Ella
Escuto o barulho inconfundível do carro do caçador e já corro em disparada para o lado de fora, junto aos demais que estavam preocupados, esperando os dois irresponsáveis chegar.
Quando abro a porta, vejo Aaron se inclinando no banco de trás do carro e já fico nervosa por não ver a garota que adora mudar a cor do cabelo. Quando ele fica normal e com ela no colo, desacordada. O barulho de susto de todos se fazem presente, Arthur é o primeiro a correr em direção a eles.
- O que aconteceu? - O caçador que estava concentrado e nem se ligado em nossa presença, acaba levando um susto.
- Por Richard! - Exclama levemente assustado, observo seu rosto com uma mancha vermelha bem grande, mas nem por isso minha raiva por ele diminuí.
Eu sabia que ele ficar quieto durante a semana e não comentar sobre essa possível loucura, tinha algum motivo. Só não imaginei que ele iria simplesmente sair de madrugada com a irmã e ir em direção ao desconhecido perigoso.
- Ela levou um tiro de raspão, mas ta tudo bem. - Diz calmamente e o pai surta.
- Um tiro? E ta bem? Vocês são doidos?
- Para de gritar. - A garota murmura aparentemente dopada, ainda no braço do caçador.
- Sheryl me ajudou com o curativo e deu um remédio a ela. Vai ficar tudo bem. - Afirma e entrega a garota ao pai, que pega ela cuidadosamente e passa por nós, creio eu que para levar ao quarto. Escuto minha sogra que geralmente fica mais reclusa perguntar se ela está bem e logo eles somem.
Observo o garoto me olhar de relance, mas assim que cruzo os braços ele nem tenta falar, apenas se vira e volta ao carro. Meu pai que ficou o tempo todo conosco percebe o clima e se despede, indo para a casa dos fundos que esta ficando.
Já está de noite e mesmo assim, consigo ver claramente tudo que o garoto faz, pois o quintal é extremamente iluminado. Começo a lembrar da raiva que senti ao acordar e achar um bilhete onde ele deveria estar dormindo. Dizendo que tudo ia ficar bem, para eu não me preocupar. Será que ele tem noção da seriedade que isso foi? Claro que eu iria me preocupar e com razão, pois Aria foi baleada e mesmo que tenha sido de raspão, poderia ter sido pior.
A raiva começa a crescer dentro de mim e decido que não quero mais olhar seus movimentos, viro as costas e sigo em direção ao quarto. Conforme subo as escadas, escuto ele me chamar, mas continuo andando e fingindo não ouvir. Quando por fim entro no quarto, o caçador entra junto.
- Por favor, eu posso explicar. - Me viro lentamente e encaro o garoto.
Estou tão agoniada por tudo que aconteceu e pela forma que ocorreu, que ele merece uma punição. Levanto a mão e ele fica sem entender, só entende quando uma rajada de poder sai de minha mão direita, indo direto em sua barriga e lançando ele para trás, fazendo com que bata com as costas na parede do corredor.
- Isso é por ter mentido. - Cruzo os braços e encaro ele se levantar. Não foi algo que pudesse machucá-lo, apenas precisava liberar minha frustração e confesso que estou me sentindo um pouco melhor.
- Justo. - Diz levantando e fazendo careta - Uma dor a mais ou a menos não faz diferença. - Quando fica de pé, me olha e começa a vir em minha direção, já eu começo a recuar - Você é durona, fadinha. Isso doeu. - E fecha a porta.
- Não faz isso. - Aponto esticando a mão e tentando fazer ele ficar longe - Ainda estou com raiva de você e pretendo continuar. - Ele faz um bico bem fofo - Você mentiu para mim. Você disse que iria achar outra solução.
- Eu sei. - E se achega mais, fazendo meu braço baixar lentamente e logo está a centímetros de mim, cruzo os braços e fico séria, tentando não mostrar que essa proximidade me afeta bastante - E sei também que você não acreditou nisso.
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Quinze minutos para meia-noite
FantasySiga meu Instagram para saber mais sobre meus livros: @melpimentelautora * Ella, uma jovem que enfrentou a perda de seus pais, encontra razões para seguir em frente nas memórias que a mantêm viva. Vivendo com uma madrasta e suas filhas, Ella se esfo...