Quinze minutos para meia-noite

Capítulo 49

Acerto um soco na parede da sala, ainda irritado por tudo e também por nada. Tenho medo de acabar sofrendo um lapso, por não saber bem como dosar toda essa angústia que tenho sentido. Qualquer coisa que pareça ter um significado pequeno, no meu atual estado, parece ganhar cem vezes mais de peso.

O pai dela é culpado sim, em algumas coisas ele foi bem irresponsável e por isso ela sofreu as consequências. Porém não deveria ter falado como falei e nem agido de tal forma. Ele passou por uma situação bem traumatizante e eu estou querendo puxá-lo para outra.

- Aaron, certo? - Escuto a voz dele e me viro, ele acabou de sair do quarto.

- Olha, eu ... - Penso em me desculpar, mas ele me interrompe.

- Você tem razão. Eu sou realmente culpado por ter ido nessa viagem e deixado ela aqui. Eu deveria ter levado ela comigo, ela queria tanto, mas eu não achei que Clarisse era uma pessoa ruim, ela nunca havia demonstrando. Nisso eu falhei. Mas... você havia dito que minha filha está bem e que vocês são namorados, porém você disse que ela está morta. Suas palavras não tem concordância em relação ao tempo empregado. Você poderia me contar a verdade?

- É um tanto complicado de explicar, mas depois de tudo que falou hoje e tudo que tem acontecido, acho que não é tão louco assim. Vou começar do inicio então. E desculpa pelo que disse antes.

- Tudo bem - Da um sorriso. Aparentemente feliz pela minha bipolaridade estar em sua forma legal no momento.

Começo a contar sobre a vida dela antes de me ajudar na floresta, assim como ela me contou e depois explico como nos conhecemos, uma parte na verdade, não conto que eu fiz uma tremenda confusão na vida dele e que fui um tanto difícil. Apenas digo que depois que me salvou, alguns meses depois nos reencontramos e isso nos aproximou. Conto que Clarisse nunca foi fácil e que estava sedenta por fazer uma das filhas ficar comigo - constrangedor, eu diria - falo sobre o dia do baile e de sua atitude que foi a gota d'água para a fadinha.

Digo sobre Dolores e isso faz ele sorrir, ela é uma grande amiga da família, segundo ele. Depois finalizo dizendo que aparentemente a fadinha queria o carro que ganhou de presente, para lembrar dele e isso também fez com que a madrasta chegasse ao auge, tentando assim matar ela. Segundo Henrico contou uns dias atrás, ela também ficou irada ao descobrir sobre meu relacionamento com a garota.

- Por isso, quando ela foi nessa reunião para saber se havia conseguido o carro. Em sua volta para casa, o dragão atacou ela e depois simplesmente sumiu em um portal. Só conseguimos saber com clareza os detalhes, pois Dolores conseguiu recriar a cena com magia - Termino e ele ainda fica quieto. Tentando absorver tudo, ele falou apenas umas três vezes, demonstrando certa surpresa em algumas partes.

- Primeiro, ela é uma fada? Achávamos que por estar na terra, ela não seria afetada. Isso é incrível! - Da um sorriso grande e logo joga o cabelo para trás, assinto - Segundo, como vocês sabem que ela está bem? - Engasgo com a saliva, o que eu vou dizer? O cara me deu um soco por simplesmente dizer que era namorado de sua filha. Não posso simplesmente falar que bom, fizemos o contrato e isso nos liga para sempre, essas coisas.

- Bom... - Mexo no rosto incomodado - Dolores! Claro, foi a brytia. O que mais seria? - Acho que minha afobação por essa constatação, talvez me entregue um pouco, mas, o que posso fazer? Vai que ele venha para cima de mim novamente, não posso me defender, ele é o pai dela. E também meus reflexos e força não estão em seu auge, além de que, correr também não é algo que eu vá fazer. Que dilema.

- Preciso falar com ela agora. Preciso agradecer por ter continuado com a Ella durante todo esse tempo - Me sinto um pouco mal pela mentira que acabei de contar. Por Richard, o que está acontecendo comigo? Ele começa a rir de repente e o encaro, sem entender - Por um momento eu imaginei que isso tinha a ver com o contrato que vocês caçadores fazem quando ficam com alguém, intimamente - Arregalo os olhos e engulo seco.