47. Máscara quebrada

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E foi dito e feito. Em dez minutos Edward corria para o pórtico de entrada, fugindo da chuva raivosa que lhe fustigava o rosto. Lynn e Ceci esperavam por ele na porta, que abriram assim que o viram chegando pela janela lateral, dando-lhe passagem.

- Minha nossa, que dilúvio! – exclamou ele, ofegante, parado na porta.

As duas abriram a boca para falar ao mesmo tempo, mas uma trovoada estrondosa fez com que soltassem gritinhos agudos de pavor e corressem para abraçar Edward.

- Desculpe... – murmurou Lynn, envergonhada, afastando-se logo em seguida.

Edward sorriu constrangido e levantou Ceci no colo, entrando na casa atrás de Lynn. Havia candelabros com velas acesas espalhados por toda a sala.

- Pra que vocês querem energia elétrica? Com toda essa luz é capaz de ficarem cegas – brincou ele olhando para Ceci ternamente.

Os três ficaram na sala por um longo tempo. Edward e Ceci sentados abraçados no sofá e Lynn numa poltrona, calada. Tanto Ceci quanto Lynn sentiam-se aliviadas pela presença de Edward, embora Lynn não o fosse admitir. A cada trovoada ela sentia vontade de se unir aos dois no sofá, mas sentia vergonha. Depois do susto inicial, Ceci se acalmara e adormecera protegida nos braços do pai.

- Será que é melhor colocá-la na cama? – perguntou  Edward.

- É melhor não, senão pode se assustar com uma trovoada durante a noite e acordar sentindo-se só – disse Lynn – Quer um café, Edward? Um chá?

- Claro, pode ser um chá... Quer que eu a acompanhe? –  sussurrou ele deitando Ceci no sofá mais confortavelmente.

- Não, não é preciso – negou ela formalmente.

Lynn se levantou e apertou o nó do robe de seda preta mais firmemente. Levando um castiçal com uma vela acesa ela foi até a cozinha. Naquele momento tudo estava estranhamente quieto e silencioso, somente se podia escutar o barulho da chuva caindo do lado de fora suavemente, e um arrepio percorreu a espinha de Lynn fazendo-a agoniar-se com aquela calmaria.

Talvez só quisesse a companhia de Edward, mas era difícil admitir para si mesma. Lynn abriu o armário superior e tirou uma chaleira cromada. Dando a  volta na ilha da cozinha, abriu uma gaveta e tirou dois saches de ervas. Repentinamente a janela lateral da cozinha se escancarou, devido à forte ventania, batendo na parede com estardalhaço e fazendo com que Lynn gritasse de susto enquanto o vidro se espatifava. Uma trovoada ressoou nervosa e quando Lynn se virou para correr para a sala a primeira coisa que viu foi Edward com semblante preocupado. Sem pensar, se jogou em seus braços, arfando de susto.

Edward passou a mão pelas costas dela e a apertou de encontro à si. Esquadrinhou a cozinha com os olhos procurando o motivo do estrondo e logo viu a janela aberta.

- Shhh... Está tudo bem, meu amor - sussurrou Edward afagando os cachos loiros e macios enquanto Lynn afundava o rosto mais ainda  no peito dele, tremendo com o sobressalto. Seu coração batia à mil por hora.

- Eu levei um susto - balbuciou ela agarrando-se à ele com força - Eu odeio tempestades, Edward. Odeio!

- Está tudo bem, foi só o vento.

Lynn enlaçou as costas dele parecendo desesperada. E Edward apertou-a com mais força. Seguindo os impulsos da carne, quando Lynn levantou o rosto para ele, os dois se perderam num beijo enlouquecido. O medo de Lynn se esvaiu em forma de desespero e ela puxava-o para cima de si com  lascívia. Aquelas sensações que ela não conseguia controlar explodiam dentro de seu corpo fazendo-a cravar as unhas por cima das roupas dele, suas pernas estavam ficando moles e seus sentidos pareciam ter sido bloqueados e tudo que ela podia sentir era o corpo de Edward se misturando prazerosamente ao o seu.

Para Edward tudo parecia irreal e ele já lamentava o momento em que ela o afastaria com uma bronca, mas enquanto não acontecia ele a prensava de  encontro ao seu corpo, deixando-a sentir a virilidade rígida entre suas coxas. Os dois respiravam com dificuldade e Lynn gemia entre beijos desejando que ele a possuísse, sem pensar na culpa ou no arrependimento que poderiam vir a surgir.

Avidamente, Edward sentou-a no tampo da ilha central da cozinha e arrancou o robe de seda, revelando os seios alvos intumescidos e rotundos dela. Naquele momento ele lembrou-se da gravidez e se afastou bruscamente.

- O que foi? - perguntou Lynn ofegante, arrependendo-se de ter externado sua decepção daquela maneira tão óbvia.

- O bebê... Desculpe, Lynn. Eu não deveria ter feito  isso, sei que você deve estar zangada. Desculpe, não pude me controlar. Não sei o que me deu - disse Edward afogando-a com sentenças obsequiosas.

Lynn puxou o robe para junto do corpo escondendo a nudez e desceu da mesa, sua cabeça já estava esfriando, mas seu corpo ainda ardia com aquele fogo que ela não conseguia resistir. Os dois ficaram parados sem se fitar, Lynn encostada à ilha e Edward passando a mão nos cabelos nervosamente,  tentando controlar a excitação.

- Desculpe - murmurou ele mais uma vez depois de alguns minutos - Vou ver como Cecilia está.

Apesar de desapontada pela rejeição, ela não pôde evitar o pensamento de que tudo o que ele lhe dissera anteriormente sobre odiá-la era mentira. Ela pendia entre o regozijo e a dúvida. Depois de acalmar os seus nervos, o frio começou a incomodá-la e ela voltou para a sala, encontrando Edward parado em frente à janela observando a chuva. Notando sua presença ele se virou para ela, ainda constrangido pela cena.

- Vou tentar dar um jeito naquela janela, deixe o chá  para depois.

Lynn concordou com a cabeça e ele passou por ela  rapidamente, deixando um rastro de perfume masculino ao seu redor.

Garota Ingênua [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora