21. O Reencontro

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O vôo de Madrid até Nova Iorque atrasou um pouco,  deixando Edward extremamente irritado. A foto de Lynn grávida no  outdoor despertou algo incontrolável nele. Precisava desesperadamente saber  se a gravidez era real ou apenas uma montagem fotográfica e se aquela criança era sua.

Edward se hospedou em um hotel e no dia seguinte, marcou  um encontro com Josh em um restaurante próximo. Josh era um grande amigo, e certamente iria lhe dar todas as respostas com a devida discrição.

Edward bebia seu segundo copo de whisky quando Josh chegou. Ele sorriu, apesar de não saber do amigo há muito tempo.

- Quem é vivo sempre aparece!

- Desculpe sumir assim, Josh... Mas você sabe dos meus problemas particulares.

- Claro que sei. Edward, não se preocupe.

Josh mostrou a Edward o jornal com a revelação do nome  do suposto pai da criança que Lynn esperava. Edward arrancou o jornal das mãos  do amigo sem acreditar no que estava lendo.

- Como Lynn veio parar aqui?

- Simplesmente apareceu na agência atrás de você e em  poucos meses era uma das minhas modelos mais procuradas. Ela é sua sobrinha,  mesmo? - perguntou Josh desconfiado.

- Sim. É filha da minha irmã de Ohio... Mas onde ela  está agora?

- Um momento... – disse puxando o celular - É Paul, lembra dele?

- Paul, o fotógrafo?

Josh confirmou com a cabeça e colocou o celular na orelha, desviando o olhar de Edward para atender a ligação.

- Alô... Paul! Fale... Sim... Lynn? Uma menina? Mas não  nasceu cedo demais? Oh, minhas felicitações a ela. Certo, certo. Avisarei aos  clientes. Obrigado por avisar.

- Edward fazia gestos desesperados para que Josh  desligasse logo o telefone assim que ouviu o nome de Lynn.

- Nasceu uma menina, mas está sob cuidados no hospital.

- Em que hospital? Pelo amor de Deus! - questionou Edward, exasperado.

- Não perguntei...

- Oh, Josh... Não me faça isso! - exclamou Edward jogando as mãos para cima.

- Espere, ligo para ele - disse o outro, pegando novamente o celular para retornar a ligação.

- Mas por que ele está com a Lynn?

- Edward! Eu não posso fazer dez coisas ao mesmo tempo!  - Falou Josh irritado, enquanto aguardava atenderem e rezava para que não  tivesse que ser a pessoa a responder aquela pergunta à Edward - Paul? É Josh. Mais uma  coisinha... Onde é o hospital? Ah... Sim. Claro, conheço sim. Obrigado, até  logo.

- Então? – indagou Edward inclinando-se sobre a mesa, ansioso.

Josh forneceu o nome do hospital a Edward, que  imediatamente retirou a carteira do bolso do casaco, deixando uma nota em cima  da mesa para pagar a conta. Levantou-se e dirigiu-se a rua para pegar um táxi, chamando Josh para  acompanhá-lo até entrar no veículo.

- Fale-me sobre Paul e Lynn. São "amigas"? -  Edward usava um tom de voz debochado ao se referir a Paul.

- Paul tem sido muito importante na vida de Lynn. -  despistou Josh, desconfortável por ter que ser ele a explicar aquele assunto.

- O táxi. Obrigado por tudo, Josh. Você é um bom amigo.

- Preciso de um trabalho seu. Tenho uma campanha que é a  sua cara!

- Claro, vemos isso outra hora. Até.

Edward chegou ao hospital e se dirigiu imediatamente ao  balcão de informações perguntando sobre Lynn. A enfermeira fazia muitas  perguntas, deixando-o irritado.

- O senhor é o quê dela?

- Sou o p... tio de Elizabeth.

- O horário de visitas já terminou senhor Stanton.

- Mas que diabos! Cheguei da Europa há trinta minutos só  para poder vê-la! - mentiu Edward.

- Bem... O senhor aguarde um minutinho. Vou ver o que posso fazer...

- Pelo menos, deixe-me ver o bebê - pediu Edward.

Ele esperou trinta minutos pela autorização. A  enfermeira-chefe permitiu que ele visse a criança pelo vidro da maternidade.  Edward não conteve a emoção ao ver uma pequenina bola cor-de-rosa dentro da  incubadora, cheia de tubos. Estava muito longe, não conseguia ver quase nada,  mas ficou muito emocionado com a idéia de ser pai. Lágrimas corriam pelo seu  rosto enquanto lembrava-se dos momentos que havia passado com Lynn na fazenda. 

- Senhor Stanton... Se quiser ver a sua sobrinha, tem  que me acompanhar agora.

- Claro...

A enfermeira entrou no quarto de Lynn sem bater, como  era hábito no hospital. Edward entrou logo atrás, contrariando as instruções  da enfermeira que deveria fazer o anúncio da visita antes de sua entrada. No  exato momento em que entraram, Paul estava debruçado sobre a cama onde Lynn repousava e a beijou com carinho, acariciando seus longos cabelos. Edward  engoliu em seco sem acreditar no que estava vendo. Lynn virou-se sorrindo para a  enfermeira e já ia fazer uma brincadeira sobre suas entradas repentinas quando  se deparou com Edward.

Ela empalideceu imediatamente, segurando firme a mão de  Paul, que se levantou e cumprimentou Edward, lhe estendendo a outra mão  educadamente. Edward não aceitou o cumprimento, pedindo para que Paul os  deixasse a sós. Paul se sentiu inferiorizado diante de Edward. Ele era muito  mais alto e forte e o olhava com desprezo. Ele sabia a história de Lynn e Edward, sabia como havia sido avassalador e aquilo o incomodava, pois temia o que iria acontecer agora que o verdadeiro pai da criança estava ali. Sentiu vergonha de si mesmo pelo seu passado. Se saísse  daquele quarto naquele momento, talvez nem seria notado. Porém, Paul não iria deixar  que aquele homem lhe tomasse Lynn e sua filha. Iria lutar pelas duas com todas  as suas forças.

- Se minha noiva quiser que eu saia... Quer que eu saia,  querida? - Falou encarando Edward, que a cada revelação, parecia perder ainda  mais as forças.

Lynn murmurou algo e não fez menção de largar a mão de  Paul.

A enfermeira solicitou que Edward voltasse no dia  seguinte porque a paciente não parecia bem. Ele saiu do quarto com a sensação  de estar dentro de um pesadelo terrível, praticamente arrastado pela enfermeira e o vigilante do andar que o havia seguido ao perceber sua agitação.

- Lynn, tudo bem com você? – indagou Paul depois que  Edward se retirou.

- Paul, eu não quero que ele roube a nossa filha! –  exclamou Lynn com lágrimas nos olhos.

O fato de Lynn continuar a dizer "nossa filha" mesmo  depois de ter visto Edward fazia com que todas as suas inseguranças fossem embora.

- Eu preciso que você registre a Cecília – depois de uma  noite inteira conversando o assunto, os dois chegaram a conclusão de que a  menina deveria se chamar Cecília, em homenagem à falecida mãe de Paul – Não  quero que Edward se envolva em nada!

Lynn falava com tamanha veemência que fazia com que Paul  se sentisse mal por negar a Edward a própria filha. Sentia-se dividido com aquele dilema interno.

- Lynn, não acha que talvez seja melhor conversar melhor com Edward?

- Não! – negou ela categoricamente – Edward me abandonou  quando eu mais precisei dele. Não quero que ele faça isso com a minha filha.

- Mas, Lynn...

- Não, Paul. A Cecília é sua filha! Minha e sua! Não  quero que Edward a veja. Por favor, dê ordens para que lhe proíbam a entrada.

Conseguir isso era fácil. Era só dizer que se tratava de  um pedido de Elizabeth Parker que o hospital inteiro se punha à inteira  disposição da garota. Era como um sonho para os funcionários tê-la no local.

Garota Ingênua [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora