7. Julie

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Julie olhava com apreensão para todos os cantos da casa, à procura de Henry. Ele prometera que viria e que lhe traria um lindo presente. Hellen não permitiu à Julie que se maquiasse, por isso, ela estava se sentindo inferior a Lynn, que estava linda, com rosto de princesa. Desagradou-a também o vestido cor-de-rosa nos mesmos moldes do da irmã. Achava cor-de-rosa muito infantil. No fundo, preferia o azul.

Seus olhos brilharam de felicidade e seus lábios se curvaram num sorriso quando vislumbrou Henry entrando muito bem vestido. Ele também sorriu ao vê-la, cumprimentou Hellen e Allan e se aproximou da aniversariante, lhe entregando uma rosa vermelha e uma pequena caixa que continha seu presente.

- Feliz Aniversário para a jovem mais linda do mundo.

- Que bom que veio, Henry. O que é?

- Abra, ora!

Julie desfez o laço da caixinha e abriu devagar. Corou de vergonha ao ver a pequena calcinha vermelha dentro da caixa. Fechou rapidamente e a escondeu atrás do corpo.

- O que foi? Não gostou?

- Sim... gostei, mas mamãe... ela...

- Queria ver meu presente no seu corpo... – sussurrou ele em seu ouvido.

- Henry... Você fala essas coisas, mas está noivo de Lynn.

A expressão do rosto de Henry mudou, demonstrando visível irritação.

- Eu detesto sua irmã! Venha, vamos dançar.

- Não... Antes eu preciso guardar o presente...

Henry pegou a caixinha das mãos de Julie, retirou o conteúdo, que enfiou no bolso da calça, largando a embalagem em uma mesa.

- Deixe que eu guardo. Talvez mais tarde você a vista para mim.

- Nunca! Não sou oferecida como a minha irmã!

- Tenho certeza disso! Mas eu sou abusado demais!

Julie se deixou envolver nos braços de Henry enquanto dançavam, imaginando se teria mesmo coragem de mostrar a calcinha para Henry em seu próprio corpo.

Menos de duas horas depois a casa estava lotada. A cidade em massa estava presente no aniversário de Julie, todos bem vestidos em esporte fino. A festa foi correndo pela noite tranqüilamente. Já passava da meia-noite quando Allan começou a procurar por Edward e Lynn.

- Eu não acredito, Hellen. Onde se meteram?

Allan já começara a pensar coisas horríveis da filha. Por que ela não podia ser feito suas irmãs mais novas? Julie era como uma santa! E as pequenas Amy e Marcella de dez anos não poderiam ser melhores. Até a irmã mais velha de Lynn, Mary Ann, que estava cursando Oxford nunca trazia problemas! Mesmo morando longe de casa e sozinha! Allan não confiava em Edward, precisava encontrá-los!

Bufando, Allan saiu pela porta da frente e deu a volta na casa à procura dos dois. Olhou no estábulo, no depósito e na garagem de carros. Sem sucesso ele foi até a garagem de maquinário de colheita.

- Encontrei você, sua despudorada! – gritou Allan abaixando a alavanca que acendia todas as luzes do lugar – E você, Ed...

Allan parou de falar e franziu a testa. Aquele não era Edward e aquela não era Elizabeth.

- Julie... – balbuciou ele incrédulo – Henry...

A filha vestia uma calcinha vermelha que ele nunca vira igual antes, a não ser em filmes de mau-gosto. E lá estava sua filha, se agarrando com Henry atrás da colheitadeira, parecendo uma garota de programa dessas que se encontra em Beverly Hills. Henry e Julie se afastaram desajeitadamente, ele tentando vestir as cuecas e ela tentando se cobrir com o vestido.

Allan sentiu um peso caindo sobre suas costas. As pernas fraquejaram e ele teve que se apoiar na máquina descascadeira para não cair. O rosto estava rubro de vergonha. Suas filhas eram decepcionantes e isso o deixava destruído.

- Como você pôde fazer uma coisa dessas, Henry? Minhas duas filhas!

- Não, senhor, não aconteceu nada entre Lynn e eu...

Allan lançou um olhar afiado ao garoto semi-nu.

- Vou suspender o noivado com Lynn, você vai se casar com Julie. E o quanto antes! Antes que comece a crescer a barriga!

- Mas papai, eu não...

- Cale a boca, Julie! – berrou o pai virando o rosto – Daqui a alguns meses, se você estiver grávida, todos vão notar! E vai ser uma vergonha, a noiva grávida!

Julie baixou o olhar, sentindo-se realmente envergonhada.

- Vistam-se e voltem para a festa – ordenou Allan saindo da garagem, desolado.

Garota Ingênua [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora