23. Uma última chance

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Lynn e seu pai caminhavam pelo corredor de flores, sorrindo tranquilamente enquanto os flashes estouravam euforicamente. Sentado na terceira fileira do lado esquerdo estava Edward. Lynn o avistou quase que instantaneamente. Por um momento ela hesitou e suas pernas fraquejaram, o pai lançou-lhe um olhar preocupado enquanto sustentava-a pelo braço.

- O que foi? – sussurrou Allan no ouvido da filha.

- Quem chamou Edward?! – sussurrou Lynn com a voz rouca, disfarçando um sorriso, apertando o braço do pai com todas as forças para se manter de pé.

- Sua mãe. Por quê? – perguntou Allan seguindo em frente.

Lynn sentiu a cabeça girando. Não o desejava ali. Por  que ele tinha ido? Não era justo o que ele estava fazendo.

Paul franziu a testa notando a hesitação da noiva. Seguiu com os olhos a direção do olhar dela e avistou Edward. Por um instante pensou que ela fosse correr. Os olhares dos dois se encontraram e Paul tentou lhe transmitir segurança.

Lynn desviou sua atenção de Edward e caminhou o restante do tapete de flores até o altar, sentindo-se aliviada e segura quando finalmente Paul segurou sua mão. Durante toda a cerimônia seu olhar fitou o de seu noivo. A certa altura ela até se esqueceu da presença de Edward e pôde prestar atenção nas palavras do padre, que proferiu:

- Se existe alguém, aqui presente, que saiba de algo que impeça esses dois de se unirem em sagrado matrimônio, fale agora ou cale-se para sempre.

Lynn sorria ternamente para Paul, suas mãos tremiam ligeiramente aconchegadas nas mãos dele. Estavam prestes a se tornar marido e mulher. O momento era excitante, enquanto todos aguardavam o fim da pausa.

A voz de Edward cortou o silêncio, fazendo com que todos virassem as cabeças para fitá-lo, menos Lynn que continuou imóvel olhando para Paul, em estado de choque. Não conseguia acreditar que Edward estava fazendo isso num momento tão especial, recusava-se sequer a olhar em sua direção.

- Eu sei de algo! – exclamou ele levantando-se do banco.

- Pois diga... – disse o padre com um ar ligeiramente irritado.

- A noiva está apaixonada por mim, e deu à luz minha filha há seis meses!

Todos fizeram: "Oh!". Os flashes pararam de estourar momentaneamente devido à revelação, mas pipocaram novamente com vigor reforçado segundos depois. Lynn virou a cabeça bruscamente em direção à Edward fuzilando-o com o olhar.

- É mentira! Cecilia é filha de Paul! – gritou ela com lágrimas nos olhos – E eu... Eu não amo você, Edward!

Allan levantou-se compreendendo a situação. Finalmente tudo estava claro em sua mente e ele foi em defesa da filha puxando Edward pelo braço.

- Seu filho da puta – xingou Allan no ouvido de Edward, bem baixo para que ninguém mais ouvisse – Vá embora, você está estragando o casamento da minha filha.

- Mas, Allan, sou eu quem deve casar com ela! A menina é minha filha! - protestou Edward, sentindo-se desesperado. Aquele casamento não podia significar mais para Lynn do que o que haviam vivido juntos. Só podia ser uma mentira.

- Cale a boca! – exclamou Allan apertando a nuca de Edward forçando-o a olhar para baixo – Vá embora daqui!

Os seguranças vieram correndo e agarraram Edward pelos braços. Ele foi arrastado para longe enquanto gritava por Lynn, que chorava ajoelhada no chão.

Paul puxou a mão de Lynn e forçou-a a ficar de pé.

- Perdão, Paul... – disse ela com a voz entrecortada por soluços, já perdera a conta de quantas vezes pedira perdão a alguém desde que se envolvera com Edward. A culpa era toda dela? Ela que sempre estragava tudo? Ou era culpa de Edward? Por que sempre tinha que haver algo de ruim? Ela precisava culpar alguém, precisava tirar aquele peso da consciência. E todas essas questões evaporaram quando ela voltou o olhar para Paul, que lhe sorria docemente.

Garota Ingênua [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora