Capítulo 7

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Abro os olhos lentamente, sentindo minha cabeça girar ainda. Meus olhos doem, minha cabeça também e minha orelha esta formigando. Sento e fecho os olhos, apoiando a cabeça nas mãos. Me recupero total quando a dor de repente some, abro os olhos e encaro a cômoda na ponta da cama em minha frente. Esfrego os olhos e fico por alguns minutos encarando as gavetas a minha frente. Decido levantar e ir até o banheiro, preciso de um banho.

Olho pela janela pequena do banheiro e vejo que o dia já amanheceu. Eu apaguei para valer. Me olho no espelho e vejo minha aparência caida e seguro na pia, abaixando por breves segundos a cabeça e respirando fundo. Abro a torneira e lavo o rosto, acordando agora de verdade. Seco o rosto e prendo o cabelo em um coque apertado. Ligo a banheira e bocejo, me espreguiçando e estralando algumas partes do corpo. Encaro o espelho e decido tirar a base que coloquei para esconder as olheiras gritantes que estavam ontem. Enquanto estou limpando, percebo algo e viro o rosto, encarando minha orelha e levando um susto.

Me aproximo mais e tento olhar de rabo de olho, levo a mão a orelha e encosto nela. Sentindo um pequeno nervoso, o que esta acontecendo? Encosto novamente na orelha e sinto a pequena ponta que se formou. Minha mãe tinha a orelha pontuda, por ser uma fada. Como ela não saia, pois sua aparência chamava atenção e ela preferia ficar em casa, nunca foi um impecilho. A minha não esta pontuda como a dela, que era bem evidente, mas esta no formato normal porém bem pontudinha na ponta de cima. Se alguém ver isso, eu estou ferrada. Melhor ainda, por que isso esta acontecendo comigo? Minha mãe disse que eu sou normal. Eu sou normal, não quero ser como eles, não quero.

Vejo pelo reflexo meus olhos vermelhos se enchendo de lágrimas, eu sou tão chorona. Observo outra coisa e encosto na região abaixo se meus olhos. Cadê as minhas olheiras? Aperto forte e vejo somente o vermelho por aperta, após tirar o dedo. Franzo a testa completamente assustada, minha pele esta mais bonita, macia e a aparência cansada desapareceu. Meu cabelo está mais loiro e brilhante, dessas coisas confesso que gostei bem mais, menos a orelha. Eu preciso descobrir o que esta acontecendo comigo, mas infelizmente não tenho a quem recorrer.

Termino de tomar banho, me enrolo na toalha e vou pro quarto. Percebo que está bem frio, mesmo eu tendo feito umas modificações nesses meses, o frio esta tanto, que conseguiu invadir pelas paredes. Termino de por uma roupa totalmente confortável e que seja bem quente, solto o cabelo, coloco uma touca e minha botinha. Preciso ir na casa grande pegar café, Dolores deve ter preparado o café já, mesmo sendo cedo. Respiro fundo antes de abrir a porta e receber um vento congelante de bom dia. Está tão frio, que mesmo meu rosto sendo a única coisa destapada, sinto o frio quando o vento bate contra meu corpo.

(...)

Volto para meu quarto e percebo que a porta está aberta. Escuto algumas vozes e franzo a testa, um homem e uma mulher aparentemente. Ando devagar até a porta e coloco a cabeça para dentro, vendo longos cabelos ruivos em uma garota de costas. Mexo a porta sem querer e a atenção do menino muito bonito por sinal, vem para mim. Eles se assustam e recuo quando seus passos vem em minha direção.

- Te aconselho a não gritar - Diz calmo e com as mãos para frente. Em tom de ameaça e vejo a menina olhar feio para ele.

- Soco... - Minha boca é tapada e um pano colocado. Meu corpo treme de leve e fico desesperada.

- Aaron, não precisa desmaiar ela - Escuto a voz irritada do garoto, antes de cair em uma escuridão, nos braços do meu tormento.

Acordo assustada e tento me levantar, mas percebo estar presa a uma cadeira, em meu local preferido para dançar. Agora eu me arrependo desse lugar ser a prova de som.

- Gabriel, isso é sequestro - Escuto a voz da garota.

- Sequestro? Você é doida? Nem saímos de onde ela mora - Agora escuto a voz do Aaron.

Quinze minutos para meia-noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora