Capítulo 24 - Deixando entrar

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Entro no apê escuro e seguro a mãe de Ravi, o guiando para meu quarto, o silêncio e a escuridão nos abraça e a cada passo sinto minha respiração pesar e o frio na barriga aumentar, o porque estar tão nervosa por estar prestes a mostrar meu quarto que só tem uma cama para o cara que me segue calado, eu não sei explicar.

Assim que entramos ele fecha a porta, toco o interruptor ligando a luz, vou até minha mala e perto dela tiro minhas sapatilhas as deixando ali, Ravi olha tudo ao redor, minha cama tinha uma colcha amarela que comprei no dia em que compramos a cama e minha mala estava aberta com algumas roupas espalhadas denunciando o quanto sou bagunceira. Quem se importa.

_Então aqui é sua casa.
Ele se aproxima.

_É, ainda tem muita coisa pra comprar mas com um tempo tudo vai se ajeitando.
Explico.

_Estou orgulhoso, sei que vai conseguir isso e muito mais.
Ele senta na beirada da cama, e começa a tirar os sapatos.

_Vou sim.
Afirmo enquanto assisto todos os seus movimentos.

O cara era uma bela visão, tento assimilar as coisas dentro de mim, levar a situação "sexo sem compromisso" na esportiva, eu já fiz isso muitas vezes, só que com ele o negócio é bem mais complicado, sinto que quanto mais próximo ele fica mais fácil é de me quebrar se resolver se afastar.

Mesmo com todas as dúvidas e contras não quero afasta-lo no momento, quero que ele fique, durma, converse comigo, fale sobre ele, quero nossa amizade, quero ele por inteiro. Com isso eu teria que entregar uma parte de mim a ele também, ai onde mora o medo.

E outra, nem sei se ele quer isso também.
Ela já tem a amiguinha dele e sexo com certeza não era difícil de ter.

_Então, você vai dormir aqui?
Me sinto tão confusa que não consigo frear a pergunta óbvia.

_Minha intenção não é dormir, mas com certeza vou passar a noite aqui, se me permitir é claro.
Ravi continua no mesmo lugar, não faz menção de se levantar.

Transar com esse cara com certeza foi uma das coisas mais deliciosas que já fiz na vida, mas no momento minha vontade era conversar, saber, ter pelo menos um terço do que tinha com ele no passado. Essa vontade me sufoca um pouco, talvez meu lado sensato esteja me enforcando.

_Você pode ficar.
Vou até minha mala e escolho um pijama._Vou só tomar um banho rápido.
Ele assente e vou para o banheiro.

Fico um pouco mais de tempo no chuveiro, tanto pra relaxar o corpo cansado como para acalmar o frio na barriga.

Calma garota, é o Ravi que está lá. Seu ex melhor amigo, atual sexo casual, não deve ser tão difícil.

Me seco e me visto com calma, olho meu reflexo no espelho, respira, inalo uma boa quantidade de ar, espira, solto tudo bem devagar, calma, falo sem som para mim mesma, faço um coque alto e escovo os dentes.

Vamos lá.

Saio do banheiro e ele não saiu do lugar que estava, vira a cabeça de lado esperando eu me aproximar.

_Entao, como foi o dia?
Tinha que começar por algum lugar.
Me aproximo e passo por ele estendendo a toalha na cabeceira da cama.

_Comum.
Sento ao seu lado, de frente pra ele. _e o seu?
Ele questiona.

_Foi meio que normal, tirando o fato de que Débora não estava sorrindo como sempre faz?
Ravi franze o cenho em um pedido de esclarecimento.

_Debora é uma amiga do trabalha, juro que desde que a conheci nunca a vi sem um sorrisao no rosto, está com problemas no casamento.
Concluo.

_Casamentos não são fáceis.
Ele comenta.

_Não, não são, e já faz oito anos tipo, muito tempo.
Abraço meu corpo quando sinto um friozinho chegar.

_Talvez seja só uma briga de casal, são normais.

_É, tomara que seja só isso.
Falo apreensiva pensando no que falei pra Débora, pedindo silenciosamente ao destino pra não ter acabado com o casamento alheio.

_Porque se afastou?
A pergunta me tira Débora totalmente da cabeça. Penso um pouco se respondo ou não.

_Sei lá, você parece não querer compromisso e já tem uma nova melhor amiga, parecia não ter lugar pra mim.

A minha resposta o faz refletir enquanto me encara.

_Estou falando no tempo do colegial.

Ficamos um tempo apenas nos olhando, peso minhas palavras antes de solta-las, já fazia quase dez anos, o que teria de mal?

_Acabei me apaixonando por você e meio que não sabia o que fazer com aquilo, eu era boba e queria o máximo que a vida podesse me dar, então vieram nossas primeiras vezes e...
Dou uma pausa pensando nas palavras certas. _eu meio que pesei se valeria a pena ou não e fiquei muito mais muito confusa, se afastar parecia a melhor coisa a se fazer.

Minha sinceridade não o afeta, continua me encarando com o rosto passivo.

_Eu era virgem Hadassa, nunca tinha comido ninguém na vida e você esperava que eu fosse um espert, pensei que fosse mais esperta.
Seu tom de zuera me deixa um pouquinho irritada.

_Seu beijo era bom, eu também era virgem, mas quando eu tirava a roupa a coisa desandava, era insegura, queria que eu pensasse o que?

Elevo umas das sobrancelhas o desafiando a ser honesto também.

_Que eu também podia estar inseguro e confuso? Não ser superficial ao ponto de decidir tudo por causa de uma primeira vez ruim.

Suas palavras acertam o lugar certo para me deixar um pouquinho puta da vida.

_ah claro ou talvez a garota não fosse tão bonita assim e não valesse o esforço não é?
O sarcasmo é evidente em minhas palavras.

Nunca falei isso em voz alto, no tempo em que nos envolvemos eu era toda insegura, não ajudou toda vez que eu tirava a roupa, o cara travava e depois broxava totalmente, quando finalmente ele conseguiu se manter, foi a coisa mais rápida do universo.

_Do que porra você está falando?
Agora ele estava puto.

_Você travava, ficava literalmente travado e não foi só na primeira vez, eu não conseguia nem te encarar para não ler a decepção na sua cara.

Do nada Ravi começa a rir, uma risada totalmente sem humor.

_Você é tão idiota.
O que? Minha cara fecha totalmente.

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