57. Despedida

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- Boa tarde, Edward. Elizabeth está? - perguntou Paul, com as mãos nos bolsos da calça jeans frouxa.

- Boa tarde, Paul. Entre, ela está lá em cima... Não pode descer, então é melhor que você suba. - sugeriu Edward, abrindo passagem para o outro.

- Não vou demorar. - disse Paul com semblante  sorumbático.

Edward ficou preocupado, pois talvez devesse ter avisado Lynn sobre a visita de Paul, entretanto era tarde, pois ele já estava subindo o último degrau.

Lynn escutou passos no corredor e achando tratar-se de Edward, gritou:

- Amor, acabou a minha pipoca com leite condensado! Pode buscar mais?

- Como vai, Lynn? - cumprimentou Paul, aparecendo no vão da porta aberta. Seu corpo se encolhia em si mesmo devido à magreza.

- Paul... - Lynn se surpreendeu ao ficar frente a frente com ele. Paul era apenas uma sombra do homem que tanto amara. Imediatamente um nó se formou em sua garganta e lágrimas brotaram de seus olhos.

- Está tudo bem com você? - Paul se aproximou dela e beijou-lhe carinhosamente a testa, sentando-se em seguida na beirada da cama, pegando suas mãos. Enquanto olhava as mãos delicadas levemente inchadas pela gravidez, Paul tentava falar sobre o motivo que o trouxera até ali.

- Lynn... Queria que me perdoasse... – disse ele num sussurro frágil.

- Perdoar você? Oh... Paul... sou eu que tenho que te  pedir perdão por tudo! Por tudo! – exclamou ela fitando o rosto macilento de Paul.

- Não... Eu queria te pedir perdão por não ter sido  suficientemente homem para fazê-la feliz – volveu ele.

- Por favor... Não fale isso... – pediu ela contraindo o rosto - Você é muito importante na minha vida e apesar de você não acreditar, eu ainda te amo, Paul...

- Você me ama da mesma forma que amo Igor... como um amigo que sempre esteve ao seu lado nos momentos mais difíceis – disse ele, sem pretender  jogar coisa alguma na cara de Lynn, apenas constatando fatos dolorosos de serem admitidos.

- Não... eu o amo como um marido, eu... - insistiu Lynn, confusa ao sentir seu coração se comprimir no peito diante da visão de Paul.

- E quanto ao homem que está lá embaixo? Você o ama como? –  indagou Paul colocando-a contra a parede.

Lynn achou melhor calar-se, pois já havia feito tantas bobagens em sua vida, que aquela poderia ser a pior de todas. Seu amor por Edward era inexplicável e avassalador. Mas Paul também fora um grande amor em sua vida, ela não afirmar que seus sentimentos foram apenas um sopro morno de amizade confundida com paixão. Lynn realmente amara Paul, mas era um amor diminuído diante de tudo que sentia por Edward.

- Está vendo, Lynn? É Edward que você ama e quem sempre amou... - concluiu Paul, com pesar.

- Paul... você me odeia muito? – murmurou ela fitando a barriga enorme.

- Não, Lynn... eu não consigo te odiar, já disse isso  uma vez. Você foi meu grande amor... - as palavras ecoaram pelo quarto, frias e pesadas, enquanto o coração de Paul navegava aquele sentimento arrebatador de perda.

- Queria que continuássemos amigos, porque você é muito importante para mim... - disse Lynn, afagando o rosto dele - Por que está tão magro, tão abatido?

A aparência dele era preocupante, parecia doente e moribundo, como se não houvesse mais nada dentro daquela casca vazia. Lágrimas marcaram as bochechas rosadas de Lynn. Sabia que Paul provavelmente estava caminhando pela avenida da autodestruição e ela não era o suficiente para impedi-lo, ao menos não na situação em que se encontrava. Como ela pudera ter se desfeito de Paul tão facilmente, deixando-o à mercê de si mesmo, de seu sentimento de desmerecimento e sua mente conturbada? Paul merecia alguém que lhe abrisse uma janela, deixando entrar o sol para iluminar sua alma, ao invés de alguém como ela, que apenas o empurrara mais fundo naquela escuridão dentro dele.

Garota Ingênua [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora