50. Conversa séria

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Lynn o encarou, serena, sem pretensão de magoá-lo, apenas queria esclarecer os fatos para que as ações de Edward parassem de ser movidas por sua culpa de uma vez por todas.

- Você está fazendo isso como forma de se retratar pela primeira vez que me abandonou, não é? Pois não precisa, Edward. Eu não preciso de você agora, eu precisei só na primeira vez - disse Lynn, em sua voz uma mistura de pena e mágoa.

Edward gira os ombros, desconfortável, porém, calejado de tanto sofrer. Estava na hora de terem uma conversa séria. Aquela manhã serena seria estragada mais uma vez por uma briga sem sentido. Ele evitaria se fosse possível, mas não poderia deixar de tentar convencê-la de sua versão dos fatos.

- Lynn, por que sempre diz que eu lhe abandonei? Não entendo... Você nunca me contou que estava grávida! - protestou. Pelo que se lembrava, haviam passado uma última noite juntos sob o claro pretexto de ser uma despedida, ainda que reconhecesse que ir-se embora na manhã seguinte sem uma palavra sequer houvesse sido lamentável. Ele apenas havia feito o que julgara ser menos doloroso para os dois.

- Não seja cínico! – exclamou ela repentinamente, sem conseguir controlar suas reações - Eu não sei por que pensei que as coisas pudessem ser melhores. Não quero mais sequer olhar para sua cara, Edward, pode ir embora como é do seu feitio!

- Não, agora me conte tudo - volveu ele - Desde as brigas nos tribunais que eu quero entender essa história.

Lynn tapou os olhos marejados de lágrimas com as mãos. Não acreditava que Edward pudesse ser tão cínico. Ela chegou até a cogitar a ideia de viver em paz com ele depois da noite anterior, mas agora tinha a certeza de que era impossível. Não sabia se podia superar a mágoa que sua ausência havia provocado em um momento mais crucial de sua vida. A única coisa que queria é que ele pedisse perdão e reconhecesse seu erro.

- Não chore, Lynn... - pediu Edward, aproximando-se da cama onde ela estava sentada - Fale para mim, por que acha que eu lhe abandonei grávida? – insistiu ele - Admito que fui um canalha indo embora da fazenda daquela forma, mas naquele momento eu pensei que seria melhor para todos se eu sumisse, entendeu? Já que era, e continua, linda, alegre e cheia de fogo, eu cogitei que logo me esqueceria e arrumaria um novo amor e que se tornaria uma rica criadora de cavalos, já que os ama tanto.

Como ele pôde ter feito essa decisão sem a consultar? Por que Edward insistia em decidir tudo sem dar-lhe a chance de escolher por si mesma. Aquela era apenas mais uma de suas desculpas. Dizer que ficaria melhor sem ele! Será que havia sido melhor mesmo, será que a vida de ambos não havia apenas se complicado ainda mais depois que ele decidiu sozinho o destino dos três? E ainda por cima negando que sabia sobre a gravidez quando ela claramente lhe havia contado!

- Eu te contei sobre a gravidez no dia do aniversário de Julie! Na adega depois de termos... - argumentou Lynn, ansiando por esfregar na cara dele que o que dizia era mentira.

- Na adega? – interrompeu ele franzindo a testa, aquele dia era apenas um borrão difuso em sua memória - Na noite do aniversário de Julie? Lynn... Naquele dia eu não estava no meu mais perfeito  juízo... Eu estava bêbado! A dor de ter que esquecê-la à força, me tirou do prumo, cada gota de álcool ingerida representava um dia que eu teria que passar entorpecido sem você - disse ele olhando-a intensamente, em busca de compreensão.

- Você me dá nojo, Edward! – gritou ela com o rosto  vermelho, parecendo não ter acreditado em uma só palavra - Saia daqui! Saia! Suma!

Se Edward achava que poderia simplesmente alegar ignorância e que tudo ficaria lindo e feliz dessa forma, estava enganado.

- Não! Não quero sair daqui sem você, Elizabeth! Eu te amo! Te amo! - insistiu ele, sentindo seu coração sendo estraçalhado por aquela conversa.

Garota Ingênua [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora