava, mas esperava não precisar chegar a esse ponto. – A escola já ligou para a minha mãe essa semana, se ela receber uma ligação do hospital também, eu estarei oficialmente morta. Ou melhor, ela não me mataria, ela me manteria viva para poder me torturar pelo resto da minha vida!
Por um segundo, Tess tirou os olhos da rua para me encarar e logo em seguida voltou a prestar atenção no trânsito. Ela bufou alto e por fim disse:
- Tudo bem, mas você vai para a minha casa, não vou te largar em qualquer lugar sem antes dar uma olhada nisso.
Por mais que preferisse apenas ir para casa e me virar sozinha com tudo isso, tive que aceitar, afinal, se não fosse por ela, eu ainda estaria me arrastando naquele chão de cimento da escola. Ficamos em silêncio então até chegarmos em seu apartamento, Tessa precisando me ajudar e praticamente me carregar até lá.
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A Anatomia do Cacto
RomanceEm algum cemitério da capital de São Paulo, uma menina despede-se pela última vez de sua melhor amiga, o amor de sua vida. Seu coração está quebrado, vazio. A culpa a consome. Izzy não sabe o que fazer, para onde ir, de repente ela está completament...