Capítulo 16

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Onde eu estava com a cabeça? Essa foi a pergunta que rondou em minha mente durante a semana que passou e eu ainda não tenho uma resposta concreta.

Na segunda, quando acordei - após ter feito a besteira de beijar o caçador - percebi que estava em minha cama e no travesseiro ao lado estava o cordão que era da minha mãe, cheguei a pensar que nunca mais o teria novamente. Após eu levantar de supetão, já me sentando, percebi que estava sozinha e que não havia nenhum sinal do caçador, na verdade, se eu não soubesse que ele esteve lá, ou até tivesse o cordão como prova, eu acharia que ele nunca esteve lá, pois qualquer indício disso tinha sido apagado. Até o meu estúdio de dança estava limpo e sem nenhum fio de cabelo cortado perdido.

Quando Dolores foi ao meu encontro para dizer que minha madrasta queria me ver, eu já tinha tomado banho e estava prestes a sair. Mesmo eu não sentindo coisa alguma no pé, eu tive de fazer uma cena, para não desconfiarem da minha melhora repentina.

Após dialogar por quase uma hora regras ao qual eu já sabia e eu precisava seguir mesmo elas não estando em casa, elas foram embora e eu pulei de alegria ao ver o carro sumindo de minha vista. Eu sinceramente mereço essas férias, tipo, muito mesmo.

E por ficar sozinha, eu pude pensar bastante e confesso que não gostei muito. Meus pensamentos não foram gentis comigo, eu quase que me martirizei a semana toda. E voltamos a pergunta inicial. Onde eu estava com a cabeça? Acho que não era nem no pescoço, só podia ser nas nuvens mesmo, pois eu fui tão impulsiva e bom, eu sempre deixo claro que nunca fui assim. Isso começou quando salvei o caçador, sempre interferindo na minha vida. Sempre fui bem tímida, mesmo que já tenha beijado antes, mas a essência continua. Fiz uma lista mental de tudo que eu sou e de como costumo ser, em nenhuma parte se encaixava beijar o cara que até tempos atrás queria me matar por ser um 'monstro'. Diria que foi algo sem nexo, algo que não foi pensado e um ato cometido no calor do momento. E que calor que eu estava naquele momento. Ele não deveria ter retribuido e aprofundado mais ainda o beijo.

Ele estava lá sendo legal, eu sou carente e acho que uma coisa ligou a outra. Mesmo não fazendo muito sentido ainda para mim ter beijado ele, acho que serviu de algo, pois o caçador deve ficar bem longe agora. Confesso que se um tempo atrás eu soubesse disso, teria feito antes, só para manter ele afastado para sempre. Credo, não me conheço mais e nem mesmo meus pensamentos. Me sinto tão confusa ultimamente.

Eu não gosto do Aaron, isso posso dizer com certeza, mas não posso ser hipócrita e falar que não me sinto um tanto atraída pela beleza dele. Nem tanto pelo jeito, pois ele é um ogro total. Quem em sã consciência conseguiria gostar dele? Sendo como é, só uma doida e eu ainda não cheguei a esse ponto.

Após muito divagar sobre o ocorrido, eu cheguei a conclusão de que 'ficamos', acho que é esse o termo usado. As meninas costumam ficar contando sobre essas coisas quando limpo o quarto com elas em casa. Que elas vão para as baladas e deixam especificado - acho qye para implicar comigo - que só ficam na área VIP, quando elas olham pro cara bonitão, elas ficam bastante atraidas e depois que ficam com esses caras, nunca mais os vê, pois foi algo de momento. Então, eu acho que foi isso, algo de momento.

Ainda a pouco quando cheguei a essa conclusão, me senti até mais leve e tranquila, já estava entrando em pânico sem conseguir chegar a um senso mental sobre o ocorrido.

Entro no estúdio de dança e paro, olhando pro local brilhando de tão limpo. Eu dei uma geral no enorme galpão e ajeitei todas as coisas do meu pai em um canto, achei muita coisa inútil e algumas até que úteis, mas mesmo assim não joguei nada fora. Sinto que ele não iria gostar disso, é como se meu coração dissesse que ele ainda vai voltar.

Após ajeitar tudo la na casa grande, meu quarto, o estábulo e aqui, precisei de um banho e agora me sinto pronta para meu descanso. Ando até a estante e pego o porta cds que era do meu pai, tiro o preferido dele, musica clássica e coloco no rádio redondo e cinza ao qual achei. Do um sorriso quando a música que inicia o álbum começa e lembro de todas as vezes que me irritei por ouvir ela, meu pai ouvia praticamente todos os dias o cd inteiro, claro que isso antes dele casar novamente. Ando até o meio do lugar e sento, logo em seguida deito e respiro fundo, fecho os olhos e deixo a melodia me levar.

Quinze minutos para meia-noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora