Acordo em um sobressalto. Outro pesadelo. Eu não os aguento mais, cada vez que acordo assim, me vem uma dor no peito, meu cérebro insiste em repassar os piores momentos, é uma tortura.
Minha coluna dói. Acabei pegando no sono junto com Matteo e dormindo sentada.
Ajeito-o na cama e o cubro novamente. Olho para o relógio em meu pulso, 04h00 da madrugada. Saio de fininho e fecho a porta com cuidado para não acordá-lo.
Desço as escadas até a sala. Assim que piso no último degrau, ouço um barulho. Alguém esbarrou na mesinha de centro e o vaso caiu no chão, suponho, pois está um breu total, mas é a única coisa que faria esse barulho. Coloco a mão no interruptor, já imaginando de quem se trata.
Dou de cara com sr. Otávio, segurando uma garrafa, com uma bebida que não identifico. Ele olha em minha direção.
— O que foi? Nunca me viu? O que você quer?— Ele pergunta, com grosseria. Seus olhos estão pegando fogo, não sei se pelo álcool, se está com sono, ou se estava chorando. Duvido que seja capaz de chorar.
Não julgue
— Perdão Senhor...— Balbucio, recolhendo os cacos do vaso, que graças a Deus é de porcelana. Levo-os até o lixo da cozinha.
Volto para a sala e olho novamente em sua direção. Está meio aéreo, fitando o nada. Sinto que a qualquer momento ele pode cair.
— O que foi, empregada? Perdeu alguma coisa em mim?— Ele pergunta, raivoso.
Respiro fundo.
— Senhor Otávio, senta aqui por favor.— Pego em seu braço e ele reluta. Com muito esforço, consigo sentá-lo no sofá. Tiro a garrafa de sua mão e coloco no pé da mesinha.
— Me deixe em paz! O que você quer?
— Eu quero te ajudar.
— Me ajudar? Eu não preciso da ajuda de alguém que não tem nem onde cair morta. — Será que nem assim, ele deixa de ser prepotente?
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Verdadeiro Amor
HumorMelina sabe que os planos de Deus são maiores que os dela e as dificuldades não são capazes de ofuscar o poder do Criador em sua vida. Otávio Montanari é um advogado renomado, tem um grande patrimônio líquido, uma casa enorme e todos os privilégios...