Não posso perdê-la

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Como me comprometi, fui acompanhar Júlia ao velório. Roberto estava desolado por já ter perdido seu pai no ano anterior. O tal do Cesar não apareceu por lá e mesmo diante da dor daquelas pessoas, fiquei contente em não vê-lo.

Paula passou mal na hora do enterro e eu a levei juntamente com Júlia, para uma unidade de pronto atendimento próxima ao cemitério. Apenas lhe deram um calmante e a dispensaram. Roberto chegou quando estávamos saindo da UPA. Júlia o abraçou bem forte e se colocou à disposição para qualquer coisa que precisassem.

E isso realmente foi preciso. Antes das oito da noite, após ela terminar de preparar o jantar, seu telefone tocou e ela apenas me comunicou que iria para a casa dos amigos ficar com Enzo, pois a pressão da amiga subiu e ela ficaria em observação no hospital. Ofereci para levá-la, mas ela negou me respondendo serem coisas dela e que eu não precisava me importar. Claramente entendi que ela estava me pagando na mesma moeda e mesmo ficando puto. Me calei.
*
Depois de dias com ela se mantendo muito calada e passando a maioria das noites na casa dos amigos. Eu começei a pensar que posso estar perdendo-a.

Mada, não voltou ainda das férias, mesmo suas ferias tendo chegado ao fim. Sua filha teve complicações no parto e Mada optou por permanecer com ela. Me pediu três meses e eu liberei. Apenas por isso acho que Julia não sumiu de vez.

Quando ela volta comigo pra casa, trabalha tanto quando chega, que mal se deita e já dorme. Por esse mesmo motivo, hoje liguei para Mada é lhe pedi que me mande uma prima sua de confiança, para fazer uma rápida entrevista hoje à tarde na empresa. Sua função será lavar, passar, adiantar o jantar ou até mesmo deixá-lo pronto quando for necessário. Manterei a empresa que faz faxina a cada quinze dias.

Eu esperava uma jovem senhora e fui surpreendido por uma mulher, que deve ter no máximo 25 anos e longos cabelos loiros.

Raquel entrou em minha sala e sorriu bem à vontade me chamando pelo nome. Seu pequeno currículo pareceu ter tudo que fosse necessário para a simples função que teria em meu apartamento. Expliquei sua função e pedi que sempre deixa-se minha casa antes dás 17:00 horas. Combinamos dela começar na segunda e chamei Júlia para conhecê-la.

-Raquel, essa é Júlia. Júlia contratei Raquel para me ajudar lá em casa e assim te poupar um pouco de trabalho.

-Prazer Julia.

-Igualmente Raquel.

Ela disse apenas isso e saiu. Assim que Raquel deixou minha sala, interfonei pra Júlia, que não estava em sua mesa. Aguardei dez minutos e chamei novamente. Rafaela me atendeu e falou que Julia estava na copa, antes de acrescentar qualquer coisa, Júlia falou ao seu lado que já estava de volta.

Entrou em minha sala, com meu custumeiro cafezinho de encerramento de expediente. A pouco tempo descobri, que ela mesma preparava meu café.

-Obrigado Júlia. -ela pousa a pequena bandeja na mesa.

-Por nada. -responde contida.

-Está tudo bem? -pego a xícara e me levanto.

-Sim.

-Não está não. O que aconteceu? -solto à xícara e seguro seu rosto. Cada mão, em um lado de sua face. Seus olhos fogem dos meus -O que foi anjo?

-Nada Thomas. Vai precisar de mais alguma coisa? -se afasta de mim.

-Vou. Preciso saber o que aconteceu para você estar assim? -ela vai pra perto da janela, fica de costa pra mim e eu me encosto na mesa, cruzando os braços e esperando uma resposta. Ela suspira algumas vezes.

-Thomas. Acho que não estamos mais na mesma sincronia. -minha respiração ficou suspensa assim que entendi suas palavras.

-Por quê você pensa assim? -permaneço no mesmo lugar, me segurando pra não ir até ela.

MEU DESTINO🔞 Trilogia Baile De Máscaras 3Onde histórias criam vida. Descubra agora