Capítulo 47

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Uma semana depois

Uma semana se passou desde o ocorrido com a fadinha e apesar de sentir que está tudo bem com ela, essa foi definitivamente o pior intervalo de tempo que já passei. Dolores fez de tudo para encontrar ela com alguma magia, mas é como se tivesse sumido do mapa e Aria se esforçou bastante para recuperar o celular. Apesar do baque que ele possivelmente tomou, pela tela quebrada. Ela conseguiu dar um jeito de ligar ele e fez uns treco lá pelo notebook, que mesmo me explicando, eu não entendi nada e acabou descobrindo onde ela esteve.

O choque foi quando descobri que minha namorada mentiu para mim. Lembro como se fosse hoje, dela recebendo uma mensagem logo depois que cheguei a biblioteca, ao qual disse ser de operada. Não desconfiei, pois não imaginei que ela mentiria para mim, mas ao descobrir que a mensagem foi do advogado da causa dela, da madrasta, herança e essas coisas. Foi um tanto tenso. Por que ela mentiu? Não queria dizer algo como ela foi burra indo sozinha, como não posso dizer que eles tem culpa disso.

Fui até o advogado dias atrás e ele me disse que ela foi embora após a madrasta iniciar uma discussão, e desde então ele não a viu mais. Ainda ficou aparentemente preocupado e me pediu para o deixar informado, caso ela reapareça. Já a madrasta, que eu realmente achei ter algo a ver com isso, se mostrou 'inocente'. Um álibi perfeito.

O advogado comentou que após a Ella ir embora, Clarisse Tremeinne se levantou e foi para a empresa, que é próximo ao escritório dele. Pensamos que poderia ser mentiria, até na esperança de descobrir que ela na verdade, esse tempo todo era o dragão, mas simplesmente nossas teorias se desfizeram. Aria conseguiu invadir as câmeras de segurança da empresa e conseguimos ver a mulher entrar em seu escritório, bem antes da Ella me ligar e só sair tarde da noite. Bem depois que todos os funcionários, ou seja, não poderia ser ela. Porém estamos trabalhando com a teoria de que a mulher que vira dragão possa ser algum tipo de mercenária, como a loba que o Theo persegue. Pois isso explicaria o motivo dela ter sido atacada. Sua madrasta teria pago os serviços do grande monstro. Ou a madrasta é mesmo o dragão e acabou fazendo algo para que não tenhamos porque desconfiar. Mas não posso afirmar nenhuma das opções.

Mas as vezes eu simplesmente paro e penso, que talvez eu esteja apenas querendo arrumar algum motivo para que a culpa não seja somente minha. Tipo, algo que tire esse peso que está sobre meus ombros. Que tenha outro motivo, além de uma possível retaliação contra mim envolvida. Talvez se algo assim acontecesse, eu poderia ao menos pregar os olhos a noite, ou até durante o dia.

Mesmo que não encontrem ela, eu sei, mesmo que não saiba explicar, que ela está viva e bem, mas mesmo sabendo disso, minha mente não consegue relaxar. Eu não consigo relaxar e só penso em como vai ser caso ela demore mais a voltar, a dar qualquer sinal de vida.

- Você precisa comer - Aria coloca uma vasilha com o doce que a Dolores fez para mim, porém empurro para longe. Ela fez na esperança de que eu comece algo, coisa que definitivamente não tem rolado esses dias.

- Não estou com fome.

- Aaron, você mesmo disse que ela está bem. Se você continuar assim, sem comer e dormir. Vai acabar se matando e ela quem vai sofrer quando voltar - Diz se sentando a minha frente, de pernas cruzadas.

Levanto o olhar e observo sua expressão, um pouco melhor que a minha, porém as olheiras estão contrastando bem com sua pele branca e seus cabelos agora azuis, desbotados. Ela pintou na segunda pela manhã, antes da fadinha sumir, parece que ela pegou gosto por colorir o cabelo.

- Você precisa retocar o cabelo - Comento e ela revira os olhos.

- Eles estão de acordo com meu humor de ultimamente - Responde e assinto, puxando os joelhos de encontro ao corpo e abraçando - Nunca imaginei te ver tão indefeso assim. É tão estranho.

Quinze minutos para meia-noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora