Encaro o copo com o líquido amarelado à minha frente. Só de pensar que vai descer rasgando, cogito a possibilidade de desistir, mas preciso disso. No estado que estou, ainda é pouco...
Engulo a água com trinta gotas de dipirona. Ninguém merece, Jesus... Por que nessa casa não tem sequer um dipirona em comprimido?
Ouço o grito de Isabella, assim que pouso o copo de volta na bancada. Minha cabeça gira e o grito faz eco.
— Isabella. Olha pra mim. Para, para de gritar pelo amor de Deus!— Altero minha voz.
— Ai, pol que? Não posso mais bincar... Focê tá chata hoje!— Ela cruza os braços, emburrada.
— Eu estou com dor de cabeça. E você tem sorte de Otávio estar trabalhando agora, porque com os gritos que você dá, ele já teria aparecido aqui com certeza, te fazendo ficar pianinha.
— Tlambém, dois chatos juntos dá ceto mesmo. Pol isso são namorados.— Ela mostra a língua
— Vem cá. Por que você não foi pra escola hoje, ein?— Pergunto.
— Polque não tem água lá. Tchau. Vou bincar em oto lugar. Chata. Namorada do chato.— Estreito os olhos e ameaço ir atrás dela, só pra ficar em paz. O que funciona, porque ela sai correndo, rindo da minha cara.
Agora eu vi coisa. É cada desaforo!
Hoje não é o meu dia.
Pelo menos todos já tomaram café e eu não preciso me preocupar com isso.
Me arrasto até a sala e deito no sofá, tentando relaxar porque daqui a pouco já é hora de preparar o almoço.
Sinto alguém se aproximar.
— Isabella, sai daqui!— Já me adianto, antes que ela venha me encher o saco.
— Melina? Querida, você está bem?— Ouço a voz de sra. Andrea.
Me levanto bruscamente, morrendo de vergonha.
— Perdão. Eu pensei que fosse Isabella. Hoje eu não estou pra brincadeira e ela não entende isso.— Dou um riso nervoso.
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Verdadeiro Amor
HumorMelina sabe que os planos de Deus são maiores que os dela e as dificuldades não são capazes de ofuscar o poder do Criador em sua vida. Otávio Montanari é um advogado renomado, tem um grande patrimônio líquido, uma casa enorme e todos os privilégios...