Melina sabe que os planos de Deus são maiores que os dela e as dificuldades não são capazes de ofuscar o poder do Criador em sua vida.
Otávio Montanari é um advogado renomado, tem um grande patrimônio líquido, uma casa enorme e todos os privilégios...
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Observo seu rosto. À luz da lua seus olhos parecem ganhar um tom acinzentado, nunca havia reparado. Continuamos nos encarando. Era para ser um momento desconfortável, mas Otávio tem um semblante suave, pela primeira vez.
— Eu posso te pedir uma coisa?— Ele pergunta. Assinto.
— Pode...
— Não vai embora da minha vida...— Pede, ajeitando meu cabelo atrás da orelha. Ele solta um longo suspiro e abaixa a cabeça.— Desculpa, eu não sei...
— Tudo bem, eu não vou.— Sorrio, abraçando-o.— Isso é uma promessa.— Junto meu dedinho com o seu.— Promessa de dedinho é promessa séria.— Ele ri.
Eu não consigo controlar o que sinto, por mais que não tenha certeza se deveria sentir isso. Hoje, quando Otávio me deu flores fiquei extremamente feliz, óbvio. Ganhar flores de quem gostamos é maravilhoso. Mas me lembrei de um sinal que pedi para Deus com vinte anos. Meu escolhido me daria uma simples pedrinha branca, e eu saberia quem era ele. Alguma coisa está fora do lugar. Talvez não seja Otávio, talvez seja mas o momento não é o certo. Meu Deus, eu não quero tomar decisões precipitadas. Além do mais, eu nem sei se ele gosta de mim...
Continuo abraçada à ele, até um barulho de buzina estridente nos assustar. Ouço o zumbido em meu ouvido depois do barulho alto.
— É, desculpa aí, foi mal, não queria assustar vocês...— O entregador desce da moto.— Entrega de tacos, certo?
— Certo.— Otávio não parece nervoso, apesar do inconveniente. Isso é bom... Normalmente ele ficaria de mal humor.— Quanto deu?— Pergunta. O entregador sequer ouve, pois me encara, com um sorriso no rosto. Otávio olha para mim e depois para ele.— Quanto deu?— Ele aumenta o tom de voz.
— Deu cento e trinta e cinco.— Ele diz ainda me encarando.
— Vai pegar o dinheiro ou não?— Otávio pergunta, nervoso.
—Ah sim... Aqui está, moça.— Ele vai me entrando duas sacolas, mas Otávio se intromete.
— Deixa que eu pego.— Ele quase engole o homem. Eu hein! Não entendo essa raiva repentina.
