Capítulo 36 - Use o que quiser

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_Muito bem.
Dandara abre sua pasta de desenho e espalha na mesa para que possamos ver. _A ideia inicial foi focar em saias tule certo? Mais andei pensando e desenhando também, porque não focarmos em tudo?

Olho os desenhos que tenho em mãos, um mais genial que o outro, são looks diversos, ousados, para todas as ocasiões.

_Mulheres grandes tendem a usar roupas que disfarçam seu tamanho, como se isso fosse de se envergonhar, que tal oferecermos roupas que mostrem sua beleza sem esconder quem realmente são?
Dandara continua e não consigo tirar os olhos dos papéis, assim como Melinda, Emma e Katrina.

_Apresento a vocês, a coleção de inauguração do ateliê Corpo G, Use o que quiser.
Ela conclui.

_É genial Dandara, simplesmente genial.
Katrina comenta abismado.

_Garota, como não te conheci antes?
Pergunto orgulhosa.

_Ja escolhi meus looks, amei sua ousadia, combina com a minha.
Melinda da uma piscadela abraçando os papéis.

_Arrasaremos, mas temos muito trabalho pela frente.
Emma afirma e todas nós concordamos.

(...)

Katrina levanta quando o homem de meia idade vestido de um jeito estiloso para em frente nossa mesa, em um restaurante de classe média da cidade.

_Boa tarde senhoras.
O homem nos cumprimenta e aperta a mão de Katrina.

_Cloves, boa tarde, apresento a você minhas sócias, Melinda, Dandara, Hadassa e Emma.

Ele acena antes de sentar.

_Então, você está com um negócio?
Clóvis pergunta a Katrina.

_Sim, um ateliê, voltado para o público plus size.
Explica. _Precisamos de investidores, achei que ficaria interessado.

O garçom vem e nos serve as bebidas, bebemos em silêncio até que o cara se pronuncia.

_Como me garante que terá futuro?
Ele pergunta.

_Porque vamos oferecer aquilo que a massa precisa, diversidade, conforto, ousadia e tudo isso em tamanhos que geralmente o mercado comum não tem.
Dandara explica. _Passamos por isso diariamente, existem sim tamanhos grandes porém falta diversidade.
Minha amiga conclui.

_E se chamarem a atenção do mercado? Como darão conta do recado? Li na proposta que fazem seus modelos do zero, é muito trabalho para cinco pessoas.

_Investidores, retorno de lucro, contrato de novas pessoas.
Katrina fala. _Tudo é questão de demanda, saberemos o que fazer.

Há certa irritabilidade no tom de Katrina, o homem querendo ou não está duvidando de nossas capacidades, podíamos estar no começo mas sabemos o que queremos e sabemos o que fazer.

_Espere nosso coquetel e veja o que temos a oferecer.
Digo ao homem que me encara por uns segundos.

_Certo, estarei lá.

(...)

A semana foi lotada de reunião com investidores, representantes de marcas, uns encontros no ateliê, outros em restaurantes, todos eles estariam no coquetel, queriam ver de perto o que estamos propondo nos contratos.

Se tudo der certo, teremos alguns bons investidores até o final da tão esperada noite.

Faremos um pequeno desfile, ao todo são vinte looks, sendo nós as modelos, todos tem seu "q" de ousadia para mostrar a todos o nosso diferencial.

A pequena fábrica do ateliê está funcionando a todo vapor, tentamos vim todos os dias, Dandara sempre está aqui, ela adianta bastante serviço, estamos investindo bastante na coleção, procurando fazer tudo de muita qualidade, temos que mostrar para que viemos e não estamos de brincadeira.

A maioria dos investidores não colocou muita fé, mas todos garantiram presença no inauguração.

Mas hoje era dia de estravazar, tanto trabalho nos últimos dias estava deixando todo mundo uma pilha de nervos então resolvemos sair para beber.

Rebolo meu corpo ao som da música sensual que preenche a boate, o cara que troco olhares faz alguns minutos se aproxima, o deixo pegar na minha cintura e gosto quando sinto a pegada boa, levo minha mão a sua nuca e começamos um dança sensual onde me esfrego descaradamente nele, ele morde meus lábios e inicia um beijo bom, seria ótimo beija-lo a noite inteira.

Quando chupo sua língua bem devagar o cara é empurrado para longe de mim, demoro um pouco pra assimilar a situação ao meu redor, a névoa de preliminar evapora dando lugar a pura raiva e frustração.

_O que porra você acha que está fazendo?
Grito para um Ravi visivelmente puta.

Ah, mais agora foi que deu, ele tá putinho?

Ele não me responde, chega perto o suficiente para prender meu braço enquanto me puxa para os fundos da boate.

Travo no lugar indignada com sua ousadia, puxo meu braço me livrando do seu aperto e quando ele se vira para me capturar novamente, acerto com toda a força que tenho, minha mão em sua cara. Seu rosto vira com a força do impacto e praguejo alto quando a ardor preenche minha palma.

_O que porra você acha que tá fazendo?
Repito a pergunta em um tom ameaçador.

Em seus olhos vejo a tempestade agitada, sua boca se abre testando a mandíbula enquanto chega bem perto, tão perto que se me mexer um milímetro encosto nele.

_Você vai vim comigo e ouvir o que tenho a dizer, agora.
Sua voz é rouca, seu tom é irredutível.

Isso me deixa mais furiosa ainda, já faz mais de um mês que peguei ele trancado na casa dele com a vadia lá, duas semanas que ele esteve em minha porta e só agora ele aparece, estragando a chance uma ótima transa e exigindo que eu vá com ele. É muita ilusão da parte dele achar que vou sair desta boate com ele. Nem fodendo.

_Vai se foder seu babaca, eu não vou a lugar nenhum com você.
Cuspo as palavras sem mascarar meu estado de espírito.

_Você vai, nem que eu tenha que te levar a força.

Solto uma gargalhada ao ouvir sua ameaça.

_É mesmo? Tenta a sorte.
Elevo umas das sobrancelhas o desafiando.

Grito todos os palavrões que conheço quando sou içada e colocada em seus ombros.

Eu vou matá-lo.

Não serei dona do meu negócio porque estarei presa.

Filho de uma puta.

Babaca.

Infeliz.

Ah, que ódio.

Sou colocada no chão, já fora da boate, próxima a sua moto.

_Você é um homem morto.
Grito e começo a esmurra-lo, extravazando um pouco do sentimento de ódio dentro de mim.

_Deixo você me matar depois que me ouvir.
Ele segura firme meus braços e amaldiçoou o fato dele ser mais forte.

_Posso fazer isso a noite toda, para de lutar e me ouça, não custa nada.
Sua voz é baixa, ele me encara intensamente.

_Custa mais do que imagina.
Desvio os olhos dele desistindo de lutar, ele sobe na moto ainda segurando levemente meu pulso, com receio de uma fuga.

Não fujo, subo na moto e me deixo ser levada, fazendo de tudo pra tocar minimamente nele, a missão é ouvir as desculpas que todo cara dá para traições, banhadas de arrependimento e promessas de mudanças.

A frieza me consome, posso ouvir e depois mada-lo para o inferno junto com aquela infeliz.

ELAS (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora