Capítulo 16. Engarrafamento

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Estava na agência, sentada à minha mesa, organizando algumas pastas sem ter o que fazer, pois não teríamos provas de modelos ou algo que pudesse requerer mais da equipe. Algumas pessoas estavam em um canto da sala, conversando e rindo alto, outros estavam perto da cafeteira e o Addy estava lá. Ele gesticulava e ria alto, do jeito espalhafatoso dele de ser.

Fiquei o observando, analisando o seu jeito e a sua aparência. Addy tem o rosto com traços masculinos, queixo quadrado, olhos castanhos e o cabelo preto ondulado e volumoso. Ele é muito bonito!

Quando ele foi trabalhar na agência, acharam que ele estava ali para fazer teste para modelo, mas ele queria mesmo era trabalhar com os modelos e os figurinos. Addy é do tipo de homem que não aparenta ser gay até ele abrir a boca e começar a falar todas as gírias e a gesticular. Era um desperdício toda aquela beleza e porte não estar no outro lado daquela profissão. Certeza de que ele conseguiria ótimas campanhas. Ao olhar para ele qualquer mulher preferiria se jogar de um penhasco a acreditar que ele era gay, e eu falo isso com convicção, pois eu fui uma delas. Quando ele chegou à agência e o vi, eu já estava bolando todos os esquemas para conquistá-lo, mas aí ele se apresentou e começou a falar, foi como um balde de água fria em cima de mim, porém no final ele acabou se tornando um ótimo amigo.

Nossas mesas ficam uma de frente para outra, desde dos tempos de estágio, e ele me fazia rir muito contando todas as suas histórias. Em uma delas, ele fingiu ser hétero para se aproximar de um rapaz que estava a fim. Claro que a história não acabou bem e, desde esse dia em diante ele nunca mais havia feito isso, mas não pude deixar de imaginar como ele seria hétero. O que eu tinha em mente era de um homem muito bem arrumado, elegante, com os cabelos penteados para trás e com uma postura de tirar qualquer mulher do sério. Não que ele não se arrumasse bem e não provocasse esse efeito nas mulheres que não o conheciam, mas as escolhas das peças de roupa sempre entregavam a sua orientação sexual e ele sempre usava o cabelo enrolado caído para frente em cima da testa.

— O que tanto você olha para o Addy? – perguntou uma voz conhecida, chegando ao meu lado e girei a cadeira em sua direção, me deparando com o sorriso e o olhar intrigante de Ana.

— Nada demais. Só estava avaliando o Addy – respondi com um leve riso, meneando a cabeça para a direção onde ele estava. Ela franziu o cenho. – Já se perguntou como seria se o Addy não fosse gay?

— Já. Seria uma guerra aqui na agência para saber quem o conquistaria – respondeu, se recostando na minha mesa. Eu concordei, rindo. – Me lembro de quando ele chegou aqui, eu me empolguei querendo fazer um monte de fotos dele. Fiquei frustrada quando ele se empolgou mais em arrumar os figurinos dos modelos. – Rimos. – Mas e aí? Tudo certo para hoje? – perguntou e eu assenti com um suspiro tenso. – Preocupada com alguma coisa?

Paparazzi?!

Ela riu de leve.

— Você ficou traumatizada.

— É, um pouco. É que essas revistas devem ter uma equipe de detetives ninjas – disse e Ana riu alto, fazendo Addy nos olhar, curioso, e vir até nós.

— O que houve? – perguntou ele. Ele tinha um radar para fofoca. – Qual é o babado?

— Nada, só a Mel com as piadinhas traumatizantes. – Ana riu, mas Addy não entendeu nada.

— Piada interna?

— Não, eu estava falando para Ana que as revistas devem ter equipes de detetives ninjas pra descobrir tudo sobre você em um dia.

— Ah, esse tipo de trauma. E eu achando que era babado – falou, desanimado.

— O seu radar está falhando.

Só Faltava V💋cê! - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora