Capítulo 15 - Então, é isso

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Já pronta para me mudar para a casa de Melinda, ligo para o seu celular e tenho a confirmação que já está em casa, olho ao redor, quarto arrumado, tudo dentro da mala, o lugar me trazia lembranças intensas, me fazendo ter madrugadas difíceis tentando ignorar as sensações que me invadiam.

Se eu tinha dúvidas de que precisava fazer isso, caíram por terra hoje, aquela garota foi a prova do que eu tinha razão e decidi certo.
Pego a alça da mala pesada e coloco sobre os ombros, desço devagar as escadas, tomando cuidado pra não cair, se não era capaz de nunca mais levantar.

Já no último andar vejo Liam e Ravi, só tinha eles dois ali e por incrível que pareça, Ravi vem até mim e pega minha mala.

_Onde fica? Eu te levo.
Diz fitando meu rosto com atenção, o encaro de volta.

_Não precisa.
Digo e vejo uma pequena tempestade se formando em seus olhos.

_Porque tanto esforço pra me manter longe?
Sua pergunta me pega desprevenida, engulo em seco, ele parece não se referir apenas ao pedido pra me levar mas sim a tudo que já nos aconteceu.

_É melhor assim, mais seguro.
Digo por fim, depois de pensar em várias respostas.

_Sou perigoso pra você?
Sua voz é baixa, com um "q"de chateação e o outro de decepção?! Não sei dizer ao certo.

_Não. É complicado.
A vontade de me expor e parecer uma garota estúpida e apaixonada é Zero.

_Com certeza é.
Ravi desvia os olhos de mim e respira fundo, mas não se move. _Eu vou te levar e não adianta dizer que não.
Sai sem me dá direito de resposta.

Mais eu num tô dizendo...

_Não acredito que vou me livrar de você.
O tom brincalhão de Liam me provoca.

_Vai por mim, estou mais aliviada do que você.
Digo no mesmo tom.

Ele abre um sorriso lindo e me abraça.

_Ele é louco por você.
Liam fala baixo, perto do meu ouvido, enquanto ainda me abraça, seu tom não contém humor.

Não sei porque ele está me falando isso, pra me fazer ficar? Não respondo, o que eu poderia dizer? Eu nem fazia ideia de que ele sabia do que tinha entre nós, só se o próprio Ravi falou.

_Talvez ainda te veja nas boates da vida.
Falo quando me desprendo dele.

_Ai você me apresenta alguma amiga gostosa sua.
Diz e da uma piscadela.

_Vai sonhando.
Digo revirando os olhos.

Saio da oficina e ando até a moto, que já está com minha mala presa a ela e Ravi montado me esperando, o clima estranho entre nós não me empede de admirar por alguns segundos a visão que ele é ali, sentado na moto, grande, tatuado e insuportávelmente sexy, seus olhos passam pelo meu corpo na mesma análise, ignoro as reações e me aproximo, subo e coloco o capacete esperando ele sair.

_Para onde?
Ele pergunta baixo, ainda olhando pra frente.

_Ela disse que fica do lado do condomínio Vila Esperança, fica perto do shopping.
Ele confirma e coloca seu capacete, da partida na moto e arranca em alta velocidade como sempre.

Abraço seu corpo sentindo a firmeza dos músculos, deixo escapar um suspiro, seria um desperdício total não me deliciar mais com esse cara, ele é sem tirar nem por, meu fetiche sexual concretizado, vou me distanciar, arrumar a bagunça que tá a minha cabeça e depois já com o controle em mãos, ter uma horas com ele de novo.

Aquela noite merecia Bis, com toda a certeza.

Rápido demais pro meu gosto, ele para a moto em frente a um pequeno prédio de cinco andares, tira o capacete e espera eu descer. Tiro o capacete também e me seguro em seu ombro enquanto desço da moto alta, entrego o capacete a ele, que recebe e me olha nos olhos.

Tento ajeitar rapidamente meu cabelo em um coque enquanto penso no que dizer, mordo o lábio, escolhendo o caminho mais fácil.

_Obrigada pela ajuda...

Não termino a frase, sou puxada pra ele que enlaça minha cintura me prendendo, enquanto sua língua invade minha boca, o susto não me deixa protestar e depois só consigo corresponder, ele beijava bem pra caralho, como negar?!

Sem delicadeza sua boca tomava tudo de mim, em lentas e malditas carícias que podiam ser sentidas em outros lugares, ele fazia de propósito, precisamente como um cirurgião, me deixando puta da vida, porque meu tesão não ia ser saciado. Com raiva mordo sua língua e afasto minha boca dele.

_Não me deixe com tesão.
Digo irritada.

Com nossos rostos ainda perto, nos encaramos _Você não precisa passar vontade Hadassa.
Sua voz contém a rouquidão conhecida, denunciando seu estado.

Sua frase continha promessas, me instigando a não me distanciar e receber todas elas.

Porém

Eu não precisava passar vontade mas tenho certeza de que ele não passaria, meu cérebro faz questão de me lembrar a situação bosta que me fez antecipar minha saída de lá, odiava essa versão paranóica de mim mas ela não deixava de ter razão.

_Eu nunca passo.
Respondo, coloco a mão no seu peito e me desprendo do seu abraço.

Com uma cara de poucos amigos Ravi solta minha mala e a coloca no chão, coloca o capacete e liga o motor.

_Dessa vez não vai demorar mais dez anos.
Da partida na moto e arranca sem me dá direito a resposta de novo.

Como assim não levaria dez anos de novo? Pra nos vermos de novo? Isso eu tenho certeza que não, ainda pretendo me acabar naquele pedaço de ótimo caminho novamente, mas só quando meu foco for estabelecido.

Pego minha mala e entro no prédio, o único porteiro ali pergunta pra que apartamento eu vou, ele interfona Melinda que confirma estar me esperando, pego o elevador e desço no quarto andar.

Minha amiga me recebe com um abraço no momento em que ponho meus pés pra fora do elevador.

_Eai, conseguiu sair de lá inteira?
Ele pergunta enquanto andamos pelo corredor.

_Sai, mas foi por pouco.
Digo a verdade.

_Esse negócio de sentimentos eu passo, não existe troço mais complicado.
Melinda diz fazendo uma careta engraçada.

_Da pra encarar com a pessoa certa mas você tem que sair inteira e não só os pedaços, não adianta se destruir por outra pessoa.

Paramos em frente a porta que Melinda coloca a chave e abre, adentro o local e coloco minha mala no chão. O apartamento pequeno era bem a cara da mulher ao meu lado, tons de azul, cinza e marron escuros, é bem aconchegante e um pouco bagunçado, de imediato me sinto avontade.

_Ali é a cozinha.
Melinda aponta os cômodos com o dedo. _Ali a sala e lá nos fundos, os quartos.
Diz me levando até lá, aponta o da esquerda e abre a porta. _Esse quarto sempre ficou vazio, então não é nada de mais, fica avontade pra fazer a decoração ao seu gosto.
Melinda fala tudo já no meio do quarto.

O cômodo pequeno, continha uma cama, criado mudo, abajur e uma guarda roupa.

_É perfeito Mê, Obrigada.
Digo já sentando na cama.

_Okay, já apresentada aos seus aposentos, pode se arrumar, vamos já sair.
Melinda vai saindo do quarto quando pergunto.

_Como assim sair? Pra onde?
A mulher ergue uma das sobrancelhas questionando a seriedade da minha pergunta.

_O que mais seria? Dançar, beijar na boca, viver.
Ela sai do quarto sem ao menos ouvir minha resposta quando grita do corredor. _Cuida Hadassa.

Bufo derrotada, ela não tinha botão de desligar? São seis horas de uma noite de segunda, quem sai numa circunstância assim?

Uma pessoa louca ou seja Melinda.

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