Pov's Rúùh
Vesti roupas folgadas e aconchegantes. Prendi meu cabelo em um coque desarrumado e peguei as chaves do carro de Jimin. Saí de casa sem falar com ninguém, nem mesmo com Jimin. Quase não consigo olhá-lo depois do que fiz com ele. Não acredito que não sou tão forte a ponto de impedir que alguém possua meu corpo.
Entrei no carro e tirei meus óculos escuros do porta-luvas. Assim que o coloquei, saí cantando pneu. Olhei pelo retrovisor e vi que Hoseok tinha corrido para fora de casa e gritou meu nome. Ignorei e segui meu caminho. Chegando no centro da cidade, parei uma floricultura. Andei por entre os corredores cheios de flores e parei assim que vi um buque de lírios brancos. Me abaixei um pouco e senti o perfume das flores, era suave. Sorri de canto e peguei o buque. Levei o buque até a florista e o paguei. Agradeci e acenei antes de sair.
Coloquei o buque no banco do passageiro com cuidado e segui meu caminho. Quando estava perto do meu destino, estacionei na primeira vaga livre que achei. Guardei os óculos. Pegando o buque, saí do carro e passei pelo portão de entrada. Cumprimentei o jardineiro e segui meu caminho. Olhei para as lápides brancas e parei na frente de uma especifica. Me ajoelhei na sua frente e coloquei o buque com cuidado na grama.
– Olá mãe. – falei baixo e esperei uma resposta que não viria. – Já faz dez anos que espero escutar sua voz novamente, mas parece que eu ainda sou aquela criança estúpida não é?
Abaixei a cabeça e sorri ao sentir lágrimas caírem pelo meu rosto. Toquei a lápide com cuidado e passei meus dedos sobre as escritas que ali estavam.
– Eu deveria saber. – falei com a voz embargada. – Aquele dia eu te vi morrer na minha frente e eu me escondi, como uma criança covarde. Eu podia ter impedido tudo aquilo, se fosse eu e não você. Eu fui uma péssima filha, desculpe não ter sido aquela filha forte que você criou para ser. Eu me envergonho tanto! – era impossível impedir as lágrimas. – Você sentiria tanto ódio de mim se me visse agora... Aposto que você deve me culpar por deixá-la morrer, não é?
Apoiei minhas mãos na grama e comecei a chorar mais intensamente. Minha infância começou a passar diante dos meus olhos, como um filme que tem o pior final de todos. Senti um vento suave passar por mim e foi como se ele me abraçasse. Arregalei os olhos e olhei para o lado. Me levantei rapidamente assim que a vi. Vestida com um vestido delicado branco, de pés descalços e com uma coroa de lírios brancos em sua cabeça. Ela tinha lágrimas nos olhos, mas seu sorriso era o mais belo de todos. Ela colocou a mão sobre seu coração e negou lentamente. Caí de joelhos no chão e eu coloquei minha mão sobre meu peito.
– Mãe... – eu mal conseguia falar. Um vento forte soprou, o que me fez cobrir os olhos. Quando passou, olhei para o mesmo lugar de antes e vi que ela não estava mais lá. Meu coração pareceu se quebrar em mais de mil pedaços. – Não vai embora! Volta...
Olhei para a lápide e quando percebi, uma pequena flor estava crescendo na grama. Sorri e sequei minhas lágrimas. Me levantei e toquei a lápide com carinho.
– Você está me olhando dali de cima, não é? – me abracei. – Sinto tanto sua falta... Você teria adorado Jimin, ele é simplesmente o companheiro perfeito. Ele faz de tudo por mim e eu tento retribuir do mesmo jeito. Nossa família está crescendo, mãe. Yoongi achou sua companheira, assim como Taehyung. Elas são garotas incríveis e se adaptaram rapidamente. O problema é que não estamos tendo muitos momentos de sossego... O Círculo Negro está na nossa cola, mas parece que tem um inimigo muito mais forte. O meu medo é que ainda não sejamos fortes o suficiente para combatê-los e não vejo nenhuma maneira que me ajude a protegê-los. O que eu faço mãe? – olhei para o céu e novamente esperei uma resposta. – Você saberia me dizer o que fazer se estivesse aqui...
O vento soprou novamente e eu sorri. Toquei a lápide uma última vez e deixei o cemitério. Coloquei os óculos novamente e segui para o meu segundo destino. Dessa vez, não era tristeza que eu sentia e sim raiva. A pessoa que eu estava indo ver, não deveria nunca sair daquele presídio. Apertei o volante e acelerei ainda mais. Cheguei em menos de cinco minutos naquele lugar horrível. Saí do carro e me escorrei no mesmo. Olhei para a enorme porta de metal que tinha arame farpado no topo.
Quando a porta se abriu, um homem passou por ela. Senti meu sangue ferver de tanto ódio que senti ao ver seu rosto imundo. Assim que me viu, abriu o sorriso mais falso que alguém poderia ter. Cruzei os braços e bufei. A cada passo que ele dava, aumentava a minha vontade de pular em seu pescoço e fazer com que seus olhos saltassem para fora.
– Minha pequena! – ele falou "animado". – Tive tantas saudades suas! Vejo que deixou tudo para trás e veio me buscar para irmos juntos para casa, não é?
– Assassino. – foi a única coisa que falei e o sorriso de seu rosto desapareceu.
– Rúùh... – ele se aproximou mais. – Esses dez anos que fiquei preso me mudaram, eu não sou mais aquele pai idiota que eu era.
– Eu não o reconheço mais como meu pai, não depois do dia em que você chegou podre de bêbado em casa e matou minha mãe, pelo simples fato de não aguentarmos mais você.
– Mas eu estava bêbado! – ele tentou se defender. – Eu amava aquela mulher e amava você!
– Demonstrava o seu amor me batendo? – desencostei do carro. – Descontando seus problemas em uma simples criança que não sabia o porque de tudo aquilo estar acontecendo? Era assim que você me amava?
– Filha... – ele tentou se aproximar ainda mais.
– Mais um passo e quebro o seu pescoço. – ameacei e ele parou no mesmo momento.- Nunca mais me chame assim, nunca fui sua filha antes e não serei agora. Você poderia apodrecer nesse lugar imundo que por sinal, é a sua cara. Meus amigos e meu namorado são a minha família agora.
– Por que me trata assim? – ele fingiu estar triste.
– Estou te tratando como você me tratava. Esqueceu disso? – levantei a blusa e lhe mostrei minha cicatriz. – A próxima vez que aparecer na minha frente, farei a mesma coisa com você. Mas não se preocupe, não vai ser na barriga e sim no seu rosto. Você não sabe o que aconteceu comigo durante esses anos, se quiser descobrir, vai morrer.
Dei as costas e entrei no carro novamente e liguei o motor.
– O que aconteceu com aquela criança assustada que fazia tudo o que eu mandava? – ele perguntou com raiva.
– Quer saber mesmo? – sorri com deboche. – Ela cresceu.
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Dragon's Wife || Imagine Yoongi
Fanfiction(...) Eu podia sentir o olhar de Yoongi em mim novamente, me deixando completamente sem defesas. Ele me encarava literalmente como se pudesse me comer com os olhos. -- Cara, pare de olhar pra ela desse jeito. -- o garoto falou para Yoongi e lançou...