Quinze minutos para meia-noite

Capítulo 23

Desespero é o que sinto no momento. O taxi se aproxima do grande portão e engulo seco, eu acho que estava tão empolgada com a ideia de vir, que nem cogitei a possibilidade de algo dar errado. Vai que o pozinho não funcione. Céus, eu estou ferrada. Penso em mandar o taxista voltar, mas logo estamos parados perto do segurança que tem um caderno enorme em mãos. Penso em não abrir o vidro e dar uma de doida, mas como é automático, o motorista abre para mim e encaro com pavor o homem do lado de fora. Ele me encara e abro um sorriso de pânico, o que eu faço?

- Seu nome, senhorita - Me incentiva e ai lembro que devo falar meu nome para ele olhar na lista.

- Boa noite. Ella Martínez - Digo e ele folheia pelos muitos nomes da folha.

- Aqui está, senhorita Ella. Aproveite a festa - Diz gentil e segura a caneta, mas logo fica paralisado olhando para o nada, sem marcar nada na folha. Acho que é o efeito que Flora disse.

O taxista adentra ao local, deixando o segurança estátua para trás e fico encantada com a decoração iluminada do caminho até a grande mansão. Ele para um pouco antes de contornar a fonte, que é onde tem a escada e logo mais o grande salão.

- Obrigada, quanto ficou a corrida? - Pergunto e ele olha para trás.

- Não se preocupe senhorita, Dolores já acertou tudo. Tenha uma boa festa e caso precise de carona para ir embora, pode me ligar a qualquer hora - Diz pegando um cartão e logo me entrega.

- Nossa, eu ja deveria esperar isso da Dolores - Dou risada - Obrigada, e pode deixar que se eu precisar. Ligarei com certeza para o senhor - Falo e abro a porta, em um súbito de coragem. O motorista se põe a andar assim que fico a uma distância e aperta a buzina, antes de contornar a fonte e ir em direção a saída - Tudo bem, Ella. Respira - Fecho os olhos e falo sozinha - Você vai se sair bem. Esse é o seu momento.

Subo os degraus do jardim que tem antes do salão e começo a lembrar do dia que estive aqui com o caçador. Quando eu achei que tínhamos virado amigos ou apenas colegas, mas me enganei. Fiquei imaginando como seria vir em uma festa dessa magnitude e olha eu aqui, graças a Flora e Dolores. Eu sou muito doida de ter aceitado isso, o que farei aqui? Comer, acho que só isso. Não estou nada afim de conhecer gente nova. Bom, mas deve ser bom dançar aqui e ter um par, ta, talvez possa ser legal. O jardim esta mais bonito ainda do que mês passado, sei lá, um brilho a mais, eles capricharam em tudo.

Adentro a grande porta do lugar magnífico e me falta o ar por alguns segundos. Se sem estar decorado parecia um conto de fadas antigos, agora então, mais deslumbrante do que nunca. O som da música ambiente la em baixo preenche todo o lugar e algumas pessoas conversam no canto, enquanto outras descem a grande escada. Observo cada pessoa aqui e começo a entrar em pânico. Jóias e mais jóias, muito brilho e eu somente com meu colar repleto de pozinho mágico. Céus, eu não consigo fazer isso. Muita gente, muita pressão, estou me sentindo sufocada. Fecho os olhos e me concentro em minha respiração, to parecendo aquelas pessoas anti sociais que tem medo de muita gente em determinado lugar. Tem anos que não sei o que é isso. Eu só não quero chamar a atenção, pois já são quase onze horas e to bem atrasada.

- Tudo bem com a senhorita? - Escuto uma voz masculina perto de mim e abro os olhos rapidamente. Observando um homem vestido elegantemente em um terno preto, ele é muito branco, parece até que vive nesses lugares muito frio e tem o cabelo meio branco também.

- Sim, sim. Por quê? - Pergunto sem entender.

- Está parada a um tempinho ai na porta e parece pálida - Comenta dando um sorriso de lado. Uma mão está no bolso e outra segura uma taça.

- Ah, que vergonha - Digo constrangida. Céus, eu só me meto em furada, não quero chamar a atenção e é justo isso que faço - É que surto quando chego muito atrasada a algum lugar. Fico pensando que serei o centro das atenções e odeio isso - Digo e nem sei o motivo, mas ele parece bem legal.