Capítulo 2 - Bela decisão

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_ Oi.
Falo para o homem a minha frente.

Forte, tatuado, cabelo ralo e barba bem feita, seu olhar é sério mas carrega um pouco de suavidade enquanto me encara.

Tento a todo custo não parecer tão abismada quanto estou.

Por uns segundos não falamos nada apenas nos olhamos, sei que me analisa igual faço com ele, mas aposto que não está tão impressionado quanto eu, não mudei muito desde o ensino médio, continuo a mesma garota cheinha, branca como um fantasma, de cabelos cheios e cacheados, agora ele?

O que a vida fez com esse cara tem que ser aplaudido de pé, benza a Deus, Senhor.

Desvio o olhar e engulo em seco, faço de tudo pra agir naturalmente.

_Senta aí Ravi.
Digo apontando a cadeira na minha frente com o queixo, sem tirar os olhos de mim, ele senta.

_O que tá acontecendo? Porque a mala?

O que aconteceu com a voz dele? Nem a voz está igual a antes, era outro cara, só podia ser.

_Eu preciso de um lugar pra ficar, é provisório, só enquanto eu arranjo um emprego e alugo um cantinho pra mim.

Em seus olhos, milhares de perguntas se formam.

_Por Favor Ravi, sem perguntas, eu só preciso de um lugar.
Afirmo suplicante, a última coisa que preciso é me explicar.

Sou encarada por mais alguns segundos, até que se levanta pegando minha mala.

_ Então vamos.
Diz esperando que me levante.

_ Obrigada.
Quando já estou do seu lado ele assente concordando.

Pegamos o elevador e descemos ao subsolo, o sigo em silêncio, ele para em frente a uma moto, uma puta moto, era imensa, preta com detalhes pratas, impressionante igual a ele.

Ele pega minha mala, prende na traseira da moto, sobe logo em seguida e depois me ajuda a subir, quando vê que estou pronta, arranca em alta velocidade para fora do estacionamento, sem pensar duas vezes enlaço meus braços em sua cintura me segurando, o vento bate forte contra meu corpo me deixando com frio, era a sensação mais apavorante e libertadora que já experimentei.

Ravi guia a moto com precisão, como se fizesse a muito tempo, como se amasse realmente fazer aquilo, o trânsito está calmo e mesmo assim demoramos um pouco a chegar, ele mora longe.

Paramos em frente a uma oficina, quando tiro o capacete, vejo que se trata de uma oficina de motos, recebo sua ajuda para descer e logo após ele faz o mesmo, desprende minha mala e a coloca no chão. Há dois portões, um pequeno e outro bem maior, ele vai até o menor e o abre.

_Pode entrar, vou guardar a moto.
Diz e vai até o portão grande se agachando pra abrir o cadeado, puxa o portão pra cima abrindo o espaço pra moto entrar e revelando a oficina.

Levanto a mala com dificuldade, meu corpo está meio estranho, desconfio que seja por causa da viagem ou pelo contato com o corpo dele, não sei dizer ao certo.

Foco Hadassa, foco.

_Deixa aí que eu levo.
Diz enquanto guia a moto para dentro.

_Pode deixar, eu consigo.
Coloco a alça única no ombro direito e entro na oficina.

O local é espaçoso, logo a frente um enorme balcão toma toda a parede, com espaço apenas para passagem, atrás dele a várias peças lacradas para venda, adesivos e ferramentas, a minha direita motos de luxo e comuns enfileiradas, a minha esquerda uma escada que dá acesso a parte de cima e em baixo dela um mini escritório, birô, notebook e outras coisas que não presto muita atenção.

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