14. Jessica

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Lynn foi para o apartamento de Jessica e abriu a porta com a chave que a outra havia lhe dado. Já estava lá há alguns dias, mas havia visitado um apartamento de aluguel pela manhã, pois não se sentia bem em perturbar a rotina de Jessica por mais tempo. Os valores eram altíssimos e a vizinhança horrível. O apartamento era minúsculo, quase sem manutenção alguma, parecendo decrépito. Todavia, ainda tinha mais algumas opções para avaliar no dia seguinte.

Assim que entrou viu 9 recados piscando no visor da secretária eletrônica. Ela jogou a bolsa em uma poltrona e apertou o play para ouvir as mensagens. Eram todas de Jessica, que parecia muito nervosa, perguntando se queria almoçar com ela, depois onde ela estava e, por fim, perguntando por que não fora almoçar com ela. Lynn achou a preocupação excessiva, já que elas não haviam combinado nenhum compromisso, mas mesmo assim tirou o fone do gancho e discou o número de Jessica, já que não podia deixá-la preocupada à toa por sua causa.

- Alô, Jess? É Lynn.

- Onde você estava a tarde toda? - a voz de Jessica soou alta e estridente em seu ouvido e Lynn afastou o fone ligeiramente - Eu estou até agora na agência esperando você! – ralhou a outra, parecendo muito irritada.

- Desculpe, Jess... Fui almoçar com Paul e esqueci de avisar - imediatamente se sentiu mal pela falta de consideração pela pessoa que lhe havia estendido uma mão amiga quando mais precisava.

- Ah... Que bela amiga! Então foi almoçar com Paul e não me convidou! - continuou Jessica, seu tom de reprovação fazendo Lynn se sentir ainda pior.

- Puxa, me desculpe mesmo...

- Eu estou realmente chateada com você, Lynn. Depois conversamos - o tom do fim da ligação soou em seu ouvido.

Lynn pôs o telefone no gancho e sentou-se no sofá da sala. Sentia-se ligeiramente nauseada depois do almoço pesado, contudo, por outro lado estava animada. Paul dissera-lhe que tinha se saído maravilhosamente bem no teste, e que era bem provável que ela fosse conseguir o trabalho. Ela precisava do pagamento, pois o dinheiro que tinha já estava todo reservado com as despesas que esperava ter, gastara muito com a viagem para Nova Iorque, e ela sabia que ainda precisaria pagar as despesas do parto e gastar com as coisinhas do bebê... Sem contar que a maioria dos apartamentos de aluguel requeria um depósito em dinheiro como caução.

Pensando nisso, Lynn pegou a bolsa novamente e saiu porta afora. Paul havia lhe ensinado a chegar num lugar onde se vendiam artigos infantis de baixo preço. Apesar de não estar acostumada com os meios de transporte da cidade, Lynn era esperta e conseguiu chegar ao local sem muita dificuldade. Já havia compreendido os esquemas do metrô e do ônibus, e tinha um cartão de transporte com desconto, e isso tornava tudo muito mais simples do que parecia.

Ela chegou numa rua movimentada, onde as pessoas pareciam se vestir ainda mais diferente do que as pessoas do centro, mas Lynn não tinha tempo para ficar observando quem passava ou deixava de passar, pois estava muito concentrada em procurar o local certo. Encontrou a loja da qual Paul lhe falara e entrou. Apesar de não ser tão barata quanto Lynn imaginara, o preço parecia bom, e depois de olhar por horas as roupinhas, mamadeiras, carrinhos, chupetas, e outros itens, ela escolheu alguns macacõezinhos, uns pares de meias, uma mamadeira, uma cestinha e uns cobertores infantis. Tudo deu quase duzentos dólares, e Lynn saiu da loja carregando as coisas embaladas sentindo-se mais pobre. Entretanto, sabia que não teria como se esquivar daquele tipo de gasto, ela ainda precisava de muitos itens. No caminho para a casa de Jessica, Lynn imaginou-se com o neném no colo, com Edward ao seu lado. Ficou sonhando com a aparência do bebê até quase perder o ponto de saltar.

Lynn abriu a porta e no mesmo instante sentiu as pernas bambas. O corpo todo gelou e ela teve que sentar na entrada, pois não estava agüentando o peso que a puxava para o chão. Sentiu uma vertigem forte que embaralhou sua visão. 

Garota Ingênua [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora