Capítulo XLVIII

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Claire se sentiu em um dos seus pesadelos. Ela corria os lances de escada enquanto rezava em silêncio: "Não caia, não caia". Suas mãos ainda estavam amarradas atrás das costas, o que dificultava sua fuga e ela ouvia o som de George correndo atrás dela escada abaixo. Ele gritava coisas desconexas, mas ela não conseguia ouvir nada do que ele dizia, só ouvia o som ensurdecedor das batidas do seu próprio e se concentrava em não cair. Se ela caísse, sabia que George a pegaria e ela estaria perdida.

Ela não sabia quantos andares aquele prédio velho e fedorento tinha, então continuou a correr com a esperança que em algum momento encontrasse a saída. Então ela ouviu um barulho diferente e virou a cabeça por um segundo. O tempo pareceu parar. Ela assistiu, como se fosse em câmera lenta, a George soltar um urro feito um animal feroz quando tropeçou nos próprios pés e caiu direto para ela. Claire tentou sair do caminho, mas não conseguiu, somente sentiu quando seu corpo se checou contra os degraus da escada e ela levou os joelhos à barriga. "Meu bebê", ela pensou, e então, pela segunda vez em pouco tempo... Escuridão.

Escuridão... era tudo o que havia para Claire naquele momento. Talvez fosse melhor assim, pois ela não sentia medo, não sentia dor, não sentia nada. Mas em algum momento tudo mudou, pois um ponto de luz surgiu ao longe, dando a sensação que ela estava em um corredor. Logo em seguida ela ouviu um som parecido com o de passos, como se algo ou alguém estivesse vindo para ela e sem saber o motivo, sentiu medo. Claire começou a correr. A pessoa ou a coisa começou a correr mais rápido e quando se deu conta, ela estava em uma fuga desesperada em direção àquele ponto de luz a sua frente. Então, de repente, ela sentiu que o que a perseguia estava perto, e Claire se virou a tempo de ver uma mão avançar sobre ela, a centímetros de alcançá-la.

- NÃOOOOO!

A claridade machucou seus olhos e Claire não soube onde estava, só soube que não podia deixar que aquela pessoa a pegasse.

- Claire... se acalma.

A voz era conhecida, mas ela não conseguia se lembrar quem era o dono dela. Claire começou a se debater quando sentiu uma mão segurar seus ombros em uma cama, logo em seguida alguém segurou suas pernas e ela fez toda a força do mundo, mas não conseguiu se livrar.

- ME SOLTEM!

- Calma, meu amor, calma... – "Meu amor?".

- Nós teremos que sedá-la! – uma outra voz disse e em alguns segundos, ela sentiu uma força muito maior do que ela tomar todo seu corpo e ela acabou adormecendo de novo.

Quando Claire acordou novamente tudo havia mudado. Ela se sentia confusa, seus pensamentos estavam lentos e ela se lembrou de um sonho que tivera, ela estava em um corredor escuro, e alguém a perseguia. "Foi só um sonho", ela pensou.

Claire olhou ao redor e viu que estava em um local muito branco, exceto por uma mesa no canto, que estava repleta de flores de todas as cores: vermelhas, amarelas, rosas, brancas. Então ela começou a perceber como sentia dores pelo corpo. Seu ombro direito latejava assim como seu quadril direito, mas nada se comparava à sua cabeça. Ela tomou coragem e olhou para baixo, tentando ver a situação em que estava, quando viu uma mão, que não era a dela, pousada no seu ventre. "Meu bebê... como será que está meu bebê?"

- Ethan... – ela sussurrou.

Ethan estava com a cabeça apoiada em sua cama, uma mão estava pousada em seu ventre, e a outra segurava sua mão direita. Ele dormia profundamente. Claire o observou por alguns segundos antes de chamá-lo. Ele estava com uma aparência cansada, como se não dormisse ou comesse há dias, seu cabeço estava grande e a barba também.

- Ethan... – ela chamou de novo.

Ethan abriu os olhos lentamente e lhe encarou com aquela imensidão azul. Claire sentiu seu coração se aquecer de uma forma que não sentia há dias, ela achou que não fosse vê-lo nunca mais, mas ele estava ali e a única coisa que ela queria fazer era abraçá-lo e não largar nunca mais.

Um acordo entre velhos amigosOnde histórias criam vida. Descubra agora