Garota Ingênua [COMPLETA]

53. Os papéis do Divórcio

Lynn passou uma semana em Ohio com Ceci. A viagem lhes fez muito bem. Ceci finalmente tivera a oportunidade de aprender a montar com a égua que ganhara de aniversário dos avós, Atenas. E Lynn teve a chance de pensar sobre tudo o que acontecera nos últimos meses. O pai havia sido extremamente compreensivo e ela lhe era grata por isso, a última coisa de que precisava eram represálias. Sabia muito bem que estava errada, não precisava de alguém a lhe lembrar o tempo todo que agira errado, principalmente com Paul.

Quando retornaram a Nova Iorque, a mansão ainda as aguardava solitária, com seu ar vazio e impessoal. Lynn pegou a correspondência na mesinha do Hall e foi para o sofá com Ceci em seu encalço.

- A viagem foi maravilhosa, mamãe... Pena que papai não pôde ir...

- Paul está muito ocupado com o trabalho Ceci, você sabe... – resmungou Lynn mesmo tendo certeza de que a menina se referia à Edward. Era apenas sua consciência pesada trazendo a lembrança de Paul à tona.

- Estou falando do meu pai Edward... – murmurou Ceci, irritada com a mãe. Não conseguia entender como alguém podia ser tão volúvel, sempre mudava de idéia, de opiniões e de humor como num passe de mágica e isso a deixava contrariada e confusa. O que poderia fazer para deixar a mãe contente? Para que voltasse ao normal?

Lynn voltou sua atenção às contas e cartas de fãs que haviam chegado na última semana. Nem ela mesma conseguia achar explicação para sua implicância com Edward às vezes. Ainda o amava como há anos, mas uma pontinha de raiva fazia questão de vir atormentá-la nos momentos menos convenientes. Será que era simplesmente despeito por ter sido rejeitada quando nova? Ou seria pelas dificuldades de descobrir-se grávida e abandonada em uma cidade grande, ansiando por ele?

Lynn passou os olhos rapidamente por um envelope pardo e grosso, era de uma firma de advocacia e ela presumiu que fosse algum contrato para campanhas publicitárias ou alguém lhe processando por alguma bobagem, era impossível fugir dos espertinhos que queriam ganhar dinheiro fácil à custa dos outros. Rasgou o lacre sem olhar o destinatário e puxou o conteúdo para fora enquanto Ceci mudava de canal distraidamente.

Lynn empalideceu ao ler as primeiras linhas do documento.

"Paul, conforme conversado, seguem os documentos de entrada do divórcio. Podemos acertar os detalhes quando voltar de viagem. Albert".

Atordoada ela espalhou o resto dos papéis em cima da mesa de centro.

- O que é isso, mãe? – perguntou Ceci aproximando-se para examinar a bagunça que a mãe estava fazendo.

Os olhos de Lynn se encheram de lágrimas ao começar a ler o conteúdo do documento. Então era verdade, Paul estava mesmo disposto a se divorciar. Aquilo a pegou de surpresa e ela não conseguiu engolir o choro. Deixou-se envolver pela histeria e deitou a cabeça sobre a mesa enquanto chorava descontroladamente.

- O que foi, mamãe? – exclamou Ceci angustiada com a atitude da mãe – O que aconteceu? Mãe?

- Pegue suas coisas, Ceci, nós vamos para casa de Edward.

Cecilia obedeceu apressada. O que quer que fosse, se a mãe queria ir para casa de Edward, sentia-se satisfeita. Quanto mais ficassem com Edward, mais rápido os dois se entenderiam. Certo?

Lynn largou os papéis espalhados pela sala, lavou o rosto e pegou o carro. Dirigiu feito louca, avançando sinais e ultrapassando o limite de velocidade, e quando Cecilia respirava fundo, encolhendo-se no banco de trás. Quando estacionou o carro em frente à casa de Edward respirou fundo e tentou parecer casual. As duas saltaram do carro e foram até a porta. Ceci tocou a campainha com uma expressão preocupada no rosto. Edward abriu a porta na mesma hora e sorriu, embora inseguro.