capítulo 24

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Giovanni

Ela falava com a voz embargada, quase a ponto de desabar, e por um momento aquela mulher orgulhosa, confiante e cheia de si, some, dando lugar a uma mulher frágil e vulnerável.

—Eu sinto muito, eu não sabia.

Ela se vira para mim, e vejo dor estampada em seu olhar.

—O seu defeito Giovanni, é que você acha que o seu problema, é maior do que todos os outros, você se fecha no seu mundinho e não vê nada mais além dele, deveria olhar mais ao seu redor, tem problemas reais e graves, fora da sua bolha imaginária, mas não se preocupe, não precisa sentir muito e nem ficar me olhando com cara de dó, o que eu menos preciso no momento, é da sua pena.

—Eu não...

—Você sim, mas esquece tá, já passou, não tinha como você saber, foi a muito tempo, eu era jovem, ingênua e burra, isso nunca mais vai voltar a acontecer – ela limpa a única lágrima que havia escorrido por seu rosto, e então a mulher confiante, orgulhosa e cheia de si, aparece de novo — O que eu devo levar para Nápoles?

—Você ainda quer ir?

—Giovanni, o fato de eu ter desabafado com você, algo sobre meu passado, não muda nossos planos, vamos passar só o final de semana lá né?

—No domingo, haverá um almoço beneficente, em prol dos orfanatos e do lar dos idosos, e então voltamos no domingo a noite, tudo bem?

—Você em um almoço beneficente?

—Eu costumo frequentar esses lugares, ao contrário do que você pensa, não passo boa parte da minha vida no bordel ou traficando drogas.

—Você é o que mais contribuí para destruir vida de jovens, adultos e talvez até crianças, com suas drogas espalhadas pelo mundo todo, mas ajuda um orfanato, e um lar de idosos, é um cidadão exemplar, deveria ganhar uma medalha de honra, por isso.

—Tem que ter um equilíbrio.

—Você tá bem equilibrado, do mesmo jeito que você dá, você tira, você ajuda com dinheiro para manter a educação e alimentação dos jovens, mas ao mesmo tempo oferece drogas, alucinógenos, e mais um monte de coisas, que vai tirar eles do bom caminho, é o equilíbrio perfeito.

—Se não for por mim, será por outra pessoa, então dá na mesma.

—Como você é insensível.

—Faz parte da vida, Caterinna, uma hora ou outra, coisas como essa, vão aparecer no nosso caminho, só cabe a nós mesmo, decidirmos se queremos ou não, ninguém coloca uma arma na cabeça deles e os obriga a usar drogas, a escolha é deles.

—Você só facilita o caminho né!

—Como eu disse, faz parte da vida.

—Claro que faz, vou embora arrumar minhas coisas, te encontro na sua casa.

—Não se atrase.

—Se eu me atrasar, terá que esperar, é você que quer que eu vá.

Ela pega a bolsa e vai para a porta.

Algumas horas depois

Às 15:00 em ponto, Caterinna passava pelos portões, vou para o heliponto, o helicóptero já estava pronto para partirmos.

—Você foi pontual.

—É, as vezes eu costumo ser.

—Vai precisar de ajuda com suas coisas?

—Sim, eu preciso, tive que vir de Uber, já que meu carro está na oficina.

—Você tem dinheiro, por que não compra outro?

—Não é pra tanto, é coisa boba, e outra, não dá pra ficar trocando de carro, toda vez que ele quebrar algo né, além do mais, ele foi um presente do meu pai, tem um valor inestimável para mim.

—Se você diz, mas se tivesse falado, eu teria pedido para Dario ir buscá-la.

—Já estou aqui, agora vamos?

—Vamos, Dario vai pegar suas coisas.

Embarcamos no helicóptero.

—É você mesmo quem vai pilotar?

—Eu te disse que sim.

—Eu tinha esperança, que estivesse brincando.

—Não, eu não estava.

Logo Dario e Gianni também embarcam.

—É apenas um final de semana em Nápoles, por que trouxe coisas, como se fossemos passar um mês inteiro?

—Porque eu sou precavida, além do mais, iremos a uma festa, preciso ter várias opções de vestidos e de sapatos para escolher.

—E não poderia escolher apenas um, para trazê-lo?

—Não, não poderia, agora vai com essa coisa, antes que eu desista.

Mulheres, porque tão complicadas?

—Olha só, não consigo colocar esse cinto.

Ela estava literalmente brigando com o cinto.

Me inclino sobre ela, e a ajudo.

—Não é tão difícil, Caterinna.

—Sério, não brinca!

—Eu sei que sou muito atraente, mas não precisa tremer, só porque estou próximo de você.

—Ah me perdoe, é que não consigo resistir a todo esse charme!

—Eu sei que não, e então, pronta?

—Não!

—Então vamos lá, se segura.

Ligo o motor, a hélice começa a girar, e então início a subida.

—Deus, se eu morrer, receba minha alma!

Rio.

Ela agarra minha perna, bem próximo da minha virilha, e só aquele simples toque me excita.

—Oh, merda!

—O que foi, o que aconteceu, aí meu Deus, nós vamos morrer né, não quero nem olhar a altura que estamos, eu sabia que você não sabia pilotar.

Os meninos começam a rir.

—Fica tranquila Senhorita Bianco, o senhor Salvattore, é um excelente piloto!

Fala Dario.

—Não confio não, você tem licença para pilotar esse troço?

—O senhor Salvattore, era o melhor piloto de helicóptero do exército italiano senhorita, pode confiar.

Reforça Gianni.

—Ah, me sinto mais tranquila agora, peraí, você serviu ao exército?

—Três anos.

—Não brinca!

—É tão difícil de acreditar assim?

—Bom, considerando a vida que você leva agora, sim, é bem difícil de acreditar, pelo visto, você não seguiu nenhum dos princípios, que eles ensinam lá né!

—Não, não segui.

—Pelo menos, aprendeu a pilotar bem.

Mas que mulherzinha, ela te crítica, e ao mesmo tempo lança um elogio, como lidar com isso, como lidar com Caterinna Bianco?

—Como Gianni disse, eu era o melhor.

—Modéstia à parte né!

Rio.

Ela ainda não havia me soltado, estava realmente com medo, vou tentando tranquizá-la, logo ela tira a mão da minha perna, o que era um alívio, aos poucos ela vai ficando mais calma, e até se arrisca a olhar para baixo.

Meu Mafioso - Herdeiros Da Máfia (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora