ELAS (Completo)

Capítulo 19 - Recompensa

Olho para a entrada do restaurante Italy, respiro fundo e entro, depois de chegar pela manhã da praia, cochilei um pouco para relaxar para o primeiro dia, agora estou aqui em frente a Débora, que me recebe novamente com um baita sorriso.

_Chegou cedo, muito bem.

Ela faz um tour completo pelo restaurante, desde de a recepção até a dispensa que fica no fundo do restaurante, me orienta a como fazer meu trabalho, dá dicas para não me perder e tento prestar a máxima atenção em tudo que ela diz, afinal, preciso desse emprego, sou levada até a salinha dos funcionários, lá ela me entrega meu uniforme e diz o que devo fazer até às seis, o horário que o restaurante abre.

Faço tudo da melhor maneira que consigo, quando bate seis e o restaurante abre, pessoas elegantes chegam aos poucos, ricos de todas as formas, jeitos e tamanhos, uns bem fáceis de lidar, já outros...um porre.

Quando da oito da noite sou liberada para o meu intervalo, sinto meus pés reclamarem de dor e vou direto para a salinha restrita sentar um pouco, descansar um pouco os coitados, depois de meia hora sentada e já fora do restaurante, ando pelas ruas procurando o que comer, acho duas lanchonetes, não tão baratas quanto um Mc Dolnads mas bem mais barata que os restaurantes de luxo ali.

Peço meu lanche e como sentada, aproveitando meus últimos minutos, volto para o restaurante e cumpro o resto do meu horário, o dia passa rápido já que o movimento estava bom, meia noite e dez já estou no ônibus para chegar em casa.

Cansativo, mas é gostoso voltar a trabalhar, sentir que estou indo a algum lugar já é uma sensação mais que bem vida, o ponto de partida já foi dado, daqui a um mês ou até antes já começo a procurar minha casa.

Abro a porta com a chave reserva que Mê me deu, as exatas meia noite e trinta e cinco, ligo a luz da cozinha e preparo algo pra jantar, a fome me consome, pego pão, mortadela, tomate, ketchup e maionese, improviso dois sanduíches e devoro em poucos minutos.

Lavo a louça que sujei e vou para o quarto, pelo silêncio da casa Melinda já dormiu, então tento não fazer barulho, tomo um banho rápido e me deito, a dor no corpo após o relaxamento é gostosa, ela chama meu sono rápido e nem percebo quando apago.

(...)

Um mês depois

Hoje sai meu primeiro pagamento e nunca me senti tão merecedora desse dinheiro, esse mês foi totalmente dedicado a trabalhar, até hora extra fiz, na esperança de receber uma boa quantia, Emma e eu já olhamos uns apê, umas casas e quitinetes, estamos entre duas, mas enfim, com o dinheiro já podíamos escolher e nos mudar.

Ela me pediu pra avisar quando saísse meu pagamento, nesse fatídico dia ou seja hoje, ela disse que falaria com a Tia dela, a bendita conversa tão adiada por ela, logo Emma, a menina que não temia falar o que pensa na cara, muda quando está com a Tia, ela, como eu, diz que é gratidão, a tia dela pegou ela pra cuidar e depois de mais velha deu um emprego a ela, isso tudo ela sabe valorizar porém como tudo que passa nessa vida, a vontade de Emma morar com ela e trabalhar na loja passou.

Digito rapidamente na aba de conversa com ela e digo que já rolou, ela me mando um "Ok, vou falar", quando guardo meu celular no bolso do avental, Débora vem até mim, me entrega uma folha e uma caneta.

_Sua folha de pagamento, é pra assinar.
Leio a folha e sinto vontade de pular de alegria com a quantia que vejo ali, isso está mesmo certo?

_Uau, tem certeza que é a minha folha?
Pergunta desconfiada a Débora, mesmo vendo meu nome completo escrito nela.

_Sim Hadassa, é a sua folha, porque?
Assino com um sorriso de orelha a orelha.

_Nada, só que a quantia me surpreendeu.
Revelo a verdade.

_Cada centavo aí é mais do que merecido, você trabalhou perfeitamente esse mês.
Diz orgulhosa, devolvo o sorriso fácil e largo que ela sempre dá.

O salário é três vezes maior do que já recebi na minha vida, estou tão feliz, a esperança transborda no meu peito, vai dá tudo certo.

As horas passam rápido, faço meu trabalho com precisão e alegria, é muito fácil se dedicar quando é valorizada e eu sabia exatamente como era não ser. No meu intervalo vou pro lugar de sempre, peço meu lanche e sento em uma mesinha no canto do local, chamo Emma pelo WhatsApp...

Eu : Eai? Cê já falou?

Emma : Falei, ela até que levou numa boa, disse que já estava mais que na hora.

Eu : Que coisa boa amigaaaaaa, vamo alugar nossa casa, eai?, temos que decidir.

Emma : confesso que fiquei esperando o pior dela, mas...foi bem de boa.
Você sabe que eu sou apaixonada naquele apê aqui perto de casa né.

Eu : não tem problema morar perto da sua tia?

Pergunto mais sei que o problema está em mim e não na minha amiga, o apê ficava perigosamente perto da oficina de Ravi, por um lado posso dá umas escapadas com ele, mas lá no fundo sei que vai dá ruim.

Emma tem razão, o apê é top, todo do jeito que a gente queria, compacto e bem dividido, cada quarto com seu banheiro, um sonho.

Emma : você sabe que o problema não sou eu né, tu tá com medo de ser puxada feito um ímã para aquela oficina e parar direto no pau do gostoso.

Direta e sútil, muito Emma.

Eu : culpada 😅😛 fechou então, o apê perto da sua tia.

Volto para o serviço na hora exata, rapidamente da meia noite e corro pra casa, eu gosto do meu trabalho porém o que lasca é o horário, entro no ônibus cinco minutos depois, sento e relaxo em uma das cadeiras.

Amanhã é sábado, folga, já está marcado com as meninas, pegar o apê e comemorar essa nova fase.