capítulo 47

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Abro a porta como abri da outra vez e entro, fecho a porta e começo a vasculhar o escritório, não descubro nada fora do normal, eu estava a ponto de desistir, quando derrubo uma pequena estátua de cobre, que havia na mesa, ela cai no chão, e faz um barulho, era um barulho oco, como se houvesse algo lá embaixo, e não apenas concreto.

Pego a estátua, volto ela na mesa, puxo o tapete, que estava preso pelo sofá, e então a porta de um porão se revela, eu sabia que tinha algo fora do normal ali, meu instinto nunca falha.

Minha razão dizia para eu voltar tudo no lugar, sair dali, e esquecer aquilo, mas minha emoção, dizia para eu descer lá e ver o que tinha, e como sempre, eu apelo para o lado da emoção, abro a porta do porão, que estava trancada por um cadeado, não parecia tão escuro lá embaixo, mas vou me precaver, pego minha adaga, e acendo a lanterna do celular, desço as escadas, era frio lá embaixo, uma sensação de medo me toma, fico tentada a voltar para trás, mas a curiosidade fala mais alto.

Chego no final da escada, não era escuro, porque havia várias tochas acesas na parede, aquilo era como se fosse uma masmorra, dos tempos antigos, as tochas nas paredes, deixava mais parecido com uma masmorra, na verdade era uma masmorra, só que modificada.

Sigo andando, havia algumas salas, as portas estavam trancadas, mas havia um vidro, como uma janela e eu conseguia ver por elas, a maioria das salas estavam vazias, mas algumas, haviam algumas mesas, como em cassinos, Giovanni havia dito que tinha um cassino clandestino, mas isso era em Nápoles, será que ali, bem embaixo da casa dele, também operava um cassino clandestino?

Sigo olhando tudo, até que as salas acabam, algo me diz, para virar a direita, e algo me dizia para voltar lá para cima, mas novamente o instinto fala mais alto, viro a direita e então algumas celas, começam a se revelar, a primeira cela, havia muitos objetos, chego mais perto para ver melhor, e parecia ser objetos de tortura, meu Deus, porque diabos, Giovanni tem isso? O que será que era ali embaixo, ou ainda é, prefiro não ir mais além, posso descobrir coisas que não vou gostar, me viro para voltar pelo mesmo caminho que cheguei, quando ouço um barulho, meus sentidos ficam todos alertas.

Vai embora Cate, isso não foi nada, saí daí logo.

Meu subconsciente, praticamente gritava para eu sair dali, resolvo obedecê-lo, mas então ouço o barulho novamente, parecia de alguém gemendo de dor.

Droga, se Giovanni sonhar que estive aqui, ele vai me matar e com razão, já que me disse para ficar longe.

Sigo em direção ao barulho, e quando vou me aproximando, vai ficando mais alto, e aí que tenho a certeza, de que era alguém, gemendo de dor.

Me aproximo da cela, de onde vinha a voz, havia um homem lá, ele estava todo rasgado, ensanguentado, e gemia de dor, quase não dava para reconhecer, mas quando ele se vira para mim, quase tenho um ataque cardíaco.

Dios mio, Heitor Hernández!

Ele se assusta, afinal, cheguei sem nem fazer barulho, que horror, ele parecia ter sido torturado, e deixado para morrer, não é possível que Giovanni tenha feito isso, não, deve ter alguma explicação.

—Caterinna!

Dios mio, o...o que aconteceu com você, por que está aqui?

—Co...como entrou aqui?

—Primeiro me responda, o que aconteceu, quem fez isso com você?

—Gio... Giovanni!

—Na...não, impossível, im...possível, não foi Giovanni, você está enganado!

—Giovanni, não...não é o santo que você imagina Caterinna.

—Eu sei que ele não é santo, mas ele jamais faria isso a alguém, não, ele não faria!

Será que não mesmo, ou era eu que estava enganada a respeito dele?

—Tem muita coisa que – ele começa a tossir, e ele tossia e saia sangue – Que não sabe sobre ele!

—Eu conheço Giovanni, ele seria incapaz de fazer isso.

—Conhece ele a quanto tempo, cinco, seis meses, você só conhece, o que ele quer que conheça.

A mesma coisa que Giovanni me disse sobre Francis, será, será que iria começar tudo de novo?

—Im...possível, por que ele faria isso com você?

—Gio... Giovanni sabe que eu...eu estava passando as informações da empresa para Francis, e ele sabe que eu e mais alguns caras, ateamos fogo na fábrica de pólvora, a mando do Francis para incriminar seu pai.

—Eu sei, eu sei, mas isso não é motivo para torturar alguém, olha como você está, deixasse que a justiça cuidasse de vocês e...

—Eles são a justiça Caterinna, é assim que eles agem!

—Eles, eles quem?

—Como eu disse, tem muita coisa que não sabe sobre Giovanni.

—Eu vou...vou tirar você daqui!

Eu precisava tirar ele dali, ele morreria sem cuidados médicos.

—Ele vai me matar!

—Ele não vai te matar, eu não vou deixar isso acontecer, você precisa de cuidados médicos, ou então vai mesmo morrer aqui.

—Giovanni não vai deixar você me ajudar.

—Então hoje está com sorte, Giovanni está fora da cidade, viu onde deixam as chaves?

—A chave fica com ele, não tem como me tirar daqui.

—Tenho sim, e farei isso, não posso simplesmente ignorar você aqui e fingir que não sei de nada.

Pego minha adaga, e tento abrir o cadeado, era umas técnicas que o avô de Giovanni me ensinou, e agora eram muito úteis, logo consigo abrir, entro na cela, pego um pano que havia ali, molho com um pouco de água, e limpo o rosto dele, que estava cheio de sangue, meu coração se parte ao vê-lo daquele jeito, por mais grave que tenha sido o crime dele, ninguém tem o direito de tortura-lo.

—Eu sinto muito por isso!

—Você não tem culpa disso.

—Eu meio que sugeri ao Giovanni, para que obrigassemos um dos caras, a confessar que ateou fogo na fábrica de pólvora, a mando de Francis, mas eu não imaginava que ele iria torturar alguém, eu havia pensado que poderíamos subornar, não pensei que ele chegaria a esse ponto, eu sinto muito, sou a culpada por isso sim.

—Não, você não é, eu ganhei a confiança de Giovanni, para depois entregá-lo de bandeja ao Francis, isso iria acontecer, uma hora ou outra, é assim que funciona o mundo em que vivemos.

—Mas não tem que ser assim.

—Mas é, nem Francis, nem Giovanni merece ter você, você é boa demais para os dois, você deveria ficar longe, antes que se corrompa, com toda a sujeira que eles estão envolvidos, esquece essa vingança que tem contra Francis – paro o que eu estava fazendo e o encaro – É, eu sei, sei que só se aliou ao Giovanni para acabar com Francis, você não suporta a presença dele, e não se preocupe, ele não sabe, Francis é praticamente obcecado por você, ele não consegue enxergar a mulher que você se tornou, ele ainda está apegado a imagem da jovem, ingênua e inocente, por qual ele se apaixonou, tudo bem que você é uma ótima atriz, e finge muito bem quando está com ele, mas você não merece se corromper por uma vingança, que não vai te levar a lugar nenhum, olha só onde eu estou, quis comprar a briga do Francis, ganhar a confiança dele, e estou pagando caro por isso, e ele nem sequer se importa, deveria sair dessa, enquanto ainda é tempo, porque depois pode ser tarde demais!

Termino de limpar o rosto dele, o ajudo a se levantar, e saímos dali, sigo pelo caminho que cheguei, subimos as escadas e saímos do porão, fecho o porão, e quando me viro, meu coração quase sai pela boca.

—Mas que porra é essa?

—Giovanni!

Meu Mafioso - Herdeiros Da Máfia (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora