Capítulo 3 - Primeiros passos

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Coloquei o celular pra despertar ontem a noite mas acordei antes dele cumprir sua função, são seis e cinquenta da manhã e já estou indo para o banheiro, tenho tudo que preciso em mãos para tomar banho e me arrumar, não tem ninguém em casa mas ouço alguns barulhos vindo da oficina, com certeza já está aberta, ele acordou cedo mesmo.

Tomo um belo banho, pela primeira vez sem a preocupação de que a qualquer momento alguém irá interrompe-lo a base de gritos, aproveito pra lavar, hidratar e finalizar o cabelo devidamente, de uns temos pra cá não tenho dado a devida atenção aos meus cachos, mas isso irá mudar, esse cabelo bem cuidado faz estragos.

Já seca e de cabelos finalizados coloco uma calça comprida cintura alta Jeans que moldava perfeitamente meus quadris e uma blusinha vermelha de bolinhas, nos pés uma rasteirinha confortável preta, antes de sair dou uma última olhada no banheiro pra vê se não deixei nada fora do lugar, era tudo muito organizado, não quero dar trabalho com minha bagunça.

Coloco em uma pequena bolsinha branca de alça única o que preciso pra sair, mas antes, preciso falar com Ravi, quando entro na oficina encontro ele e mais dois homens debatendo concentrados ao redor de uma moto, bem maior que a dele, devia custar o olho da cara, um dos caras ao lado dele nota minha presença e cutuca Ravi, ele fala alguma coisa com eles antes de vim até a mim.

Ele usava uma roupa bem simples, parecia rotineira, um short de tactel e uma regata preta, olho para o seu rosto disposta a não encarar as tatuagens.

Eu só posso ter algum problema.

_ Vai sair?
Ele pergunta enquanto limpa as mãos em um pano, passa os olhos rapidamente pelo meu corpo.

_Sim, mas agora preciso de um notebook, você tem?
Os caras atrás dele tentam disfarçar, mas sei que tentam escutar a conversa.

_O meu pessoal está na primeira gaveta do raque, lá no quarto.

_Certo, você sabe um local que faça impressão perto daqui?

_Pode usar a impressora da oficina.
Ele aponta com o queixo o mini escritório.

_Obrigada.
Digo e ficamos ali sem ter mais nada pra falar, quando vou virando pra sair...

_Você comeu?
Ele pergunta.

_Como alguma coisa na rua.
Digo e entro na casa.

Vou até o notebook e começo a fazer outro currículo, o de ontem deu bug, não demora muito e coloco pra imprimir umas trinta cópias, o objetivo hoje é entregar o máximo de currículos possíveis, já tenho alguns endereços em mente mas se tiver algum no caminho precisando de funcionário, entrego também.

Não estou exigente, só quero trabalhar e ter meu dinheiro.

Coloco o que tirei no lugar, pego minha bolsa e vou até a impressora, os caras ainda estavam lá com Ravi, os três olham enquanto vou até a impressora, pego os papéis ali, passo por eles e digo um "tchau" baixo.

Segundo o aplicativo de ônibus tem uma parada daqui a dois quarteirões, o dia está claro e quente, não há muito movimento na rua, ando por uns cinco minutos até que chego no ponto de ônibus.

Espero por mais ou menos uns vinte minutos até que o bendito passa, ainda bem que não está lotado, passo a catraca e escolho uma cadeira solo perto do trocador, coloco meus fones de ouvido e coloco pra reproduzir minha playlist de rap. A maioria ficam surpresos porque gosto desse tipo de música, não sei explicar, só gosto, verdades não ditas com um quê de indignação, meu interior se identifica.

Olho a cidade passando pela janela, tenho fé de que tudo daria certo mas sei que o caminho não será fácil, só que é melhor errar tentando do que não tentar.

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