A criança foi registrada como Cecilia Anderson, filha de Paul Anderson e Lynn Elizabeth Parker, nascida na cidade de Nova Iorque. Os dois meses de internação da menininha passaram voando. E logo Lynn pôde levá-la para casa. Paul contratou uma enfermeira para cuidar das suas garotas em tempo integral.
Edward conseguira o telefone da casa de Lynn e ligava todos os dias para ela, apesar das terminantes recusas em falar com ele. Os empregados eram proibidos de dar qualquer informação sobre Cecilia à Edward, cabendo a ele ler as notícias sobre o bebê em matérias de jornais e revistas. O único que falava com Edward ao telefone e lhe respondia as perguntas sobre Lynn e o bebê era Paul. Em nenhum momento ele pedia a Edward que parasse de telefonar e os deixasse em paz, e isso fez Edward sentir uma pontinha de gratidão por Paul agir daquela maneira com ele.
Paul e Lynn decidiram esperar até depois do casamento para terem relações. E quando Cecília completou seis meses, os dois marcaram a data do casamento. A imprensa estava agitada. Depois do parto, Lynn fizera inúmeras campanhas publicitárias, todas coordenadas por Paul, e o casamento dos dois era tão aguardado quanto a cerimônia do Oscar. A data não era segredo, mas o local continuava incógnito para todos. Enquanto os repórteres e jornalistas corriam para desvendar esse mistério, deixavam de lado as matérias sobre Edward ser o pai do bebê.
A fazenda do pai de Lynn em Ohio era alvo constante de equipes de reportagem inteiras que procuravam obter alguma informação sobre o casamento de Lynn. A maioria suspeitava que a cerimônia seria realizada bem ali. Por sorte, Allan não havia sido entrevistado por nenhum repórter. Sempre que via um par de sujeitos com máquinas fotográficas e câmeras filmadoras ele dava tiros de sal com a espingarda na direção deles. O homem não fazia a mínima idéia do motivo que aqueles caras poderiam ter para enxamearem no vilarejo daquele jeito. A notícia sobre Lynn ainda não chegara aos seus ouvidos. Hellen e as filhas faziam questão de esconder jornais e revistas, e aguardavam ansiosamente pela chegada de Lynn. O casamento seria mesmo realizado na fazenda, e Lynn deveria chegar dentro de uma semana para conversar com o pai. A pequena Cecília ficaria aos cuidados da enfermeira durante a ausência de Lynn.
*
Lynn chegou à fazenda numa tarde ensolarada, trazendo consigo presentes para as irmãs e um sorriso radiante no rosto. A perspectiva de conversar com o pai fazia suas pernas tremerem, mas ela sentia-se corajosa e preparada para aquele momento.
A primeira pessoa que viu foi justamente seu pai, que saía pela porta da frente com a espingarda em punho. Por um instante Lynn pensou que os tiros de sal seriam para ela e recuou um passo, mas logo percebeu que o desprezo do pai esvaíra-se desde que a expulsara de casa. O homem largou a espingarda no chão com lágrimas nos olhos exclamando o nome de Lynn extasiado. Os dois correram em direção um ao outro e se abraçaram chorando.
- Perdão, minha filha! – exclamou Allan enquanto abraçava Lynn – Sinto muito pelo que fiz! Eu estava errado! Nunca deveria tê-la expulsado de casa.
Lynn soluçava nos braços do pai de felicidade. Aquilo era tudo que precisava. Sua vida estava enveredando por caminhos maravilhosos, onde tudo corria bem e tudo dava certo.
- Papai, eu vou casar! – exclamou Lynn afastando-se do abraço para fitá-lo.
- Com o pai da criança?
Lynn ia dizer que sim quando pensou bem e decidiu ser honesta com o pai, lhe devia isso.
- Não, papai. É um homem maravilhoso que vai assumir a minha filha. O nome dele é Paul Anderson. Ele é fotógrafo. Conhecemo-nos quando comecei a trabalhar como modelo.
- Modelo? – repetiu o pai incrédulo – Mas minha filha, depois de tudo que eu conversei com você!
- Mas, papai, eu não sou uma piranha, como o senhor pensa que são as modelos e as atrizes! É um trabalho artístico, não tem nada de vulgar – exclamou Lynn alterando a voz e parecendo incrivelmente adulta.
- Eu acredito em você, minha filha... - disse Allan, com lágrimas nos olhos, sentindo-se extremamente arrependido de todo aquele tempo que passara longe da própria filha, rejeitando-a quando mais precisara de ajuda.
- Eu trouxe uma revista para o senhor ver.
Lynn voltou para o carro e tirou uma revista de uma pasta enquanto o pai a acompanhava com o olhar.
- Esse carro... é seu?
- Sim... – respondeu embaraçada olhando de relance para o porshe.
- É bonito... Comprou com o dinheiro que ganhou como modelo?
- Sim, papai...
- E aquele laço enorme?
Lynn virou-se para o carro ainda mais embaraçada.
- É que vou dar de presente para Julie e Henry de casamento...
- Um laço? - indagou ele, com o cenho franzido.
- Não, papai! – riu ela, sentindo-se mais aliviada com o humor do pai – O carro!
Ele riu também e passou o braço em torno dos ombros dela.
- Vamos entrar, 'Lizabeth.
*
Henry e Julie ficaram extasiados com o carro que ganharam de Lynn. No mesmo instante entraram no automóvel e não voltaram por meia hora.
Lynn e os pais conversaram por horas a fio, falando sobre a carreira de Lynn. Ela mostrou-lhes fotos e matérias em revistas, deixando de lado as fotos sensuais. Allan ficou maravilhado com a qualidade das fotografias, realmente não eram vulgares, algumas faziam Lynn parecer muito mais adulta, enquanto outras deixavam-na com aparência inocente. Ele até pediu para ficar com algumas das fotos e Lynn assentiu contente.
Depois do almoço, Lynn foi até a fazenda do velho Earl procurar por Foxie, mas foi informada de que o velho falecera no mês passado e seus bens tinham sido vendidos para pagar as dívidas. Umas poucas lágrimas molharam seu rosto. Dessa vez era pra valer, Foxie não era mais sua propriedade e ela achava difícil conseguir descobrir quem comprara o manga-larga. Voltou para casa com um ar triste, mas logo se ocupou com os assuntos da fazenda. A notícia da sua chegada à Ohio se espalhou rapidamente, e logo os repórteres apareceram em massa. Todos queriam fotografa-la usando os vestidinhos florais, ou andando a cavalo, ou passeando com o pai e as irmãs pela fazenda. Tudo era motivo de primeira página ou capa de revista.
Paul chegou dois dias depois, na data do casamento. O pai de Lynn achou-o interessante. Pediu-o que tirasse algumas fotos da fazenda, dos animais e das filhas, e Paul concordou satisfeito em fazê-lo, enquanto Lynn apenas achava graça da boa vontade de Paul em agradar o sogro. A família almoçou reunida no sábado, pontualmente ao meio dia, e todos conversavam alegres. Parecia um sonho. Lynn estava radiante e sentia seu amor por Paul crescendo gradualmente dentro do peito. O fato de o pai ter gostado de Paul serviu para deixá-la ainda mais contente e na hora do casamento ela sorria serena, feliz por tudo ter dado certo.
Uma parte da fazenda foi transformada em salão de festas. A grama estava forrada com tapetes e enormes arranjos de flores e tecidos brancos pendiam de armações por toda a parte. A iluminação estava perfeita e dava um ar extremamente sofisticado à cerimônia, que não era nem de longe o casamento caipira que a imprensa imaginava. Os repórteres tinham uma área reservada demarcada com compridas faixas de tecido branco ao redor da ala principal, onde estavam os convidados, que voaram de todas as partes do mundo para prestigiar o casal.
Lynn estava parada no final da passarela que ia em direção ao altar olhando emocionada para Paul do outro lado. Ela usava um vestido cor de pérola, sem alças, que delineava o busto magnificamente, algumas flores de crepe emolduravam a parte de cima do busto, enquanto pequenos brilhantes cintilavam por toda a parte de cima indo espalhar-se aleatoriamente até a metade da saia fofa do vestido. As luvas eram de cetim cor de pérola e uma faixa decrescente de brilhantes adornava os braços seguindo do final da luva até pouco antes da dobra do braço. O Buquê era simples, com um laço comprido amarrando o chumaço de flores recém colhidas. Os cachos loiros estavam presos somente na parte de cima com pequenas flores brancas, enquanto o resto do cabelo cascateava pelos ombros. Ela estava linda. Os flashes das câmeras pipocaram todos de uma vez lançando suas luzes em cima de Lynn cinematograficamente. Allan deu o braço à Lynn e os dois caminharam em direção ao altar lentamente. Tudo estava divino. Era do jeitinho que Lynn imaginara e ela estava feliz.
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Garota Ingênua [COMPLETA]
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