Edward abriu os olhos sentindo o mundo girar a sua volta. Uma aranha passeava pelo seu braço e ele espantou-a com um peteleco. Lynn estava jogada ao seu lado agarrando-se em seu braço com firmeza. Dormia profundamente. Edward fez um esforço para lembrar o que havia acontecido na noite passada, mas pouco lhe veio à cabeça. Lembrava de não ter ficado na festa. Lembrava de ter ido pra adega, de ter bebido muito, lembrava de Lynn nas escadas da adega. Lembrava que ela lhe havia dito alguma coisa... Porém não conseguia lembrar de nada.... só que haviam feito amor sem tirar as roupas.
Edward passou a mão pelos cabelos empoeirados e soltou seu braço das mãos de Lynn colocando-se de pé. Depois de ter constatado a firmeza nos pés ele pegou Lynn delicadamente no colo. Ela cheirava a álcool.
A casa estava vazia, só restavam os balões estourados, os copos usados, alguns com marcas de batom, outros com guimbas de cigarro se afogando num pouco de bebida que sobrara. Ele passou devagar pelas cadeiras espalhadas pela sala e subiu até o quarto de Lynn. Tomou um banho enquanto ela dormia, arrumou suas malas e foi se sentar na cozinha esperando que Allan acordasse, como de costume, assim que o sol raiasse. Não demorou muito e lá estavam os dois sentados à mesa bebendo café quente. A expressão de Allan fez com que Edward pensasse em uma carta que fora amassada e depois desamassada. Os dois conversaram sobre amenidades por um tempo e depois Edward contou que ia embora. Allan demorou a compreender o que ele queria dizer, e depois que compreendeu balançou a cabeça decepcionado.
- Então vou vender a fazenda do velho – sentenciou Allan com uma nota de angústia na voz.
Edward levantou os olhos para Allan espantado.
- Vender? Por quê?
- Não podemos cuidar de duas fazendas, Edward. E se você não vai estar aqui para ajudar a administrar, o melhor é vender para não sairmos no prejuízo. Esses capatazes roubam demais de nós... Já têm sido difícil esses últimos meses. Sabe, quando você disse que queria aprender sobre a fazenda, senti esperanças de que fosse querer ficar... Mas acho que certas coisas nunca mudam. Tudo bem, está no seu direito. Imagino que tenha seus motivos...
Edward sentiu-se culpado pela venda da fazenda do pai. Mas seria pior se ficasse. Não agüentaria estar perto de Lynn estando ela casada com Henry. A noite passada fora um erro. Não fora uma despedida bonita da qual ele pudesse se lembrar, afinal, mal se lembrava direito do que tinham feito, estava bêbado e aquilo o deixava decepcionado consigo mesmo. Se antes se sentia um lixo, agora mais ainda.
Os dois homens se despediram com um abraço pouco caloroso. Edward pediu a Allan que se desculpasse com a irmã por ir embora sem se despedir, mas ele tinha mesmo que ir. Sentiu-se grato ao cunhado, por não fazer-lhe perguntas ou insistir para que ficasse. Assim seria um pouco mais fácil.
Lynn revirou-se na cama sentindo o sol queimar-lhe o rosto. De um salto ela se levantou, lembrando-se da noite que passara com Edward. Ela estava em seu quarto, ainda usando o vestido azul e as sandálias prateadas. Edward não estava lá.
Lynn descalçou as sandálias e correu para o primeiro andar à procura de Edward. Ela se sentia contente. Na noite anterior havia dito à ele que estava grávida, e logo em seguida eles se beijaram e fizeram amor, ali mesmo na adega. Ela receara que ele fosse ficar bravo e brigar com ela, mas tudo se saíra esplendorosamente bem.
O pai estava sentado sozinho em meio à bagunça que restara da noite anterior.
- Bom dia, papai! - disse Lynn com expressão alegre.
- Dia, 'Lizabeth - disse o pai com o sotaque carregado do Texas aflorando novamente de repente depois de anos.
- Que foi, papai? Por que essa cara tristonha? - perguntou Lynn sentando-se ao lado do pai e envolvendo-o com o braço.
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Garota Ingênua [COMPLETA]
RomanceLEIA A SINOPSE APÓS O AVISO: Se você estiver lendo esta história em qualquer outra plataforma que não seja o Wattpad, provavelmente está correndo o risco de sofrer um ataque virtual (malware e vírus). Se você deseja ler esta história em seu formulár...