27. Pai e filha

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Cecília estava escolhendo as roupas que levaria para  passar o final de semana com o pai, para desespero de Lynn. Todo mês tinha que passar por aquele tormento de ver a filha entrando no carro de  Edward e sumindo de vista, como se nunca mais fosse voltar. O acordo de guarda determinava que Cecilia passasse um final de semana por mês com Edward, e fizesse ao menos uma visita sem pernoite a casa quinze dias, mas para Lynn parecia uma eternidade longe da filha. Quando a garota voltava das visitas, não gostava de conversar sobre o passeio, não contava nenhum  fato desagradável, nada que pudesse fazer com que Lynn movesse um processo para tirá-la dele definitivamente. Ao contrário! Apesar de não dizer nada, Lynn percebia que Cecília ficava ansiosa quando chegava perto do dia de ir visitar aquele homem.

- Senhora Anderson, o senhor Edward já está lá fora esperando - disse sua funcionária, apertando uma mão na outra com nervosismo. Aquele dia também parecia um tormento para os funcionários devido ao clima pesado que baixava na casa nessas ocasiões.

- Diga que espere um pouco, estou arrumando o cabelo de Cecília - resmungou Lynn.

- Já chega de arrumar, mamãe! - pediu Cecilia, virando o corpo para forçar a mãe a largar seus cabelos.

- Filha... Tem que arrumar bem bonita. Acho melhor desmanchar tudo e arrumar  novamente.

- Não... Minha cabeça está doendo. É melhor não deixar o p... é... Edward  esperando - falou a garota, embolando-se com as palavras.

- Está bem. Até logo, filha. Te amo tanto – disse Lynn suspirando, abraçando-a com força antes de deixá-la ir.

- Também te amo, mãe - afirmou a menina, acariciando o rosto da mãe com ternura.

Edward sorriu ao ver a filha vindo rapidamente ao seu encontro. Ela pulou os degraus do pórtico de entrada, aterrissando em sua frente.

- Olá, Edward! - disse Cecilia, com o olhar inquieto.

- Olá, amor. Vamos? - sorriu ele, estendendo a mão para ela.

- Sim, vamos. Tchau, mamãe - ela se virou para trás rapidamente para acenar com a mão, ignorando a oferta de Edward, que apertou os lábios e abaixou o olhar.

- Ligue para o seu pai quando chegar, Ceci. Você sabe que ele se preocupa.

Edward fuzilou a mãe de sua filha com o olhar, pois tinha certeza que ela dizia essas coisas simplesmente para provocá-lo. Soltando um suspiro, ele abriu a porta do carro para Ceci e colocou a mochila dela no banco traseiro.

Comprara uma casa perto dali. Não era tão grande quanto a de Lynn, nem tão luxuosa. As prestações eram pesadas, mas ele fazia pela filha. Estava correndo atrás de trabalho com muita dedicação, as visitas de Ceci o revigoravam e ele se pegava imaginando como seria se ao invés de passar somente alguns finais de semana com a garota,  pudesse estar com ela todos os dias e com Lynn também... Apesar de toda a hostilidade, sempre que a via, seu coração dava um solavanco no peito. Ele só queria poder se entender com ela, queria que ela acordasse desse pesadelo e corresse para seus braços. O casamento com Paul era apenas uma ilusão, ele sabia que nunca poderia dar certo entre os dois, pois Lynn fora feita para ele, mais ninguém. Ela podia lutar o quanto quisesse, e realmente fazia, mas jamais conseguiria se afastar dele.

Mesmo nutrindo todas essas esperanças, quando pensava em Lynn, fechava a cara. Era algo que estava fora de seu controle. Sonhava com ela pelo menos duas vezes por semana, sonhos que o deixavam envergonhado e contrariado.

Não bebia desde que contratara Walter Armstrong como seu advogado e o homem lhe dera uma bronca a respeito. Edward sentia-se grato, Walter tornara-se seu amigo com o passar do tempo e, com exceção de Hellen, era uma das poucas pessoas com quem ele  conversava.

Garota Ingênua [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora