Capítulo 27. Tudo Pode Acontecer Quando o Vento Sopra

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Estávamos há um tempo na estrada, indo para Laguna Beach, e eu olhava a paisagem pela janela com a cabeça recostada no encosto, refletindo sobre as mudanças que a minha vida estava tendo e que ainda teriam.

Estava um dia lindo. O céu estava com as cores de fim de tarde, com o horizonte alaranjado e sem nuvens. Os raios de sol, já enfraquecidos, atravessava o vidro do carro aquecendo a minha pele. Os dias ainda estavam quentes para um início de outono, mas estava ventando bastante, e à noite a temperatura caía.

Há uma lenda na Califórnia que diz que nessa época do ano, quando faz calor e o vento sopra forte, tudo pode acontecer. Esse vento forte é chamado de Santa Ana e, ao sair de casa, um vento forte me atingiu, fazendo o meu cabelo balançar fortemente, e eu proteger os olhos.

"Santa Ana está demais.", comentou Nick olhando para mim e eu assenti, com um leve sorriso.

Ali, olhando para ele ao meu lado, pensei nessa lenda querendo que tudo pudesse realmente mudar, como em um novo capítulo de um livro. Foi realmente assim que eu me senti, como quando as folhas de um livro aberto são atingidas pelo vento e param em um momento onde tudo muda na história. O problema era que eu não fazia ideia do que poderia acontecer quando as minhas páginas fossem viradas. Elas parariam em um momento bom, ou em um ruim?

Fui tirada do meu devaneio ao ouvir as primeiras notas de Sabotage do Beastie Boys ecoando no carro. Olhei surpresa para o aparelho, por essa música estar tocando na rádio, mas logo percebi que não se tratava disso, e sim, de um pen drive que estava conectado ao som.

— Esse pen drive é seu? – perguntei e ele assentiu, me perguntando o por quê da pergunta. – Por nada... É que eu adoro essa música.

Virei o rosto novamente para a janela e acompanhei a música em voz baixa. Nick começou a cantar junto e olhei para ele com sorriso leve.

— Agora, Mel, põe pra fora. – Ele me incentivou a cantar mais alto e cantamos o refrão juntos.

Músicas sempre me faziam esquecer os problemas, a relaxar ou extravasar o que quer que fosse que eu estivesse sentindo. Raiva, tristeza, alegria... Não importava o sentimento, a música sempre me ajudava.

Nós rimos quando a música terminou, mas eu imediatamente desfiz o riso ao ouvir os primeiros acordes de Smells Like Teen Spirits do Nirvana e, apesar de ser uma música que me fazia lembrar do 'P', eu não me importava. Eu adorava o Nirvana e não deixaria de ouvir as músicas da banda por me fazer lembrar dele.

— Ah, meu Deus! – exclamei, mais empolgada ainda do que a primeira música.

— Não vai me dizer que você gosta do Nirvana – falou surpreso.

— Quem não gosta? – respondi sorrindo e Nick me olhou com as sobrancelhas erguidas.

'Tá, mas essa todo mundo conhece.

— Verdade. Mas eu realmente gosto, a minha música favorita do Nirvana é Drain You – contei e ele me olhou, pasmado.

— Eu acho que acabei de me apaixonar – disse ele olhando para a estrada e eu ri achando graça, mas senti a era glacial na minha barriga. Eu sabia que ele estava brincando, mas pensar que ele poderia mesmo se apaixonar por mim, me fez flutuar. – Não acredito que você gosta do Nirvana.

— Por que não? – perguntei e ele deu de ombros.

— Não é que eu não acredite, eu só estou surpreso. Achava que você gostava mais de Pop.

Só Faltava V💋cê! - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora