Melina sabe que os planos de Deus são maiores que os dela e as dificuldades não são capazes de ofuscar o poder do Criador em sua vida.
Otávio Montanari é um advogado renomado, tem um grande patrimônio líquido, uma casa enorme e todos os privilégios...
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Observo-a tomar café. Matteo continua ao seu lado, mesmo já tendo terminado. Ele a olha com admiração, coisa que eu com toda certeza também estou fazendo. O que ela fez comigo?
- Eu preciso...- pigarreio- Preciso subir para o meu quarto. E... e depois eu aviso quando tivermos que ir- coço a cabeça e subo apressadamente as escadas, sem esperar resposta. Preciso fugir dos meus pensamentos. Tenho medo de sentir novamente. E ela faz isso, me faz ter boas emoções.
Sento-me na beirada da minha cama e respiro fundo. Observo os quadros de Victória. Ainda não consegui me desfazer deles, a lembrança dela ainda é muito viva em minha mente. Eu só queria me livrar desse fardo, me livrar do meu passado. Mas sei que isso não é possível.
Ouço batidas na porta.
- Senhor Otávio?- é a voz de Marta.
- Estou indo- respondo, andando em direção à porta. Não gosto que entrem nesse quarto, é um lugar muito particular, não sei explicar... É onde eu posso ser eu, onde guardo as fotos dela, um mundo só meu.- Pode falar- digo, fechando a porta atrás de mim.
- Eu já fiz a lista do mercado. Está tudo detalhado, para o senhor saber exatamente o que tem que comprar, e os tipos de tempero também...- ela diz.
- Obrigado. Mas acho que não vou precisar disso hoje - digo a última parte mais para mim mesmo.
- E, por quê?- ela pergunta, curiosa. Por que fui abrir a minha boca?
- Por nada. Já pode ir. Diga ao Rogério que sairemos em uma hora, por favor- digo, e ela reage estranhamente. Esse fuzuê todo pelo simples fato de eu ter aprendido a falar as "palavrinhas mágicas"? Eu sei que ninguém está entendendo nada, até porque eu não expliquei o que de fato está acontecendo, porque nem eu sei o que está acontecendo, e presumo que Melina, apesar de falar demais, não tenha contado nada, ainda...
Tomo um banho e escolho uma roupa. Por mais que não esteja indo trabalhar e sim à um mercado, não me sinto muito confortável em usar roupas normais. Me acostumei tanto com terno, que já se tornou quase parte de mim.
