58. O final feliz

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Dez meses depois, Lynn sentia a necessidade de estar casada com Edward. O amor dos dois se fortificara nos últimos meses e agora ela tinha certeza de que queria estar junto dele. Dali a um mês Ceci faria dez anos e logo no próximo mês Adam estaria fazendo um ano, ela queria que o divórcio saísse o mais rápido possível para que pudessem se casar no máximo em fevereiro.

O dia estava nublado, porém quente. Lynn iria encontrar-se com Paul para assinarem os papéis do divórcio. As últimas notícias que tivera dele não eram nada boas, corria o boato de que estaria fazendo uso de drogas e Lynn não podia acreditar naquilo. Estava certa de que Igor havia sido uma péssima influência para Paul, repentinamente, e se arrepiava só de pensar que ele era próximo a Cecília, também e por mais que tentasse, nunca conseguia dissuadir a filha a terminar com os telefonemas e recebimento de desenhos. Todas aquelas viagens juntos, que apenas serviram para que Paul se afundasse ainda mais em drogas. Os dois eram vistos em festas e boates constantemente e estavam morando juntos. Se por um momento Lynn acreditara que Igor poderia ser a luz que faltava na vida de Paul, agora pensava o contrário. Ela tentava conversar com Paul sobre uma clínica de reabilitação, mas qualquer opinião que desse era rapidamente dispensada por Paul. A promessa de permanecerem amigos agora parecia distante e impossível de alcançar. Paul estava sempre na noite, e Lynn se dedicava ao bebê com muito afinco, possivelmente num comportamento visando compensar a sua inicial rejeição pela criança.

- Onde vai, mamãe? – perguntou Ceci jogando as mechas de cabelo ruivo para trás.

- Vou me encontrar com Paul para assinar os papéis do divórcio.

- Posso ir também? Por favor! Por favor! Já faz mais de três meses que não o vejo! – suplicou Ceci olhando-a com carinha de cachorro que caíra do caminhão da mudança.

- Está bem, está bem... – concordou Lynn sorrindo – Vai assim mesmo ou quer se enfeitar para seu pai Paul?

- Você me espera, mamãe?

- Claro, anjo...

Ceci subiu correndo e tirou de dentro do caderno da escola o cartão que havia feito para Paul. Abriu a caixa de acessórios do banheiro e pegou a pulseira que recebera via correios de Amsterdã. Ela imaginava que Paul lhe havia mandado de presente, mas na verdade quem comprara fora Igor e colocara o nome de Paul no remetente.

- Estou pronta, mamãe! – gritou ela descendo as escadas de dois em dois degraus.

- Ceci, não faça isso! Vai se machucar - ralhou Lynn.

A garota sorriu para a mãe com a travessura dançando alegremente no olhar, e ignorando os apelos de Lynn ela chegou ao térreo segurando o cartão com carinho.

Edward dirigiu até o Hotel em que Paul estava hospedado para deixar Ceci e Lynn, com a menina no banco de trás cantando as músicas que tocavam no rádio o tempo todo. Depois que elas saltaram, ele avisou que as buscariam quando quisessem e se despediram.

- Ceci, você espera por papai Paul aqui no saguão, está bem? Eu vou me encontrar com ele para assinar os papéis do divórcio, depois você pode passear com ele – disse Lynn arrumando os cachos ruivos da filha.

- OK, mamãe – assentiu Ceci segurando com determinação o envelope com o cartãozinho que fizera para Paul – Chega de arrumar o cabelo, mãe!

As duas trocaram um sorriso e Lynn se dirigiu ao restaurante do Hotel, onde Paul dissera-lhe que estaria esperando. Reconheceu-o em meio à todos instantaneamente. Ele parecia mil vezes melhor do que há meses atrás. O que lhe causou imenso alívio. O rosto estava bem barbeado e ligeiramente bronzeado. Vestia calça jeans e blusa de gola role preta por baixo do blazer marrom.

- Paul! Você está ótimo! – exclamou Lynn abraçando-o com força.

- Eu andei tomando umas decisões sérias na minha vida, Lynn... – disse ele com ar solene.

Ela ficou muda por um instante perscrutando-lhe os olhos em busca de algo a mais, algo que ele não dissera mas que estava implícito em sua voz, embora ela não conseguisse reconhecer o que poderia ser.

- Eu digo o mesmo de você, Lynn... – disse ele sorrindo meigamente para ela – A gravidez só lhe fez bem.

Ela pensou brevemente em tudo que lhe acontecera durante a gravidez, e teve que concordar com ele. Apesar de tudo, aquela gravidez lhe fizera bem e ela finalmente sentia que estava fazendo tudo certo. Os dois conversaram sobre trivialidades por alguns minutos e depois Paul estendeu-lhe os documentos.

- Não creio que haja necessidade de toda essa papelada – murmurou ele mais para si mesmo que para ela.

- Como assim, Paul? – indagou ela sem entender – Preciso dos papéis para casar com Edward...

- Hã? O que disse? Oh... perdão! Não foi isso que quis dizer... – riu ele sereno – Desculpe.

Lynn e Paul assinaram e ele a abraçou despedindo-se dela com um beijo nos lábios. Quando se afastou havia lágrimas nos olhos dele.

- Serei sempre seu, Lynn... – sussurrou ele afastando-se.

- Paul... – murmurou ela vendo ele sumir no meio das pessoas – Oh, esqueci de avisar que Ceci estaria esperando...

Lynn pensou em ligar para ele, mas achou que talvez seria uma boa surpresa para Paul encontrar a filha esperando por ele, seria como se nada houvesse acontecido. E era verdade, nada do que acontecera conseguira abalar o amor de Ceci por Paul.

Edward buzinou para Lynn do carro e ela correu em sua direção abrindo a porta do veículo depressa para não atravancar o trânsito.

- Oi, meu amor... – disse Lynn inclinando-se no banco para beijar o rosto de Edward.

- Olá, futura Sra. Stanton... – murmurou Edward sorrindo para Lynn, e ela teve certeza de que estava tudo bem.

Tudo seria maravilhoso desse dia em diante.

FIM

(Esta história continua no Livro: Garota Inconsequente)

Garota Ingênua [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora