11. Despedida

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Lynn entrou no estábulo, silenciosa. A idéia de vender Foxie era horrível. O avô lhe dera o manga-larga marchador quando tinha dez anos, desde então passeava pela cidade inteira cavalgando Foxie, que era conhecido de toda a vizinhança. A série de erros que ela cometera a colocara numa situação terrível. Mesmo quando cogitara ir para Nova Iorque atrás de Edward, acreditara que seu cavalo estaria para sempre na fazenda aguardando o momento em que sua vida seria menos turbulenta. Não esperava algum dia ter que se desfazer do cavalo, e, no entanto, Foxie era sua única chance, sua única alternativa. Além de um companheiro, era seu bem mais valioso. Ela não tinha mais nada para vender que a ajudasse a chegar até a cidade grande.

Lynn passou a mão pela mancha branca no focinho de Foxie, que relinchou em resposta. As lágrimas rolaram quentes pelo rosto dela enquanto escovava o pelo marrom lustroso. O coração sofria ao pensar em vender a lembrança mais forte que tinha do avô. Foxie era o elo que os ligava, era o diferencial na relação deles, eles não eram apenas avô e neta, não era a mesma coisa com Julie, ou Mary Ann. Foxie os fizera amigos, estreitara ainda mais os laços dos dois. Lynn aprendera a montar com o avô, nunca caíra do cavalo uma única vez. E vender Foxie era como vender uma parte da sua vida, se separar de todas as tardes que passara cavalgando lado a lado com o avô em pé de igualdade. Agora com o avô falecido, o cavalo era seu único vínculo e ela relutava em quebrá-lo. Mas estava desesperada demais. Não tinha escolha.

Pelo menos ela conseguira pensar num comprador ideal, o velho Earl, um amigo de seu avô de longa data. Ele tinha uma fazenda com vastos pastos onde Foxie seria bem cuidado e alimentado. Ao menos assim ela teria certeza de que o cavalo estaria feliz.

A casa do velho Earl ficava a poucos minutos da fazenda de Allan. Há cinco anos atrás o avô comprara Foxie naquela fazenda e lá estava Lynn cavalgando no lombo daquele mesmo cavalo, sentindo as lágrimas ameaçando rolar novamente.

Como se soubesse daquele destino devastador, o cavalo relinchava e firmava as patas no chão terroso, recusando-se a ir mais além quando chegaram no portão de entrada. Lynn bufou e desmontou. Puxou Foxie pelas rédeas, tendo que despender um enorme esforço para que o animal aquiescesse e galopasse até a frente do celeiro de tábuas vermelhas com contorno branco que se erguia adiante.

O senhor de cabelos brancos estava sentado em uma cadeira de madeira escura na porta do celeiro com os pés apoiados em um fardo de feno quando avistou a garota passando pelo portão. Ele abaixou os pés e se inclinou para frente no assento, tentando ver melhor. Sua visão já não era mais a mesma há muito tempo.

- Lynn? – exclamou Earl colocando os óculos para ter certeza do que via – À que devo essa honra?

Lynn sorriu por entre as lágrimas, forçosamente. E Earl levantou de sua cadeira com dificuldade para ir em direção à garota que se aproximava lentamente. Ele notou, com pesar, a expressão de tristeza no rosto da jovem e logo se compadeceu. Aquela menina era a neta favorita de seu velho amigo, então tinha um lugar especial em seu coração desde pequena, quando o velho Alvin Stanton a trazia para escovar as crinas dos pôneis.

- O que foi, pequena? – indagou Earl, gentilmente, empurrando Lynn com delicadeza para um banquinho de madeira e acomodando-se ao seu lado.

- Tio Earl, eu vim... – as palavras relutavam em sair – Eu vim... vender...

Lynn corou enquanto se deixava perder no choro. Era difícil dizer aquelas palavras. O que o velho Earl pensaria dela por vender de volta o cavalo que seu querido avô lhe havia presenteado?

- Vai vender Foxie?! – exclamou Earl incrédulo, entendendo rapidamente a intenção da menina.

Lynn balançou a cabeça em assentimento, incapaz de falar.

Garota Ingênua [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora