Highway to Hell

Capítulo 26

Com o gosto dos seus lábios, eu viajo
Você é tóxico, estou derretendo
Com o gosto do seu veneno, estou no paraíso
Estou viciada em você
Você não sabe que é tóxico?
E eu adoro o que você faz

Toxic, Britney Spears

Voltamos o resto do caminho em silêncio. O clima está bem estranho. Não sei porquê Peter falou aquilo do Diego, nem porquê eu falei da Kate. Quando chegamos, agradecemos a corrida e saímos do carro. Como eu deixo o uber pago no cartão, não preciso me incomodar em ficar carregando dinheiro brasileiro. Andamos na direção da casa, passando pelo jardim, e Peter liga a lanterna do celular para iluminar o caminho. O sol ainda não havia nascido. A madrugada era fria e os ventos cortantes mexiam as folhas das árvores e formavam um assobio assustador.

_Puta merda_ ouço Peter resmungar quando tenta abrir a porta_ Você tem a chave, Jones?

_Como assim? Óbvio que não, a gente tinha deixado a porta destrancada.

_Aparentemente o pessoal já chegou e trancou a porta...

_Isso não está acontecendo!_ eu falo e tampo o rosto com a mão, irritada demais para conseguir encarar qualquer coisa.

_Vai chorar?_ sinto o sarcasmo na voz de Peter.

_Não. Eu só quero dormir, estou muito estressada.

_Você é estressada por natureza, Jones.

_E você é chato por natureza, então me faz o favor de ficar quietinho para a gente conseguir pensar no que faremos.

Peter parece atender meu pedido e não me responde. Percebo que ele começa a vasculhar a varanda tentando achar, provavelmente, uma chave e eu começo a fazer o mesmo. Olho embaixo do tapete, embaixo dos vasos de planta e não acho nada.

_Desce aqui, por favor_ ouço Peter falar do nada e o olho. Ele estava sentado no banco branco de madeira que tinha na varandinha falando ao telefone_ Depois eu explico, só vem_ ele fala impaciente. Após alguns poucos minutos a porta se abre e vemos James com cara de sono. Ele olha para Peter meio irritado por ter sido acordado, porém quando me vê sua feição muda e ele fica confuso. Puta merda, o Peter foi ligar logo para o James.

_O que está acontecendo?_ ele pergunta desconfiado

_A gente foi comprar hidratante_ eu falo e levanto a sacola na minha mão

_Ok_ ele fala comprimindo os olhos tentando acreditar que duas pessoas que se odeiam saíram juntas de madrugada só para comprar hidratante. É, olhando por esse lado é bem estranho. Nós entramos, James tranca a porta e Peter vai subindo na frente. Chegamos no andar dos meninos e dou boa noite para eles.

[...]

Acordo sentido como se um caminhão tivesse passado por cima de mim. Minha cabeça dói, minha barriga está toda revirada e meu corpo arde.

_Nossa senhora_ eu suspiro e fico encarando o teto. Após alguns minutos, tentando processar a ideia de me levantar e encarar a vida, consigo criar coragem e vou tomar um banho. Eu estou podre. Tomo uma ducha gelada que lava até os cantos mais sombrios da minha alma e saio do banheiro me sentindo uma nova pessoa. Passo o hidratante que comprei de madrugada com Peter, minha pele já estava bem melhor do que ontem, porém um pouco ardida ainda. Desço e encontro tia Chloe e tio Dorivan lendo jornal na sala.

_Bom dia!_ eu os cumprimento sorrindo

_Boa tarde, querida!

_Qual a boa de hoje? Essa casa está bem silenciosa.