Clarisse Tremeinne (Madrasta)
Foleio o jornal em busca de alguma notícia que possa me interessar, porém nada de novo acontece, algo que valha a pena meu interesse. A empregada que contratei para substituir a garota aparece e deixa o bolo que acabou de sair do forno na mesa. Faço um gesto com a mão e ela sai.
Admitir isso em voz alta séria um grande peso, mas não posso negar que além de ter perdido dinheiro tendo de pagar essa empregada em tempo integral. Ela não faz nada como a garota fazia. A comida não tem o mesmo gosto bom, a roupa não tem o mesmo perfume de sempre e a casa não está sempre brilhando e convidativa a ficar, mesmo que a nova empregada se esforce bastante. Ela também não consegue fazer as comidas típicas de outros países que aquela imigrante mexicana costumava fazer. No final, elas terem ido embora, acabou me custando muito mais.
Eu até tentei ser legal, do meu jeito e ir em busca da garota, mas eu não consegui. Não sei se me tornei fraca de mais com meus poderes de controle ou se ela acabou criando imunidade devido a tantos anos vivendo com isso. Ela sempre dizia que queria ir embora, mas eu sempre conseguia fazê-la ficar, pois eu ganharia mais. Só que nesses meses, tudo mudou. Ela mudou e isso foi só indo ladeira a baixo. Com ela perto, eu conseguia manter controle de tudo, porém agora. Está mais difícil, as pessoas tem perguntado mais sobre ela e meu advogado continua me dizendo que se ela quiser, pode reaver seus direitos. Tanto que já começou. Segundo ele, ela não quer reinvindicar nada na empresa, mas ela quer o carro que ganhou do pai, antes dele morrer.
Eu poderia simplesmente dar a ela e tudo ficaria bem, certo? Não, está errado. Se ela conseguir isso, vai ser apenas um pequeno passo para conseguir muito mais e nesse momento, ter ela como empencilho em relação a empresa e a herança, me deixa furiosa e tentada a dar um fim nela, antes mesmo do que imaginei. Pensei que pudesse controlar ela até seus vinte e cinco, e logo depois conseguir persuadi-la a me dar o dinheiro e continuar sua vida, de preferência sendo minha empregada para sempre, mas algo mudou. Alguma coisa nela mudou, seu olhar mudou, seu jeito de falar comigo mudou. Se tornou mais decidida e forte. Nossa pequena Cinderela, voltou a ser a Ella do início. E isso me da uma sensação maravilhosa, pois terei prazer em quebrá-la. Em destruir cada parte sua que exala confiança. Reduzi-la a apenas mais uma que passou em nossa vida, assim como fiz com seu pai.
- Mãe - Levo um susto assim que Graziela adentra a sala e senta a mesa. Estava entorpecida pelos pensamentos conflitantes. Levanto o olhar em sua direção - Tenho algo para lhe mostrar - Diz e volta sua atenção ao celular.
- Onde está sua irmã? - Pergunto notando sua demora.
- Ela chegou bem tarde ontem. Estava acordando quando sai do quarto - Diz e suspiro fundo. Essa garota está saindo do meu controle e se tem algo que não gosto, é disso. Chegando pelas madrugadas e sempre com aquele olhar que tenho vontade de arrancar, olhar apaixonado.
- Cheguei - Senta correndo e respira bem fundo. Devido a corrida até aqui, imagino eu. Observo seu cabelo ruivo e que em seu rosto, não tem mais tanta maquiagem, como antes costumava usar. Essa garota está diferente.
- Onde você estava Ariela?
- Eu já disse, mãe. Estava fazendo um trabalho com uma amiga. É para hoje! - Diz tranquilamente enquanto despeja o suco no copo.
- Você disse que iria a uma festa - Seus olhos me encaram, arregalados.
- Ah, não... É, sim. Fizemos o trabalho de hoje e depois fomos a uma festa. Uma resenha com alguns amigos. Foi isso - Se atrapalha primeiramente, mas depois se recompõe e parece até sendo sincera.
- Achei! Nossa, eu preciso parar de tirar fotos minhas - Graziela diz e reviro os olhos. Ja cansada pela demora.
- Graziela, você ... - Ariela arregala aos olhos ao olhar o visor da irmã.
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Quinze minutos para meia-noite
FantasySiga meu Instagram para saber mais sobre meus livros: @melpimentelautora * Ella, uma jovem que enfrentou a perda de seus pais, encontra razões para seguir em frente nas memórias que a mantêm viva. Vivendo com uma madrasta e suas filhas, Ella se esfo...