O sangue em minhas veias
É feito de erros
Vamos esquecer quem somos
E mergulhar na escuridão
E quando explodimos em várias cores
Voltaremos à vida5 Seconds of Summer, Jet Black heart
Peter's povAnne Amelia Writgh Jones.
Não sei desde quando essas quatro palavras começaram a mexer profundamente comigo e me fazerem sentir um pré-adolescente com os hormônios à flor da pele.
Na verdade, eu sei.
O dia do acidente da minha tia foi um dos dias mais confusos da minha vida. Quando recebi a notícia, eu só conseguia sentir o buraco que a morte do meu pai abriu crescer cada vez mais. Parecia me consumir vivo. Minha tia é como uma segunda mãe, é quem me faz ter forças para continuar e quem me ajuda a lutar pela minha mãe, que desde a partida do meu pai tem sido uma pessoa difícil de lidar. Então quando eu soube que alguma coisa tinha acontecido, eu simplesmente surtei. Tudo que eu passei com meu pai parecia se repetir.
Minha mãe foi direto para o hospital, quando soube. Mas eu não consegui, mesmo se passando 8 anos desde que meu pai nos deixou, a dor que eu sinto continua a mesma. Não consigo simplesmente entrar em um hospital sem que minha garganta feche e meu coração pareça que vai sair pela minha boca. Minhas mãos suam frio e eu esqueço como se faz para respirar. É algo assustador.
Assim que minha mãe saiu pela porta, eu não consegui ficar quieto. Minha tia precisava de mim, mas o fracote aqui não consegue entrar em hospitais. Ridículo, eu sei. Então fui procurar Danny, que aprendeu ao longo dos 7 anos da nossa amizade a me acalmar nas minhas crises. Sei que pareço um imbecil agora, um babaca mais delicado que uma flor, mas quando o assunto é a minha família eu perco a cabeça.
Então fui até sua casa, já que ele não respondia minhas mensagens.
Mas, rufem os tambores, quem me abre a porta é a Jones. Com o rosto todo amassado, os cabelos desgrenhados e a cara de sono mais bonita que eu já pude ver na vida. E olha que eu tenho uma base muito boa de mulheres com cara de sono para poder comparar.
Já me bastava minha tia no hospital, eu não estava com cabeça para lidar com a irritadinha da irmã do Danny. Nem com meus sentimentos mal resolvidos por ela.
Só que a sequência de eventos daquele dia conspirou para que aquilo acontecesse. Quando eu percebi, já estava na cozinha dela, com a mão trêmula bebendo água - ou fingindo beber - até que ela me abraça. Naqueles poucos segundos, naquele toque estranho para nós dois, alguma merda aconteceu.
Lembro cada segundo daquela noite. A noite mais estranha da minha vida. Conheci outra Jones, naqueles minutos, e desde então não consigo parar de pensar nela, em como ela soube me acalmar e em como ela se preocupou comigo e sentiu cada pontada da minha dor. Seus olhos entregaram.
Eles sempre entregaram. Desde pequena ela sempre foi muito transparente quanto ao que sentia. Chegava a ser ridículo, quando éramos mais novos e ela tentava esconder algum segredo, ou então disfarçar o quão estava animada com alguma festa surpresa que iria ter. E foi justamente por essa menininha que eu me apaixonei. Sete anos atrás, quando eu e mamãe nos mudamos para um novo bairro à procura de um novo começo, lembro de Jones tocando a campainha e saindo correndo envergonhada quando eu abri a porta. Mais tarde naquele dia eu havia descoberto que Danny a obrigara a tocar a campainha, pois estava curioso com os novos vizinhos.
Desde então, eu e Danny passamos a jogar video game todo dia no quarto dele, e eu, como um bom pré-adolescente de 12 anos, que batia punheta todo dia e não fazia ideia de como lidar com as meninas, sempre tentava esbarrar com Anne. Até que Danny descobriu que eu era afim dela e ficou muito puto comigo. Tão puto que começou a me ignorar, então tive que inventar uma desculpa e desmentir tudo. Só que Danny ficou mais cuidadoso quando eu ia lá e eu passei a tratar a Anne mal para reforçar que não gostava dela. Foi assim que começamos a nos odiar, até porque, anos depois, eu havia me esquecido o motivo de sempre brigarmos e realmente só sentia desgosto por ela. Virou um hábito irritá-la. E esse hábito foi rotineiro durante anos até o dia do acidente, quando eu percebi que a Jones mimada, idiota e grossa que eu conhecia não era de fato quem ela era.
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Highway to Hell
RomansaOdeio o jeito que ele sorri. Odeio o jeito que ele me olha. Odeio a voz rouca dele. Odeio o jeito inconsciente que meu corpo responde quando estou perto dele. E odeio ainda mais o fato de que estou apaixonada por ele. Anne é uma garota de 17 anos...