Capítulo 7

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_Peter?_ indago confusa o vendo parado na minha frente

_Anne?_ ele pergunta igualmente surpreso_ O Danny ta aí?

_Está, mas... O que aconteceu?!_ pergunto preocupada. Peter estava de braços cruzados, com seus músculos flexionados, deixando aparente sua tensão. Seu maxilar estava rígido e ele mordia o lábio me olhando aflito. Nunca o vi assim tão... Vulnerável. Ele parecia uma criança assustada.

_Posso falar com ele?_ ele ignora a minha pergunta e eu controlo a minha vontade de revirar os olhos

_Ele já está dormindo, mas se quiser eu posso acordá-lo.

_Não precisa, eu só vim aqui porque achei que ele estava acordado, já que ele tá online no whatsapp.

_Ele deve ter dormido com o telefone desbloqueado... Mas o que aconteceu?_ eu insisto na pergunta, alguma coisa me diz que algo não está certo.

_Nada, Jones, deixa para lá!_ ele fala irritado, porém sua voz falha. Peter começa a se virar e sair andando pelo jardim da minha casa, porém eu vou atrás dele e puxo seu braço. Algo está muito errado. Peter está completamente estranho e, por mais que eu o odeie, não consigo ignorar a preocupação.

_Se não fosse nada você não teria tocado a minha campainha quase..._ olho meu celular_ uma da manhã!

_Dá para parar de ser intrometida?_ sua voz se eleva um pouco e uma veia salta em seu pescoço

_Eu hein! Deixa de ser grosso, só estou preocupada caramba! Mas foda-se também..._ eu falo irritada e com sono, e dou meia volta. Um telefone começar a tocar, porém não é o meu. Ouço Peter atender e trocar algumas palavras com a pessoa do outro lado da linha. Paro na porta da minha casa e o observo, ele passa a mão livre algumas vezes pelo cabelo, reflexo de seu nervosismo. Após alguns segundos ele se despede da outra pessoa no telefone e xinga alto enquanto o guarda no bolso. Eu apenas me apoio no batente da porta tentando entender o que estou vendo. Ele olha para mim novamente e vejo seus olhos brilharem, como se ele estivesse segurando as lágrimas, com o reflexo da luz de um dos postes da rua. Mordo os lábios tentando controlar minha curiosidade e minha preocupação.

_Desculpa!_ ele fala e eu quase engasgo

_Quê?!_ pergunto incrédula. Eu devo ter ouvido errado. Nunca ouvi o Peter se desculpar.

_Desculpa, caralho. Eu não estou no meu melhor momento, então foi mal. Mas não vai se acostumando com isso e nem me pede que eu não vou repetir mais uma vez_ eu dou uma risada, mesmo sendo civilizado Peter consegue ser babaca. Mas pelo menos ele está se esforçando.

_Quer conversar? Não sei se você já reparou, mas eu e Danny somos praticamente iguais, tirando a questão do pinto, então sou a pessoa mais indicada para substitui-lo..._ tento fazer uma piadinha, mas logo me arrependo. Eu sou zero engraçada. Peter respira fundo e me olha no fundo dos olhos, pelos quais eu consigo ver sua batalha interna entre a aceitar minha proposta ou não.

_Okay_ ele se dá por vencido.

Eu apenas dou um passo para trás, liberando sua entrada e ele se aproxima. Assim que passa por mim sinto seu perfume gostoso o acompanhar, estava mais fraco que o normal, provavelmente por já ser de madrugada, mas ainda era perceptível. Nós andamos até a cozinha em silêncio, onde eu pego um copo de água e entrego para ele. Um silêncio constrangedor se instala e nem Peter nem eu sabemos como quebrá-lo.

_Se estiver confortável pode me dizer o que aconteceu, não vou te pressionar a nada, só vou ouvir!_ tento uma abordagem passiva, a qual parece funcionar.

_Eu... A minha tia estava voltando de Sheffield, uma cidadezinha aqui perto, de uma viagem que ela tinha feito, só que um caminhão, que estava em alta velocidade na contramão, bateu no carro dela. Não tenho muitos detalhes, mas foi feio pelo que eu entendi_ ele termina de contar com os olhos vermelhos. Seu peito sobe e desce rapidamente e eu consigo ver o quão desolado ele está. Agora, sem toda aquela armadura de babaca, que ele veste todo dia, vejo um menino com cara de quem se perdeu dos pais. Meu peito dói. Eu esperava por qualquer coisa menos por isso.

Highway to HellOnde histórias criam vida. Descubra agora