Capítulo 11

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O nervosismo já tomou conta de cada parte do meu corpo e o que sofre agora são minhas unhas, piora e quase arranco as pelinhas do lado quando vejo ele tomar um caminho diferente do que conheço. Isso foi quase como entrar no carro de um estranho. O silêncio no carro luxuoso é absurdo de sinistro e da até para escutar eu engolindo seco diversas vezes. Ele começa a subir um morro bem alto em meio a muitas árvores, eu to me odiando no momento, mesmo ainda estando claro, parece assustador. Chegamos ao fim do morro e vejo que da para ver perfeitamente uma cidade que desconheço, é um terreno bem grande e com vista para tudo. O carro para e encosto o rosto na janela. Céus, eu quero fugir.

- O que houve com sua perna? - Escuto a voz do caçador e olho incrédula para ele. Vejo que sua cabeça está apoiada no banco e seus olhos fechados. Será que ele não acha isso tudo estranho? - Parece que machucou e é frustrante saber que não fui eu.

- Tecnicamente foi. Pois você me deixou sozinha naquela floresta. Então, eu pisei em uma armadilha por sua culpa - Digo cruzando os braços e fazendo cara feia. Ele não me encara e isso me deixa mais irritada ainda.

- Pisou pois é lerda - Diz e trinco o maxilar, não quero deixar ele com raiva em um lugar que é perfeito para um crime sem testemunhas - Que tipo de monstro é você? Não se curou, pois se foi no domingo, já era para estar curada.

- Você está... - Tento perguntar se ele está bem, pois quem vê até pensa que esta preocupado ou curioso, mas sou interrompida.

- Com sono. Aproveita - Diz e assinto, encostando no banco e mordendo a boca por dentro. Melhor aproveitar o bom humor, ou sono dele.

- Uma elfo? - Pergunto e ele ri, olho pro lado e vejo o sorriso bonito dele, que ainda mantém os olhos fechados e olha para frente. Ele nega e penso mais - Um duende?

- Definitivamente não. Duendes são feios e fedem bastante, não é o seu caso.

- Olha, vou levar isso como um elogio. Estamos progredindo - Digo e ele não esboça nenhuma reação - Uma feérica - Afirmo incerta e seus olhos agora se abrem, me avaliando.

- Feéricos são monstros deslumbrantes. E para seu azar, já tive o desprazer de conhecer um, ou seja, sei o cheiro que exalam - Ele falo e deita o banco - Além de que, maioria trabalha na área da medicina e tem dons de cura, mesmo que não possam usar com frequência. E seu pé - Aponta - Esta machucado ainda, ou seja, sem cura rápida - Termina seu argumento com um belo sorriso e fecha os olhos, satisfeito.

- Estraga prazeres - Digo encostando no banco e cruzando os braços, encarando a cidade pequena a minha frente - Esse lugar é bem bonito.

- Meus pais vão construir outra fábrica aqui - Escuto ele murmurar e percebo que não falei em pensamento. Pois ele me respondeu, vejo ele se ajeitando no banco e volto a encarar o ambiente fora do carro.

Não escuto mais nada além da respiração pesada do garoto. Era só o que me faltava, ele fica acordado a noite toda fazendo sabe-se la o que e depois me interrompe em um papo que poderia ser super agradável com meu amigo e o irmão, por sei lá que motivo. Para dormir no carro e me deixar atoa. Não que eu esteja reclamando, pois isso é bem melhor do que qualquer coisa, só é chato. Acabou que fiquei curiosa atoa, pois ele não falou nada de interessante.

Faço o mesmo que ele e deito o banco, meu rosto fica próximo ao dele e o observo, ele fica bonito dormindo, parece um anjo. Fico até feliz pelo aquecedor ligado, pois o frio voltou com força, como sempre. Pego um livro na bolsa e abro onde parei, tomara que ele acorde logo. Não vou acordar ele, visto que se fizessem isso comigo, eu iria surtar. Só espero ter tempo de falar com minha madrasta hoje e pedir meus documentos para levar amanhã.

Quinze minutos para meia-noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora