Os meses que se seguiram foram de muito trabalho para Lynn. No início ela pensava todas as noites sobre Edward e Paul tentava encontrá-lo com afinco, mas ele parecia ter sumido do mapa mesmo. Depois de um tempo Lynn sentiu a derrota e preferiu evitar sequer mencionar aquele nome.
Choviam convites para comerciais de roupas e perfumes destinadas ao público jovem, mas Lynn procurava não aceitar nenhum porque sua gestação já estava no sétimo mês e apesar de não ter engordado quase nada, a barriguinha redondinha já se fazia mostrar, os seios haviam aumentado dois números e o quadril estava mais arredondado. A convivência com Jessica estava ficando insuportável. A amiga estava se mostrando muito possessiva e controladora, além de muito ciumenta. Jessica parecia saber muitas coisas sobre a vida de Lynn, mais até do que ela havia contado.
Por isso gostava de estar com Paul sempre que podia. Ela ia ao apartamento dele às vezes quando ele não estava, pois ele tinha dado-lhe as chaves, e ficava apreciando o silêncio. O amigo estava sempre atarefado, viajava muito, mas sempre que podiam, se encontravam. Lynn inclusive estava arrumando as roupas para passarem o final de semana juntos. Paul havia rompido definitivamente com o quase namorado e estava arrasado. Disse que precisava muito de companhia. Os meses de convivência aproximaram muito os dois amigos como se fossem almas gêmeas-amigas, Lynn dizia. Paul dissera que nunca conhecera uma pessoa tão verdadeira quanto ela e que se acostumara com o mundo fútil da moda, onde o caráter era negociável, tanto quanto o corpo ou o rosto. Às vezes, Lynn ficava confusa sobre Paul pela maneira como a olhava enquanto assistiam a um filme no sofá ou enquanto dormiam lado a lado no tapete da sala. Lynn gostava de adormecer ouvindo as histórias de Paul, sentindo um leve acariciar nos cabelos.
Às vezes sentia uma vontade incontrolável de beijar-lhe a boca. Paul tinha o rosto bem desenhado e seu corpo era esbelto com músculos bem definidos, os cabelos eram castanhos claros e os olhos escuros. Uma vez, Lynn acompanhou-o num coquetel em que ele usou um terno preto, acompanhado de camisa social preta e gravata cinza escura. Ela quase perdeu o fôlego quando o viu, estava muito bonito. Só não gostou de ter que dirigir enquanto ele se enroscava com duas pessoas no banco traseiro do carro. Aquelas coisas da cidade grande já estavam ficando comuns para ela que nunca imaginou aprender a dirigir um carro. Paul a ensinou em uma semana, preparando-a para tirar a carta de habilitação. Ela agora já estava bem adaptada à vida em Nova Iorque e os trabalhos como modelo estavam rendendo bem.
- Paul... cheguei! - gritou, abrindo a porta do apartamento devagar.
- Estou aqui no quarto, Lynn.
Lynn entrou no quarto e encontrou Paul deitado na grande cama de casal, coberto até a cabeça. Lynn puxou o edredom e o encontrou com um saco de gelo na cabeça. Olhos e nariz vermelho.
- Já tomou remédio?
- Não quero... – murmurou ele, dengoso, fazendo-a sorrir.
- Eu estou aqui.
- Deite aqui, deite! - disse ele, erguendo o cobertor para que ela se aconchegasse ao lado dele.
Lynn deitou-se ao lado dele e Paul enrolou-a no cobertor, abraçando-a para ficarem juntinhos. Ficaram assim por muito tempo, apenas apreciando a companhia um do outro. Lynn sentia-se segura e bem cuidada nos braços dele. Finalmente Paul se afastou e começou a falar tudo.
- Greg me deu um fora. A história que os pais não iriam aceitar nosso relacionamento, as desculpas para não atender telefone, sair, era tudo mentira! - falou com amargura - Na verdade, ele tem um caso com um produtor de moda famosérrimo. O interesseiro vai para Milão!
- Sinto muito, Paul. Eu estou aqui para você! – exclamou ela apertando-o em seus braços.
- Você também vai me deixar um dia, eu sei! - falou dramaticamente, e Lynn deu uma gargalhada.
- Nunca! Nunca vou te deixar, eu amo você. Muito - disse Lynn, quase sem perceber o que havia dito.
- Ama mesmo? Você jura? - indagou Paul, fitando-lhe os olhos com intensidade.
- Juro que amo.
- Que linda! Eu também te amo, meu anjo.
Paul a apertou contra si, percebendo que gostava de Lynn mais do que como amiga, a cada dia estavam mais próximos e ele adorava ver o desabrochar daquela linda flor do campo. "Sou muito volúvel, me apaixono por todo mundo", pensou. Aos 22 anos, parecia ter dúvidas sobre seus desejos e a vontade de beijá-la aumentava a cada segundo. Seu coração bateu no peito acelerado.
- Lynn... – chamou ele timidamente.
- O que é? – perguntou ela com meiguice na voz, como se falasse com uma criança.
- Posso te beijar?
- Você sempre me beija sem pedir! – ela riu.
- Não... - disse, abaixando o olhar ligeiramente - Posso beijar na boca? - perguntou, sentindo o coração se acelerando loucamente. Será que estava sendo ousado demais? Lynn o odiaria! O pensamento o entristeceu e ele rapidamente se arrependeu da pergunta impertinente.
- Na boca? – repetiu ela, sentindo um calor repentino.
- Ah, desculpa! Eu não estou bem - disse Paul, erguendo o olhar novamente, afastando-se ligeiramente para não constrangê-la ainda mais.
- Quer que eu saia? - indagou Lynn, insegura. Sabia que Paul estava chateado com o término, mas a ideia de beijá-lo era tentadora. Os dois tinham uma química tão boa. Ela já havia pensado nisso diversas vezes, mas não queria se deixar levar num momento em que o amigo não estava se sentindo bem emocionalmente.
- Não! – negou Paul - Claro que não, quero que fique aqui para sempre!
- Paul... - a respiração de Lynn saiu entrecortada, uma decisão havia se formado em seu coração - Você pode me beijar sim... – murmurou ela, ansiosa e envergonhada.
- E se eu gostar? - falou Paul, aproximando-se um pouco mais e os dois se fitaram intensamente.
- Aí você dorme felizinho... – respondeu ela rindo, sentindo a excitação crescendo aos poucos em seu peito.
- É... Vendo por esse lado... - ele riu - E se eu não gostar, ou se você não gostar...? - indagou hesitante.
- Aí teremos um assunto para rir durante a noite e você vai esquecer que brigou com Greg - concluiu Lynn, ansiando por aquele momento.
- É... só tenho a ganhar te beijando.
- Sim... – concordou ela, acenando ligeiramente com a cabeça nos travesseiros.
- E você, o que tem a ganhar? – indagou Paul chegando mais perto dela, passando uma mão pelas costas de Lynn.
- Talvez eu esqueça Edward durante o tempo que estiver te beijando.
- Tentador... - ele abriu um meio sorriso.
Os rostos de ambos estavam muito próximos. Falavam com os lábios praticamente colados. Lynn fechou os olhos num convite explícito e Paul fez o mesmo. Os lábios se encontraram timidamente, depois com paixão. Quando deram por si, Paul estava quase deitado sobre Lynn. Podia sentir sua excitação aumentando. Lynn estava gostando muito daquele carinho, mas de repente Paul se afastou, com medo de machucá-la, já que estava grávida.
- Oh, Lynn... Desculpe-me! – exclamou ele ao notar o que estava fazendo - Acho que me deixei levar pelo calor do momento...
- Tudo bem, Paul – ela disse quase sem fôlego.
- Eu me perdi em você igual a vez que uma onda me levou mar adentro e um lindo salva vidas me salvou, eu tinha 10 anos – confessou ele rindo bastante, sentindo o peito quente.
Lynn sorriu com ternura e acariciou-lhe o rosto, tornando à pressionar seus lábios contra os dele, sentindo-se audaz.
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Roman d'amourLEIA A SINOPSE APÓS O AVISO: Se você estiver lendo esta história em qualquer outra plataforma que não seja o Wattpad, provavelmente está correndo o risco de sofrer um ataque virtual (malware e vírus). Se você deseja ler esta história em seu formulár...