Capítulo 19

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Vejo ele entrar no carro mais a frente, esse é diferente dos que eu já vi com ele. É aqueles grandes, com capota atrás, tipo o meu antes de papai morrer, porém esse parece ser lançamento do ano. Sem alternativa eu corro atrás dele e entro no carro alto.

- Você precisa aprender a dialogar, caçador - Digo me sentando no banco extremamente confortável, quase me sinto derreter, igual aqueles desenhos animados de quando você esta cansado e senta em um lugar bom. Olho para o caçador que parece ignorar minha presença e apenas olha para frente, segurando no volante.

- Sai do meu carro - Diz entredentes e sem me olhar.

- Precisamos conversar sobre o que aconteceu. Preciso me explicar - Digo e ele parece ficar nervoso, vejo que aperta o volante com muita força e logo suspira fundo.

- Sai do carro - Diz mais uma vez e viro para frente, coloco o cinto de segurança e cruzo o braços.

- Não - Resmungo. Se ele quer agir como uma criança que não sabe conversar sobre assuntos sérios, então tudo bem. 

Vejo que ninguém vai ceder quando ele liga o carro e começa a andar, olho para ele tentando entender o que vai fazer. Porém estou tranquila pois sei me defender agora. Ele dirige tranquilamente e é como se estive sozinho.

- Fingir que eu não estou aqui, não anula de fato a minha existência - Digo e ele se inclina pro meu lado, ligando o rádio e fingindo não me ouvir. Isso me da uma vontade enorme de rir, mas finjo que não me abala e apenas desligo o rádio, ele liga novamente e eu desligo - Posso fazer isso o dia todo - Digo e ficamos nessa até que ele desiste e se concentra em acelerar. Um tempo se passa e não consigo saber para onde estamos indo, vejo ele virar em uma rua desconhecida por mim e quando vejo um portão enorme no final, arregalo os olhos vendo a pontinha da mansão enorme - Eu menti, não posso fazer isso o dia todo - Digo tentando abrir a porta, mas ela esta trancada - Aaron, me deixa sair - Peço desesperada quase arrancando a porta - Por favor - Nada, ele não diz absolutamente nada. Começo a pensar que estou invisível e de fato ele não me vê ou escuta. O miserável é bom nisso.

Quando o portão esplêndido se abre mais a frente, vejo o segurança que fica na entrada e me afundo no banco, escondendo o rosto com a mão. Vejo que ele me reconheceu pelos olhos arregalados que percebi antes de me esconder com as mãos. Já sei que terei que dar algumas explicações a alguém depois. 

- Olha o que você fez, agora ele vai pensar as piores coisas de mim.

- O segurança? - Finalmente ele me nota novamente, só que agora meio confuso.

- Sim, ele é marido de uma mulher que conheço. Ele agora vai ficar pensando o que eu estou fazendo aqui, ai vai achar que eu estou tentando te dar algum golpe do baú para ficar rica e sair da vida de escrava que vivo - Digo meio desesperada e ele ri, o imbecil ri. Isso é sério, muito sério.

- Você tem uma mente muito fértil, mas para um lado sempre pervertido. Igual quando achou que eu não estava dormindo por estar fazendo sexo com a Aurora. É até contraditório com sua aparência sabe - Diz rindo ainda enquanto contorna a fonte linda que eu pararia para admirar se não estivesse tão desesperada e logo para o carro - E bom, você me beijou enquanto estava sem roupa no quarto. Acho que de fato você pode estar pensando em fazer isso - Diz e abro a boca pela audácia do babaca. Não consigo notar o tom que usa ao falar, se foi real ou brincadeira.

É o que? Ele abre a porta e pula para fora, me deixando sozinha. Eu quero matar ele, isso é pecado? Acho que não, ele merece muito. Muito mesmo. Vejo ele ir em direção a porta enorme da mansão, gente, quantas pessoas moram aqui? Abro a porta quando vejo que ele vai entrar e me deixar aqui sozinha. Pulo e corro até ele.

Quinze minutos para meia-noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora