Capítulo 1

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Ainda no celeiro, pego uma bacia com água e um pano limpo. O homem apagou de verdade, não acordou em nenhum momento. Desde que chegamos ou até quando tirei as caixas do carro e levei para a cozinha. Subo na capota e sento ao seu lado, coloco a bacia e os panos ao meu lado também. Com cuidado corto a camisa dele, de baixo para cima no meio e na manga também, deixo os tecidos caírem no chão. Vejo o corte e algumas escoriações, limpo com cuidado e logo seu rosto também. Está bem fundo e acho que eu não posso de fato tratar isso, ele tem de ir para um hospital, mas não sei se sabem tratar cortes feitos por dragões. Isso é muito insano.

Qualquer um me chamaria de maluca por ajudar ele, mas eu senti que precisava, que era o certo. Eu nunca fui tão imprudente assim. Sempre certa e nunca impulsiva, mas para tudo tem uma primeira e também última vez.

Após um bom tempo, termino de limpar e enfaixar seus machucados. Viro ele para ficar com a cabeça para a descida, logo desço também e coloco o braço preso ao redor de seus ombros e o puxo devagar, mesmo assim o pé dele bate com tudo no chão, isso deve ter doído, depois que ja esta no chão o arrasto até perto da porta do meu quarto. Abro a mesma e o arrasto para dentro, deitando ele em um colchão no chão. Tiro seu sapato e percebo que o pé dele esta meio torto, parece quebrado, mas isso é algo que eu não sei tratar. Visto uma camisa que era de meu pai nele e coloco uma toalha molhada em sua testa, devido a febre que está.

Volto ao celeiro e olho a capota novamente, vejo que está tudo limpo, exceto a lona. Puxo ela e jogo em um canto, entro no carro e levo para a garagem. Estou cansada e queria dormir, mas parece que o trabalho nunca acaba. Pego a mochila dele, tranco o carro e volto para meu quarto. Tranco a porta e abro a mochila, preciso saber quem ele é. Descubro em seus documentos que se chama Aaron Mitchel, vejo também muitas armas, adagas sem fim, facas, uma arma com bastante munição de prata. Não sei quem ele é, mas não me parece ser gente do bem e se foi mesmo atacado pelo dragão, pode ser um desses caçadores sinistros. Pego a espingarda que era do meu pai, uma muda de roupa e entro para o banheiro. Após tomar um banho rápido e me vestir, saio apontando a espingarda.

Preciso me proteger, pois não sei a indole desse indivíduo. Passo por cima dele e subo na cama, encosto na parede e aponto a arma para a direção que esta o colchão. Mais uma noite acordada não vai me fazer mal. Encaro a parede a minha frente e faço de tudo para não dormir. Eu vou resistir.

Sinto meu corpo ser jogado deitado e acordo assustada, não grito pois seguram minha boca e sinto uma lâmina em meu pescoço. Fico desesperada e meus olhos se manisfestam. Minha mente começa a me acusar - Isso que dá trazer estranhos para casa. - Burra.

- Quem é você? - A voz irada pergunta e encaro seus olhos mais azuis que da primeira vez que vi - Eu vou te soltar, mas se gritar. Ja sabe - Coloca faca em minha visão e assinto. Ele tira a mão da minha boca.

- Socorro - Grito e tento me levantar empurrando ele, porém ele nem se mexe e logo me joga com brutalidade na cama novamente, mas ele não estava machucado? Coloca o peso sobre mim e encosta a lamina em minha bochecha.

- Odeio quando não me obedecem - Diz apertando mais a pressão na minha boca. Qual o meu problema? Faço exatamente o que o cara pediu para não fazer. Ele respira fundo e logo começa a olhar pelo quarto, choro baixo devido ao desespero - Por que me ajudou? Quem te mandou? Foi o Clark? - Parece pensar - Não, ele não faria isso. Ele mandaria alguém vir terminar de me matar pela incompetência - Termina de falar e geme de dor, se encolhendo. Agora sim parece alguém machucado - O que você é? - Ele pergunta e se inclina, puxando o ar próximo a meu pescoço e fazendo com que me arrepie na hora - Você não fede como os humanos e muito menos como os monstros - Fico sem entender sua linha de raciocínio - Espera - Fala e passa a lâmina da faca em minha bochecha, fazendo eu me contorcer embaixo dele e dar um grito abafado por suas mãos. Uns minutos se passam e ele fica encarando o machucado, sem expressão alguma.
Ele começa a ficar impaciente e eu nervosa. Eu só queria ajudar ele e agora ele vai me matar - Você não se cura - Diz pensativo e entendo o motivo.

Quinze minutos para meia-noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora