Capítulo 14

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- Descobri seu segredo. Agora me resta saber, o que você é? - A voz dele me causa outro arrepio intenso e não consigo fazer nada, além de morder os lábios.

Ele se afasta e me encara, sua mão que antes estava apoiada em meu ombro, pois precisava de apoio para falar em meu ouvido, agora sobe novamente e vai em direção a minha mais nova estranheza. Fecho os olhos com força, pois não consigo afastar ele e só me resta sentir o toque dele.

Penso no que aconteceu com a garota semana passada e só sinto pena dos livros que podem sair queimados dessa curiosidade do caçador. Vai ser bem estranho se outro jato de poder sair, ainda mais com ele aqui.

Sinto o dedo dele tocar em minha orelha, como se fosse algo totalmente novo para ele, assim como foi para mim, porém nada do que imagino acontece. Agora meus olhos não estão fechados pelo nervoso e sim pelo prazer que o toque quente em minha orelha proporciona. Me sinto bem, sinto ondas de energia serem lançadas pelo meu corpo, meus labios se repuxam em um sorriso de canto, pois a sensação é realmente boa. Acho que eu até inclino a cabeça mais um pouco, tipo um cachorrinho quando recebe carinho atrás da orelha e gosta, querendo por mais.

A sensação que suas digitais causam em mim, me trás até um certo medo, pois é uma sensação que a tempos eu não sinto. Paz, conforto e estranhamente, me sinto em meu lugar. Como se não estivesse mais sozinha nesse mundo, como se eu tivesse me encontrado. Quando a mão dele deixa de me tocar, quase brigo, pedindo por mais, porém não faço isso e abro os olhos, encarando um rosto bem confuso ao me olhar.

- Agora não pode mais negar - Sua voz sai normal e quebra todo o clima que minha mente doida criou.

Engulo em seco sabendo que teremos de dialogar sobre isso e eu não sei bem como enganar um caçador que provavelmente foi ensinado a reconhecer mentirosos. Mesmo não querendo, preciso confessar que o toque dele agora parece me fazer falta. Eu devo estar um tanto carente, pois é o cúmulo do absurdo eu precisar de carinho do caçador. Credo. Ele da uma inclinada para frente, ficando mais colado em mim e me pressionando na estante.

- O que você é, Cinderela? - Pergunta devagar e com a voz bem contornada. Até esse nome estranho, acabou parecendo perfeito saindo dele.

- Não sei - Consigo murmurar e ele ri, se afastando - É sério, você tem de acreditar - Falo meio ofendida por ele insinuar que sou mentirosa assim, na minha cara, mesmo ele estando certo.

- Sua orelha é diferente. Não é totalmente pontuda igual a de outros monstros. Mesmo você sendo meio orelhuda - Diz debochado e empurro ele, logo cruzo os braços ofendida. Eu tenho uma orelha avantajada sim, mas é indelicado comentar sobre.

- Babaca - Digo olhando pro lado e tentando focar nos títulos dos livros. Preciso me distrair. Na verdade, eu queria sair correndo, mas o caçador está a minha frente, que é a unica saída desse corredor fechado. Um silêncio se forma, porém o bonito não se afasta, será que ele nunca ouviu falar de espaço pessoal? Não é legal invadir o dos outros.

- Eu conversei com meu pai - Ele quebra o silêncio e olho para ele. O que? Sou curiosa e ainda mais sabendo que ele falou com o pai, aparentemente sobre mim - Ele me disse que você não me contou o que é, pois acha que se fizer, eu te matarei depois. É verdade? - Fico surpresa por ele estar perguntando, assim, parecendo até alguém normal.

- Em parte sim. É minha vantagem sobre você. Parece ser bem curioso e acho que não faria algo contra mim, enquanto não souber - Digo dando de ombros e fico estática em seguida, quando ele põe meu cabelo da outra orelha atrás da mesma, deixando agora minhas duas orelhas expostas.

- É a primeira vez que chego perto de um monstro assim. Sem ser atacando ou coisa do tipo - Diz mais para ele do que para mim.

- Monstro é sua mãe. Eu sou uma Meli - Digo irritada e ele revira os olhos.

Quinze minutos para meia-noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora