capitulo 42

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Lenços usados, problemas com confiança
Óculos na pia, eles não te consertaram
Travesseiros solitários na cama de um estranho
Pequenas vozes em minha cabeça
Segredos mantidos, pare o sangramento

[...] Te amar foi juvenil, selvagem e livre
Te amar foi legal, quente e doce
Te amar foi luz do sol, foi estar sã e salva
Um lugar seguro para baixar minha guarda
Mas te amar teve consequências

Hesitação, conversas constrangedoras
Convivendo com a expectativa baixa
Cada sinal que estive ignorando
Estou pagando

[...] Te amar foi idiota, obscuro e sem valor
Te amar ainda me machuca
Pois te amar foi luz do sol, mas então caiu uma tempestade
E perdi muito mais que meus sentidos
Porque te amar teve consequências

Camila Cabello, Consequences

Acordo, confusa, me sentindo presa e tento me sentar. Olho para o lado e vejo que o que me prende são braços. Braços bem brancos - levemente vermelhos, devido ao sol - e definidos.

São os braços de Peter.

Inspiro vagarosamente me lembrando da noite de ontem, suspiro. Foi de longe a melhor noite que eu já tive, nunca ninguém me fez sentir tanto prazer na vida, nem me fez sentir tão conectada com alguém. Foi de outro mundo. Eu e Peter estávamos na mesma sintonia e pareceu que nós havíamos sido moldados um para o outro. E ele foi fofo, mas ao mesmo tempo selvagem. Olho para o teto mordendo os lábios, foi muito bom de fato, mas e agora? Tenho mais do que certeza de que estou apaixonada por esse idiota. Como posso ficar com ele desejando mais do que ele pode me dar? Não sou masoquista.

Olho para seu rosto. A sua expressão é suave, algo que raramente vejo em Peter, já que o seu rosto normal já é irônico e adquiri traços de malícia e de raiva. Mas agora, ele parece que morreu de tanta calma que me transmite. Ele é perfeito. Seu maxilar é quadrado, o que contrasta com a delicadeza de suas sardas, que são muitas e estão concentradas em seu nariz e abaixo de seus olhos. É uma mistura de sexy com fofo. Mas então têm seus lábios grossos e vermelhos, que chamam atenção em seu rosto e gritam "ME BEIJA", que são justamente o oposto de seus olhos, de um azul intenso que te puxa, te traga, te prende em sua imensidão. São tão lindos. Ele é lindo. E fica perfeito em seu mundo de contrastes.

Seu peito sobe e desce serenamente. A minha vontade é de acordá-lo e beijá-lo, ou de então repetirmos a noite de ontem. Ou podemos até sair para a praia, ou para comer alguma coisa. Diversas ideias circundam a minha cabeça me fazendo sentir uma boba apaixonada. Mas, bom, eu sou. O que é ridículo, já que estamos tratando do fato de eu estar apaixonada por Peter.

Peter.

É.

O mesmo cara que inferniza a minha vida desde que eu me conheço por gente. Um péssimo vizinho, diga-se de passagem. Sempre foi um babaca idiota quando se tratou de mim, e eu não me lembro de ter feito nada para que ele me odiasse. O que é ainda pior. Mas me lembro claramente, de quando tínhamos uns 14/15 anos, dele me chamando de feia e gorda, e dizendo que ninguém nunca ficaria comigo. Isso é péssimo para ser dizer a uma garotinha insegura, que nem eu era. Que nem eu sou. Na verdade, que nem ele me faz ser.

Desde que transei com João, no meu aniversário, a minha auto-estima melhorou e eu me sinto mais confortável na minha pele. O que não significa que eu me olhe no espelho, a cada dia, e fique feliz com o que eu vejo. Estou aprendendo a me amar aos poucos, e comparando com como eu era, estou progredindo. A questão é que desde que fiquei com João e desde que Julie começou a defender ativamente os nossos direitos, eu me sinto muito confiante, quando o assunto é homem. Mesmo que alguém não queira ficar comigo, não me importo. Óbvio que machuca um pouco o nosso ego, mas não é mais a pior sensação do mundo.

Highway to HellOnde histórias criam vida. Descubra agora