Capítulo XLVI

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Claire abriu os olhos lentamente e se deparou com um breu sem fim. A princípio, chegou a pensar que pudesse ter ficado cega, seu coração disparou de medo diante desse pensamento, mas quando seus olhos se acostumaram com o local, começou a distinguir formas ao seu redor, além disso ela percebeu uma luz vindo de suas costas. A luz parecia vir de algum tipo de janela e era fraca, foi então que ela percebeu que ainda era noite e que a luz provavelmente era da iluminação urbana.

Ela se virou para tentar olhar para trás e somente nesse momento percebeu que estava amarrada. Alguém a colocara sentada em uma cadeira e amarrara seus pés no pé do móvel e suas mãos para trás e foi nesse instante também que percebeu a dor que sentia na parte de trás da cabeça. Seu couro cabeludo parecia estar molhado e alguma coisa grudenta colou os fios do seu cabelo. "Sangue", ela pensou, "deve ser sangue." Claire enfim se lembrou do que acontecera. Ela fora abordada, levara um tapa na boca e quando saiu correndo, alguém a golpeou na parte de trás da cabeça.

Um medo terrível percorreu todo seu corpo, como se o sangue em suas veias tivesse virado puro pavor. Aquilo era um sequestro? E se fosse, o que queriam com ela? Será que alguém notara sua falta? Ela não tinha noção de que horas eram, de que região da cidade estava ou do que eles, quem quer que fossem, fariam com ela. E então ela se lembrou que estava grávida e o pouco de visão que tinha foi totalmente embaçada pelas lágrimas. Claire precisava proteger seu bebê a qualquer custo, Ethan nem sequer sabia que seria pai. Seus pensamentos foram interrompidos por mais uma onda de dor vinda do ferimento atrás de sua cabeça, ela sentiu sua consciência vagar para longe até que apagou novamente.

Quando Claire acordou, percebeu logo de cara que já havia amanhecido pois a claridade entrava no cômodo pela janela às suas costas de modo que seus olhos, mal acostumados à luz, doecem. Sua cabeça ainda doía e ela tinha a sensação que seus pensamentos entravam e saiam de foco como um canal mal sintonizado, o sangue já secara contra seu couro cabeludo. Quando se acostumou à claridade, ela olhou ao redor e percebeu que estava em um lugar que não era habitado a tempos. As paredes tinham a tinta descascada e mofo em vários pontos, havia uma porta à sua direita e o cheiro não era dos melhores. Exceto pela cadeira de madeira na qual estava amarrada, não havia nenhuma mobília no lugar. Claire tentou movimentar as mãos, testando as amarras, mas é claro que as pessoas que a pegaram não iam amarrá-la de qualquer jeito.

- Tome! – Claire quase caiu com a cadeira e tudo. Ela não percebera a figura em pé do lado esquerdo do cômodo. Era um homem e usava a mesma máscara da noite anterior que não permitia que ela visse seu rosto. A única coisa que percebia era a cor da pele da mão que lhe estendia um copo de água com um canudo para ela beber. O homem era negro – Tome!

- Quem é você e o que quer comigo? – ela perguntou com a voz rouca.

- Tome essa porcaria dessa água porque é a única coisa que você vai ganhar aqui! – o homem gritou.

Claire hesitou. Não sabia quanto tempo ela ia ficar ali e se fosse verdade e não fosse ganhar nada além de água, deveria aproveitar o máximo que pudesse. Ela tomou o copo inteiro através do canudo e quando acabou, tentou falar com o homem de novo.

- O que é que você quer comigo? É dinheiro? Tenho certeza que se você pedir resgate vai conseguir a quantia que quiser – ela começou a ficar desesperada com o silêncio do homem – Vocês já tentaram contato com al...

- CALA ESSA BOCA! – o homem gritou – SE VOCÊ QUISER SAIR DESSA VIVA, CALA ESSA MALDITA BOCA!

- NÃOOOO! POR FAVOR! ME SOLTA! – Claire gritou para a porta que se fechava atrás do homem mascarado. Em seguida perdeu a consciência de novo.


Depois de não terem mais o que fazer na delegacia, todos se dirigiram para a casa de James, conforme instrução do chefe do caso de Claire. Segundo ele, era provável que os sequestradores ligassem para James ou para sua casa, já que o plano inicial deles era sequestrar Ethan. Todos estavam ali, seu pai e sua avó, Martin e Nancy, Mia, Chloe, Daniel e Melaine. Depois de um tempo, Paul e Michael também apareceram. A última vez que Ethan vira aquela casa com tantas pessoas fora na Ceia de Natal, mas agora, o que os unia era algo totalmente diferente.

Um acordo entre velhos amigosOnde histórias criam vida. Descubra agora