Capítulo 4

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Aaron

Fecho a porta do que tem sido meu quarto por três meses e me jogo na cama. Após chegar aqui, na casa dos meus pais e desmaiar, acordei em um hospital e minhas feridas estavam sendo tratadas. As marcas das garras me ficaram de lembrança, para sempre que estiver sem camisa, lembrar do motivo de estar aqui. Pegar aquele dragão e matar, de algum jeito. Só preciso fazer isso para enfim poder ir embora para meu lugar de origem. Isso aqui não é para mim, os sorrisos falsos, gentileza falsa e ainda mais a família aparentemente perfeita falsa.

Tive que fingir que abandonei os caçadores, para eles me deixarem ficar aqui. Um pequeno preço a se pagar pelo que ama. Eu entrei em contato com o Clark e expliquei o que tinha acontecido e recebi sua permissão para permanecer aqui e voltar somente quando matasse o dragão. Ele parecia ter coisas mais importantes a fazer no momento e me deu até o meio do ano para isso.

Eu estou a um fio já, pois ter de fingir que não reconheço que alguns dos sócios deles são monstros, que ao invés de matar, preciso sorrir e fingir simpatia. É horrível. Minha mãe tem sido a mesma de sempre, porém ela aparentemente se preocupa comigo. O que é chato, pois é um tal de faz isso ou aquilo, coisa que simplesmente odeio. Já meu pai esta mais amolecido, por assim dizer. Ele sempre me pergunta como estou, como esta a transição, me ensinou a trabalhar na empresa com eles. Outra coisa imposta por eles para eu ficar, trabalhar no que futuramente vai vir a ser meu. Sério? Eu não to nem ligando, só quero conseguir suportar um pouco e ai sim, ir embora.

Mas enquanto eu não for, eu pretendo me divertir. Eu curto olhar a expressão de pânico, tristeza e dor na sem cheiro. Apelido que passei a usar quando me refiro a ela, melhor que Cinderela, o nome feio, acho que a mãe dela a odiava. Não curti muito quando minha mãe o fez, humilhou ela, pois vi lágrimas ao qual eu não tive a ver. Tentei até fazer uma média, dando um dos pacotes de m&m's que comprei. Eu ja tinha alguns que peguei antes, mas, por Richard, tirar dela os que sobrou foi satisfatório. Ela se faz de firme, tenta até ser durona, mas sempre parece uma garotinha assustada perto se mim. Caçadores não podem comer doces, na verdade, temos de evitar qualquer tipo de coisa açucarada, mas eu e meu amigo Gabriel, burlamos essa regra e sempre fugiamos para nos entupir de chocolate e coisas gordurosas. Nós burlamos bastante regras juntos, ele era legal e se tornou um grande amigo.

Não tive contato algum com os caçadores após ficar aqui, só com o Clark, porém soube que eles pensaram que eu estava na barriga do dragão. Visto que quando foram limpar a bagunça na floresta, não viram meu corpo, mas que logo depois chegou notícias para eles que eu havia os abandonado para ficar com meus pais. Soube por eles, o que me faz crer que eles que entraram em contato com provavelmente a louca da minha irmã e contado. Clark preferiu manter em sigilo nossa conversa, eu não entendi, mas aceitei.

Ainda é estranho tudo isso, estou acostumado a coisas simples e não esplendorosas como as que eles tem aqui. Nossa casa la na sede ja era grande, porém essa é quase três dela ou mais. Não sei como apenas duas pessoas, precisavam de um lugar tão grande e com tantos quartos, banheiros e até um enorme salão de festas.

Decido sair e já sei muito bem onde posso ir. Eu ao menos pensei nela nesse meio tempo, vez ou outra quando encotrava o colar em minha gaveta, mas depois de hoje, eu preciso atormentar ela até descobrir a que raça ela pertence. Tomo um banho, troco de roupa, pego minha mochila e pego a chave do carro. Desço a escada e quando estou prestes a sair, meu nome é chamado. Encaro minha mãe, ajeitando seu xale de seda vermelho.

- Onde você vai, Aaron? - Pergunta se aproximando, com a carranca de sempre.

- Sair, acho que é meio óbvio - Falo e ela fica mais séria, respiro fundo jogando o cabelo para trás. Acho que esta na hora de cortar. Pois eu não gosto deles caindo no olho e também não gosto de ficar passando gel direto. E ainda não confio em ninguém para cortar meus cabelos.

Quinze minutos para meia-noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora